

As ações da Usiminas (USIM5) passam por forte volatilidade no pregão desta quinta-feira (24) com os investidores divididos entre a alta do endividamento da empresa e a disparada do lucro líquido em relação ao ano anterior. A companhia divulgou os números na manhã desta quinta e também alertou os investidores de que o cenário é desafiador e incerto, principalmente pela alta de importações de aço. Para analistas do mercado financeiro, a empresa deve seguir em trajetória de recuperação, mas ainda preferem manter a cautela com o papel.
A Usiminas reportou lucro líquido de R$ 336,9 milhões no primeiro trimestre de 2025, salto de 845% na comparação com o primeiro trimestre de 2024. O número ficou 60,4% acima do consenso estimado pelo BTG Pactual, que esperava um lucro líquido de R$ 210 milhões no período. A ação da companhia chegou a afundar 7,05%, a R$ 5,67 na mínima do pregão. No fechamento, as ações da Usiminas caíram 4,28%, a R$ 5,81.
A XP Investimentos observa que o lucro da Usiminas foi sólido entre janeiro a março de 2025. Os analistas comentam que o Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda) ajustado da siderúrgica ficou 11% acima do esperado pela corretora, reflexo dos preços ligeiramente mais altos e custos mais baixos na divisão de Aço.
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“A companhia também apresentou uma indicação favorável para a divisão de Aço no segundo trimestre de 2025, refletindo o Custo de Produtos Vendidos (CPV) por tonelada sequencialmente menor, seguindo as iniciativas de ganhos de eficiência, com volumes de vendas e preços estáveis na comparação trimestral”, dizem Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano, que assinam o relatório da XP.
Os analistas do Santander também consideram bons os resultados da Usiminas. Explicam que os preços médios realizados atingiram R$ 413 por tonelada, aumentando quase 20% em relação ao trimestre anterior, devido à redução de descontos na venda de produtos e à maior participação das exportações.
“Como resultado, a receita atingiu R$ 917 milhões, aumentando 20% em relação ao quarto trimestre de 2024. Vemos esses resultados como positivos, dado o sólido Ebitda e a boa perspectiva, em nossa visão, para o segundo trimestre de 2025”, dizem Yuri Pereira, Giovana Langanke e Laura Zioli, que assinam o relatório do Santander.
Balanço da Usiminas: o que preocupa o mercado?
Ainda que o resultado tenha sido positivo, a própria empresa prevê algumas pedras no caminho ao longo deste ano. Para a segunda metade de 2025, a companhia fala em um cenário desafiador e incerto, principalmente devido aos altos volumes de importação de aço em condições de competição desleal, nas palavras da administração.
O contexto mencionado pela empresa é o de taxa de juros atual em níveis elevados e as incertezas no comércio internacional. “A falta de aplicação de medidas eficazes para criar condições justas de concorrência, ante a forte presença de importações subsidiadas, é a principal ameaça para a sustentabilidade do setor siderúrgico brasileiro e sua cadeia de valor”, afirma a administração.
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Para Mary Silva, analista do BB Investimentos, o resultado da Usiminas no primeiro trimestre de 2025 mostrou continuidade da recuperação na rentabilidade operacional, tanto no segmento de siderurgia como na mineração. Ela diz que, apesar das perspectivas de estabilidade para os segmentos de siderurgia e mineração para o curto prazo compartilhadas pela companhia, os desafios sobre o endividamento da companhia persistem.
“Notamos um novo incremento relevante na dívida líquida da Usiminas (+46% na comparação trimestral) que encerrou o primeiro trimestre de 2025 em R$ 1,4 bilhão (ante R$ 937 milhões no quarto trimestre de 2024), explicado principalmente pelo aumento de R$ 778 milhões no capital de giro no período, que levou a um fluxo de caixa livre negativo no período”, diz Mary Silva.
É hora de comprar as ações da Usiminas?
Ou seja, além da previsão pessimista da própria empresa, o mercado se preocupa com a alta do endividamento. Por causa dessa preocupação com o futuro, mesmo que a empresa tenha apresentado um bom resultado, os analistas preferem ficar de fora do ativo. A XP Investimentos tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 10 para o fim de 2025, uma possível alta de 64,7% na comparação com o fechamento de quarta-feira (23), quando a ação encerrou o pregão a R$ 6,07.
O Santander tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 7,50, um crescimento de 23,55% em relação ao último fechamento. O BB Investimentos também tem recomendação neutra. O preço-alvo para a Usiminas (USIM5) é de R$ 8,70, avanço de 43,32% na comparação com o fechamento de quarta-feira (23).