

O Ibovespa hoje fechou em alta, recuperando o nível dos 127 mil pontos, após o governo americano pausar as tarifas recíprocas de 90 dias, exceto para a China. A principal referência da B3 encerrou em valorização de 3,12%, aos 127.790,94 pontos, com nenhuma ação em queda.
As atenções do mercado estiveram voltadas principalmente para os desdobramentos da guerra comercial, além da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e dados do varejo no Brasil.
Nesta manhã, a China elevou a tributação para importações dos Estados Unidos de 34% para 84%, em nova retaliação. As chamadas tarifas “recíprocas” dos EUA a importações globais entraram em vigor hoje, incluindo uma massiva tarifação de 104% a produtos da gigante asiática.
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Como resposta, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que aumentará a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos para 125%, com vigência imediata. O republicano também declarou uma pausa de 90 dias para os países que não retaliaram os EUA.
Em nota, o Ministério das Finanças da China classificou o aumento das alíquotas pelos americanos como “um erro em cima de outro” e alegou que as taxas prejudicam o sistema comercial multilateral, além de impactar a estabilidade da ordem econômica global.
Os países membros da União Europeia também deram aval a uma resposta ao tarifaço de Trump. Os 27 membros do bloco aprovaram uma lista de produtos americanos que estarão sujeitos a tarifas, que podem ser cobradas a partir de 15 de abril. As série de produtos inclui soja, suco de laranja, carne e motocicletas.
O petróleo inverteu sinal e fechou em alta após o presidente dos EUA anunciar a pausa nas tarifas recíprocas. Já o contrato mais negociado do minério de ferro fechou em queda de 2,68% na China.
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Quem liderou as altas do índice foram os ativos do GPA (PCAR3), que dispararam 18,89%. Para o sócio da L4 Capital, Hugo Queiroz, o papel segue em dinâmica positiva com o mercado precificando o “efeito de governança” da empresa, com possível entrada do empresário Nelson Tanure.
Ibovespa hoje: os principais destaques desta quarta-feira
Bolsas internacionais ficam de olho nas tarifas recíprocas de Trump
A quarta-feira foi de aversão nas Bolsas europeias, mas NY apresentou um movimento de recuperação, com os principais índices fechando no campo positivo. As atenções estiveram voltadas para a guerra comercial, especialmente entre Washington e Pequim. O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou ontem esperar chegar eventualmente a um acordo com os chineses. Trump também prometeu anunciar “muito em breve” a tarifação de produtos farmacêuticos fabricados no exterior, com a intenção de atrair os laboratórios para o território americano.
Na Ásia, as Bolsas chinesas ficaram sem direção única. Os principais líderes da China estão buscando estreitar laços com os países asiáticos vizinhos. No radar está o fato de que as recentes tarifas impostas pelos EUA a outros países abriram um ponto de atrito entre o bilionário Elon Musk e o governo Trump. O presidente americano disse ontem que o país está arrecadando US$ 2 bilhões por dia com tarifas comerciais.
Resultado das vendas no varejo
As vendas do comércio varejista subiram 0,5% em fevereiro ante janeiro, na série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio abaixo da mediana das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que apontava alta de 0,8%. O intervalo das previsões ia desde uma queda de 1,2% a uma alta de 2,2%.
Na comparação com fevereiro de 2024, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 1,5% em fevereiro de 2025. Nesse confronto, as projeções iam de uma queda de 2,1% a avanço de 2,6%, com mediana positiva de 1,6%.
Alberto Ramos, diretor de Pesquisa Econômica para a América Latina do Goldman Sachs, afirmou em nota que no futuro a atividade varejista brasileira “deve se beneficiar das transferências fiscais federais para famílias de baixa renda com alta propensão ao consumo, expansão da renda real disponível para pessoas dentro ou fora do mercado de trabalho e novos programas de empréstimos garantidos pela folha de pagamento; mitigados por condições monetárias e financeiras domésticas mais restritivas, altos níveis de endividamento das famílias e baixos níveis de ociosidade econômica”.
Ata do Fed
Investidores do Ibovespa hoje também acompanharam a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed). No documento, os dirigentes do banco central esperavam a inflação mais alta neste ano devido às tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Assim, os membros do comitê consideraram apropriado manter as taxas de juros inalteradas em janeiro, em função também da elevada incerteza em relação às perspectivas econômicas. Segundo a ata, quase todos os dirigentes consideraram risco inclinado para cima de inflação, com medidas de curto prazo aumentando em meio a desdobramentos relacionados ao comércio. As expectativas de inflação, contudo, permaneceram bem ancoradas.
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*Com informações de Thais Porsch, Isabella Vellani, Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast