

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (26) a imposição de tarifas de 25% sobre importações de todos os automóveis não fabricados no país. A taxa entrará em vigor em 3 de abril e será aplicada a veículos de passeio importados (sedãs, utilitários esportivos, crossovers, minivans, vans de carga) e caminhões leves. Peças automotivas, como motores e componentes elétricos, também devem sofrer com as tarifas.
Ações de montadoras ao redor do mundo caíram nesta quinta-feira (27) repercutindo o anúncio. Quem saiu ilesa das perdas foi a Tesla (TSLA), que fabrica seus carros nos Estados Unidos, nos estados de Califórnia e Texas.
Entre as empresas brasileiras do setor, analistas da Ágora Investimentos e do Bradesco BBI explicam que a Tupy (TUPY3) pode ser a mais impactada, enquanto a Iochpe-Maxion (MYPK3) parece estar protegida, pois a lista de autopeças impactadas pela nova tarifa de importação não será aplicada a rodas e a produtos estruturais fabricados pela empresa no México.
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“As tarifas podem, no entanto, levar montadoras mexicanas a repassar isso nos preços e potencialmente afetar a demanda. As importações de carros do México representam de 15% a 20% das vendas totais nos Estados Unidos”, afirmam os analistas Victor Mizusaki, do BBI, e Renato Chanes, da Ágora.
Quanto à Mahle Metal Leve (LEVE3), os especialistas acreditam que a companhia pode perder competitividade para exportar componentes de motores a combustão para os Estados Unidos, que representaram 10% das vendas de 2024. As casas têm recomendação de venda para a empresa com preço-alvo de R$ 17.
Já Tupy e Randoncorp (RAPT4) podem ter algum impacto devido ao conteúdo não americano. Os analistas explicam que blocos de motor produzidos no México são exportados principalmente para os Estados Unidos, sendo que componentes de motor e trem de força representam quase 66% das receitas da Kuo Refacciones, que pertence à Randoncorp.
“Embora a Kuo Refacciones esteja focada principalmente no mercado de reposição doméstico mexicano, acreditamos que há um risco de que as tarifas possam aumentar a oferta doméstica no México e potencialmente afetar os preços”, afirmam.
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Para a Marcopolo (POMO4), as casas mantém recomendação de compra a preço-alvo de R$ 10 e projetam um impacto neutro, dado o foco da empresa no mercado brasileiro.
“Mantemos nossa preferência pelas ações da Iochpe-Maxion. Além disso, a tarifa imposta confirmou nossa visão de que a Tupy foi a empresa mais afetada, enquanto o impacto menor do que o esperado para a Iochpe-Maxion foi uma surpresa positiva”, concluem os analistas.
Para MYPK3 e RAPT4, as casas têm recomendações de compra com preços-alvo de R$ 17 e R$ 16, respectivamente. A Tupy, por sua vez, conta com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 27 pela Ágora e BBI.