

A Genial acredita que os números do primeiro trimestre de 2025 da Vale (VALE3) sejam marcados por um ambiente desafiador, com destaque para o impacto das chuvas intensas nas operações do Sistema Norte, o que afetou negativamente os volumes de produção, especialmente no minério de ferro e pelotas. A companhia divulga seus números operacionais na próxima terça-feira (15).
“Ainda assim, cremos que a companhia conseguiu sustentar um patamar saudável de vendas de finos de minério de ferro, apoiado no uso estratégico de estoques acumulados em 2024”, escrevem os analistas Lucas Guedes, Luca Vello e Iago Souza.
A casa projeta, entre outras coisas, que a produção de finos de minério atinja 69,4Mt, com queda de 18,7% frente ao trimestre anterior e de 2,1% em relação ao mesmo período de 2024, refletindo o forte impacto das chuvas no início do ano. “A comparação anual reforça esse contraste, dado que o primeiro trimestre de 2024 foi marcado por um regime de chuvas atipicamente brando. Além disso, o bloqueio da ferrovia EFC por protestos indígenas ao longo de 5 dias representou um desafio adicional”, dizem os analistas. Ainda que a paralisação não tenha sido material em termos de impacto direto, considerando que parte da produção foi mantida via estoques, o evento reforça o ambiente operacional mais desafiador do trimestre. Os embarques de finos de minério de ferro devem ficar em 52,8Mt, com queda de 24,5% na comparação trimestral e alta de 0,5% na comparação anual.
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A projeção de produção de pelotas é de 8,2Mt (-10,6% t/t; -3,2% a/a), enquanto as vendas de pelotas, por sua vez, devem totalizar 8,8Mt Genial Est. (-12,7% t/t; -4,7% a/a), com retração nas duas bases de comparação. O desempenho mais fraco deve ser explicado pela ausência de estoques acumulados ao longo de 2024, o que impede a companhia de amortecer choques de produção no curto prazo. Ademais, historicamente a Vale adota uma abordagem cautelosa quanto à comercialização de pelotas no início do ano, lembra a Genial.
A projeção da casa para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado do trimestre é de US$ 2,8 bilhões, com queda de 25,7%, na comparação trimestral e de 17,3% sobre o mesmo período de 2024, com margem de 34,8%.
EUA x China
Sobre a disputa comercial entre China e EUA, a casa entende que a intensificação do conflito tem potencial para reverberar sobre cadeias de suprimento. “Nesse momento ainda é difícil mensurar impactos, mas ficamos com a impressão de que o comércio se torna inviável para China e EUA nesses patamares de tarifa. Entendemos que a alternativa factível é uma negociação, embora o grau aplicado de tarifas pode ampliar a animosidade do governo chinês”, avaliam Guedes, Vello e Souza.