

As bolsas de Nova York fecharam em alta nesta quinta-feira (24), marcando a terceira sessão consecutiva de ganhos. O rali foi impulsionado por fortes altas nas gigantes da tecnologia, enquanto investidores permanecem atentos a possíveis sinais de avanço nas negociações comerciais globais. Os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) e o dólar, contudo, registraram perdas.
O Dow Jones subiu 1,23%, alcançando 40.093,40 pontos; o S&P 500 avançou 2,03%, indo para 5.484,77 pontos; e o Nasdaq teve alta de 2,74%, chegando a 17.166,04 pontos. Os dados são preliminares.
As ações da Nvidia, Meta, Amazon, Tesla e Microsoft subiram mais de 2% cada, impulsionando o sentimento positivo no mercado. O CEO da Nvidia, Jensen Huang, visitou Pequim nesta quinta-feira após novas restrições dos EUA às vendas da companhia na China, informou o Financial Times.
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O bom humor foi reforçado por resultados corporativos acima das expectativas. A ServiceNow saltou quase 15% após divulgar resultados superiores ao esperado. A Hasbro subiu 14,6% após a companhia de brinquedos surpreender o mercado com seu balanço e a Texas Instruments teve alta de quase 6% após superar as projeções. A Newmont também subiu (4,8%), com resultados melhores do que o esperado. Já a Palantir avançou 6,9%, impulsionada pela ampliação de sua parceria com a Alphabet, dona do Google.
No entanto, a Fiserv caiu 18,5% após a empresa divulgar uma projeção de lucro para 2025 abaixo das expectativas. A IBM também recuou quase 6,6% após a divulgação de seus resultados.
Apesar da falta de avanços concretos nas negociações entre EUA e China, o analista da Baird, Ross Mayfield, mostrou cautela diante do rali desta quinta-feira. “Não confio nesse movimento”, afirmou. Segundo ele, a sinalização da China de que não há conversas em curso pesa mais do que o discurso conciliador dos EUA. “Talvez o mercado esteja apenas se agarrando à ideia de que o governo americano ainda quer um acordo – e não uma escalada tarifária insana. Pode ser só um reflexo do otimismo de ontem”.
No campo dos indicadores norte-americanos, os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA subiram para 222 mil na última semana, enquanto as encomendas de bens duráveis avançaram bem acima do esperado. Já as vendas de moradias usadas recuaram mais do que o previsto.
Juros dos EUA caem
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos caíram nesta quinta-feira, após rodada de dados divergentes da economia americana dar suporte às expectativas de manutenção das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em maio. Por volta das 17h (horário de Brasília), o juro da T-note de 2 anos caía a 3,787%. O rendimento da T-note de 10 anos recuava para 4,307%, enquanto o T-Bond de 30 anos recuava a 4,769%.
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Os pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA subiram acima do esperado. As vendas de moradias tiveram queda mais pronunciada do que a previsão. Por outro lado, as encomendas de bens duráveis à indústria americana aumentaram acima do consenso, principalmente devido a aeronaves e peças não relacionadas à defesa. Apesar de terem alterado a trajetória dos Treasuries na manhã desta quinta-feira, os dados não devem mudar as expectativas de manutenção das taxas de juros pelo Fed no próximo mês.
Em entrevista à Bloomberg TV nesta quinta-feira, o diretor do Fed Christopher Waller disse que não é provável que haja impactos tarifários claros nos dados da economia americana até 1º de julho e acredita “fortemente que as tarifas terão um efeito único pontual no nível de preços”. Os desdobramentos da política tarifária do governo Donald Trump seguem no radar dos investidores.
Nesta quinta-feira, a China negou que esteja envolvida em negociações com a Casa Branca, classificando as notícias sobre possíveis avanços nas relações comerciais com os EUA como “fake news”. Já o presidente Donald Trump citou que teve reunião com representantes chineses. O leilão primário hoje do Tesouro apontou demanda abaixo da média.
Moedas globais: dólar recua frente a rivais
O dólar opera em baixa ante outras moedas de economia desenvolvidas, diante da falta de avanços concretos para encerrar a guerra comercial entre EUA e China. O dólar caiu para 0,8272 franco, ainda que esteja acima da cotação de 0,8039 franco suíço atingido na segunda-feira, que foi o menor patamar ante a moeda suíça em uma década.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em queda de 0,47%, para 99,377 pontos. Por volta das 17h00 (de Brasília), a moeda americana se desvalorizava a 142,65 ienes. O euro subia para US$ 1,1392, enquanto a libra esterlina era negociada em alta, a US$ 1,3343.
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Ontem, o dólar ganhou força após Donald Trump adotar um tom mais conciliador sobre a China e recuar das ameaças de demissão do presidente do Fed, Jerome Powell. No entanto, o otimismo se dissipou nesta quinta, quando Pequim afirmou que não há novas negociações em andamento. Hoje, Trump afirmou que realizou uma reunião com a China, mas sem revelar detalhes.
“Um rali de alívio estava se formando, mas perdeu força diante dos sinais contraditórios vindos de Washington e Pequim”, observou Karl Schamotta, estrategista-chefe da Corpay. Já analistas do Deutsche Bank apontam que as condições estão dadas para uma “grande tendência de queda” do dólar.
Para David Morrison, estrategista da Trade Nation, houve um momento de esperança. “Trump suavizou o discurso, pediu diálogo. Mas, como dizem, é preciso dois para dançar tango, e a liderança chinesa parece disposta a deixar os EUA se complicarem sozinhos.”
O euro ganhou força após a divulgação de uma alta inesperada no índice Ifo de sentimento empresarial na Alemanha. A libra também se fortaleceu após a ministra das Finanças do Reino Unido, Rachel Reeves, demonstrar confiança na possibilidade de um acordo comercial com os EUA.
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O dólar canadense avançou diante do dólar americano, impulsionado pela piora nas perspectivas para a economia dos EUA, segundo Schamotta. Já o franco suíço, tradicional refúgio em tempos de incerteza, se valorizava.
*Com informações da Dow Jones Newswires