

A agenda econômica desta quinta-feira (10) traz o índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos, em meio a um relativo alívio global com a suspensão temporária das tarifas recíprocas pelos EUA — à exceção da China — o que ameniza os temores de recessão americana. Comentários de cinco dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) também devem guiar as expectativas sobre inflação, economia e taxas de juros no país no mercado financeiro hoje.
No Brasil, a agenda econômica hoje traz os dados de serviços em fevereiro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa de reunião extraordinária do Conselho de Itaipu. O Tesouro faz leilões de venda de títulos prefixados Letras do Tesouro Nacional (LTN, títulos prefixados) e Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F, título de renda fixa).
No exterior, há também os pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA. Os cinco dirigentes do Federal Reserve que participam de eventos hoje são: Lorie Logan, de Dallas; Jeffrey Schmid, de Kansas City; Austan Goolsbee, de Chicago; e Patrick Harker, da Filadélfia. Já a diretora do Fed, Michelle Bowman, participa de audiência em comissão do Senado, após ser nomeada para vice-presidente de supervisão do Conselho de governadores do Fed por Donald Trump. No Reino Unido, a dirigente do Banco da Inglaterra (BoE), Sarah Breeden, participa de evento.
Mercado financeiro hoje: assuntos para ter no radar nesta quinta
Como as Bolsas internacionais hoje reagem à pausa nas tarifas?
As Bolsas asiáticas fecharam em alta após os EUA suspenderem, por 90 dias, tarifas recíprocas acima de 10% para países que não retaliaram — beneficiando especialmente Japão (antes sobretaxado em 24%) e União Europeia (20%).
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A China, no entanto, teve suas tarifas elevadas para 125%. Em resposta, Pequim discute novos estímulos econômicos em meio a um cenário de deflação e busca estreitar laços com a União Europeia.
Enquanto isso, o presidente americano, Donald Trump, indicou uma possível trégua na guerra comercial, dizendo esperar um telefonema de Xi Jinping e descartando novos aumentos tarifários.
Na véspera, Trump sinalizou que “um acordo será feito com a China e com todos os países”. No entanto, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse que esses acordos não acontecerão imediatamente.
As Bolsas europeias exibem altas de até 6%, mas os índices futuros em Nova York recuam, assim como os retornos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) e o dólar hoje frente aos seus pares principais, em meio às incertezas econômicas e ao compasso de espera pela inflação dos EUA — que pode refletir os primeiros efeitos das tarifas.
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O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que as tarifas podem enfraquecer o mercado de trabalho e aumentar a inflação, mas que a barra para cortes de juros pelo Fed “continua alta”.
Commodities: petróleo recua, minério sobe
O petróleo opera em queda, recuando 2,5% nas mínimas, depois de saltarem mais de 4% na véspera em reação à decisão dos EUA de suspender a maioria tarifas “recíprocas”. Às 8h10, o barril do petróleo WTI para maio caía 1,44%, enquanto o do Brent para junho recuava 1,45%.
Como os EUA também elevaram as tarifas para a China, de 104% para 125%, o ambiente comercial segue dominado por incertezas. Por lá, o minério de ferro fechou em alta de 3,06%, cotado a 707 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 96,19.
Com o efeito das commodities hoje, os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) subiam 0,23% no pré-mercado de Nova York, por volta das 8h13 (de Brasília). Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) recuavam 0,88% no mesmo horário.
Como fica o Ibovespa hoje com a “trégua” nas tarifas?
Os sinais negativos em Nova York e a queda do petróleo devem pesar sobre o Ibovespa hoje. A queda dos retornos dos Treasuries pode afetar a curva de juros local, enquanto a alta do dólar frente a moedas emergentes tende a pressionar o real.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não há “medida prática” contra os EUA, pois o Brasil adotará a “reciprocidade” e pretende negociar com os americanos.
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Para o volume de serviços no Brasil, a ser divulgado no mercado financeiro hoje, espera-se estabilidade em fevereiro, após três quedas seguidas e um recuo de 0,2% em janeiro. Na comparação anual, é aguardada uma alta de 3,3%, acelerando frente ao avanço de 1,6% registrado anteriormente.
* Com informações do Broadcast