

O Tesouro Direto atingiu um recorde ao alcançar, em dezembro de 2024, a marca de 3 milhões de investidores. O número representa um salto de 22% em relação aos 2,5 milhões registrados no mesmo período de 2023. Criado em 2002 pelo Tesouro Nacional em parceria com a B3, o programa permite que pessoas físicas comprem títulos públicos federais.
Para continuar expandindo a sua base de investidores, o Tesouro prepara novidades. Um dos planos para 2025 é lançar um novo site e aplicativo, que ofereçam um percurso de investimento mais intuitivo ao público. A medida ainda está em desenvolvimento, mas deve facilitar o processo de cadastro na plataforma.
“Sabemos que a informação precisa ser clara e objetiva, sem excessos ou omissões. Nossa plataforma já oferece muitos recursos, mas, dependendo do perfil do investidor, nem sempre atende às suas necessidades específicas”, disse Paulo Moreira Marques, coordenador-geral do programa Tesouro Direto, em entrevista ao E-Investidor.
Entre as novidades previstas para este ano, está o projeto de tornar o Tesouro Direto uma plataforma com operações 24 horas por dia, sete dias por semana. O plano está em desenvolvimento e ainda não há informações sobre quais títulos serão negociados nesse novo horário, nem sobre o funcionamento das taxas e preços.
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E-Investidor – O número de investidores no Tesouro Direto atingiu um recorde de 3 milhões. Como o programa pretende continuar expandindo sua base de investidores?
Paulo Moreira Marques – O nosso intuito agora é que as pessoas conheçam o Tesouro, não precisam necessariamente investir no programa, mas a questão fundamental é saber que ele existe.
Desde 2015, temos procurado alcançar uma comunicação mais próxima ao investidor, tentando entender suas dores e solucioná-las. Fizemos diferentes lançamentos, como o Tesouro Renda+ e o Educa+, por meio de consultorias para entender as necessidades das pessoas. Ampliamos a atuação nas redes sociais e, em 2024, mergulhamos na área de educação financeira, com a criação da Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira (OLITEF).
Isso explica muito o aumento dos investidores, principalmente no ano passado. A Selic influencia, mas não é decisiva, já que mesmo com juros altos em 2007 e 2008, durante a crise financeira, o número de investidores era menor.
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Quais são os maiores desafios para aumentar a quantidade de investidores do Tesouro Direto? O programa tem uma meta para o final de 2025?
Acho que o principal desafio é realmente chegar nas pessoas, porque temos recursos limitados. Por muito tempo, ficamos tímidos, mas agora estamos ambiciosos. Queremos atingir principalmente os mais jovens, que buscam informações nas redes sociais.
E sobre uma meta para 2025, é difícil dar um número, porque a ambição aumenta conforme os resultados aparecem. O nível de 3 milhões não estava pré-definido. A gente queria um resultado muito bom no ano passado e surpreendeu. Este ano tem tudo para surpreender de novo, mas é difícil gravar uma meta.
Desde novembro de 2024, o Tesouro Direto deixou de exigir um valor mínimo para investimento. Acredita que essa medida ajudou no aumento do número de investidores?
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Eu acho que tudo ajuda. Estamos agora atingindo os investidores que aplicam um valor menor. Cerca de 70% das operações do programa são abaixo de R$ 1 mil hoje. Deixar de exigir um limite mínimo de investimento contribuiu para isso, assim como desenvolver ferramentas para tornar as aplicações mais fáceis. Agora é possível investir no programa por meio do Pix, por exemplo. Também lançamos um gift card que permite presentear colegas e amigos com títulos públicos.
Quando você soma essas iniciativas, traz o resultado que a gente está vendo agora, mas é difícil individualizar qual ação foi mais importante. Ainda tem muita coisa para ser feita também. O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, tem nos provocado o tempo todo. Estamos querendo fazer um novo site e um novo aplicativo para o Tesouro.
A nova plataforma do Tesouro deve ser lançada ainda em 2025?
Sim. Foi um pedido do secretário, então ordens dadas são ordens cumpridas. Vamos precisar entregar neste ano. Nossa plataforma já oferece muitos recursos, mas ainda há desafios. O percurso do investimento não é trivial. Todo mundo quando fala de dinheiro fica com uma série de receios. Por curiosidade, em um experimento, filmamos usuários cadastrando-se em sites de parceiros e percebemos que, ao serem questionados sobre sua renda, muitos desistiam do processo por medo.
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Identificar esses fatores e tornar o acesso mais fácil é um desafio constante. Já reduzimos o tempo de cadastro médio na nossa plataforma de dez para cinco minutos e, com o novo site, queremos agilizar ainda mais esse processo e ampliar nossas parcerias.
Em 2023, o Tesouro lançou os títulos Renda+, voltado para o planejamento da aposentadoria, e Educa+, destinado aos jovens. Há planos para lançar novos títulos focados em públicos específicos?
Temos estudos internos para avaliar a necessidade. O Renda+ e o Educa+ já saíram como respostas a esses estudos. Tínhamos uma demanda muito grande por produtos voltados para a aposentadoria. Pais também pediam opções para planejar a vida e a educação financeira dos seus filhos. Então, estamos constantemente nos questionando se é preciso um novo título ou não. Mas, por enquanto, não temos nada novo em mente.
A modalidade mais procurada no Tesouro Direto tem sido o Tesouro Selic. Por que você acredita que os investidores preferem esse título em comparação aos demais?
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O Tesouro Selic traz bastante segurança. Nele, a marcação a mercado é quase inexistente. Então, para quem está começando, é a porta de entrada natural. Quanto mais a gente acessa uma parcela da sociedade que está disposta a investir com um valor menor, é natural que o Tesouro Selic seja o primeiro produto.
Antigamente, o título mais demandado era o Tesouro IPCA – uma opção voltada para o longo prazo, que sofre marcação a mercado e exige maior conhecimento do investidor. Isso reflete uma mudança no perfil do nosso público: antes, predominavam investidores mais experientes, agora, muitos são iniciantes.
A poupança é o investimento mais popular entre os brasileiros, mas tem uma rentabilidade inferior à dos títulos do Tesouro. O que o programa planeja fazer para se mostrar como opção acessível e rentável?
O nosso objetivo não é competir com a poupança. A poupança tem o seu papel também. O nosso intuito é que as pessoas conheçam o Tesouro Direto como conhecem a poupança, para que possam se adequar e realizar as suas escolhas de acordo com os respectivos objetivos para os quais elas estão investindo.
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O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, anunciou no final de fevereiro que o Tesouro Direto deve começar a operar 24h por dia, sete dias por semana. Quais são as vantagens dessa novidade para os investidores de renda fixa?
Muitas pessoas trabalham até 18h diariamente e têm vontade de realizar um investimento depois desse horário. Hoje isso é difícil, porque, mesmo que o investidor realize o agendamento, ele não vai saber qual será a taxa que será aplicada. Ele só terá conhecimento disso no dia seguinte, quando o mercado abrir.
A novidade do Tesouro Direto trará mais facilidade, embora não necessariamente será aplicada para todos os produtos do programa. Ainda não definimos o modelo das operações 24h, mas o projeto avança e será lançado em 2025. O que eu posso garantir é que tudo continuará sendo feito com total transparência em relação às taxas oferecidas nos títulos.