O principal índice da Bolsa brasileira subiu 0,06%, a 135.092,99 pontos, na sétima alta seguida. O Nasdaq avançou 0,55%, o S&P 500 teve alta de 0,58% e o Dow Jones subiu 0,75%. A agenda de dados foi movimentada. Lá fora o destaque foi o indicador de confiança do consumidor (Conference Board) e o de emprego (Jolts) nos Estados Unidos. Os índices, diz Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, abrem uma semana decisiva de dados visando uma melhor leitura sobre a atual dinâmica da atividade e inflação nos Estados Unidos, o que irá calibrar as apostas para as próximas decisões do Federal Reserve (Fed).
O Fed divulga a decisão sobre juros na próxima quarta-feira (7), mesmo dia do Comitê de Política Monetária (Copom). Com essas expectativas, o dólar hoje abriu a sessão desta terça-feira (29) com alta de 0,19%, a R$ 5,6589. Ao final do dia, a moeda americana encerrou em queda de 0,31% a R$ 5,6306.
A safra de balanço também ficou no foco no exterior e no Brasil. Aqui, a Gerdau informou lucro líquido de R$ 756 milhões no primeiro trimestre de 2025, queda de 39,4% em relação ao mesmo período de 2024. O Ebitda recuou 14,7%, para R$ 2,397 bilhões. As ações da siderúrgica recuaram 1,16%.
Guerra comercial continua no holofote
Fontes do Dow Jones Newswires disseram, ontem, que o presidente dos EUA deverá suavizar o impacto de suas tarifas automotivas, impedindo que os impostos sobre carros fabricados no exterior se somem a outras tarifas que ele impôs e aliviando algumas taxas sobre peças estrangeiras.
A decisão significará que as montadoras que pagarem as tarifas automotivas de Trump não serão também cobradas por outras taxas, como as que incidem sobre o aço e o alumínio, afirmam as fontes. A medida seria retroativa, o que significa que as empresa do setor automotivo poderiam ser reembolsadas por tarifas já pagas.
O governo também modificará suas taxas sobre autopeças estrangeiras — programadas para 25% e em vigor a partir de 3 de maio — permitindo que as fabricantes de veículos sejam reembolsadas por essas tarifas até um valor equivalente a 3,75% do valor de um veículo fabricado nos EUA por um ano. O reembolso cairia para 2,75% do valor do automóvel no segundo ano e, em seguida, seria totalmente eliminado.
Espera-se que Trump tome as medidas antes de uma viagem a Michigan para um comício nos arredores de Detroit na noite de terça-feira, marcando 100 dias desde que assumiu o cargo. As medidas têm o objetivo de dar tempo às montadoras para transferir as cadeias de suprimento de peças de volta para os EUA, disse uma das pessoas familiarizada com a ordem. Não ficou imediatamente claro de onde viriam os fundos para os reembolsos.
China reage negativamente, mas tenta suavizar situação para a Boeing
Por outro lado, o Ministério das Relações Exteriores da China divulgou um vídeo que parece enviar a mensagem de que a segunda maior economia do mundo não recuará no atual impasse comercial com os EUA, em meio a esperanças tímidas de uma eventual redução nas tensões tarifárias.
Em um curto vídeo intitulado “Nunca se Ajoelhe!”, divulgado pelo ministério nesta terça-feira, um narrador diz que os EUA provocaram uma “tempestade tarifária global”, mirando Pequim ao jogar um “jogo de pausa de 90 dias” com outros países e forçá-los a limitar o comércio com a China.
No último dia 9, o presidente dos EUA, Donald Trump, autorizou uma suspensão de 90 dias de tarifas recíprocas para todos os parceiros comerciais, exceto a China. Pequim impôs tarifas de 125% aos produtos americanos, em retaliação às tarifas de 145% de Washington a produtos chineses.
Recentemente, a adoção de uma retórica mais suave por Trump em relação à China gerou certo otimismo sobre a possibilidade de um acordo. Autoridades chinesas sinalizaram que a porta está aberta para negociações, mas não sob coação, e ainda não está claro se houve algum progresso.
O vídeo de hoje apareceu na conta oficial do Ministério das Relações Exteriores chinês no Weibo, após o secretário do Tesouro, Scott Bessent, dizer à CNBC que cabe à China reduzir as tensões. “Acredito que cabe à China reduzir as tensões, porque eles vendem cinco vezes mais para nós do que nós vendemos para eles”, disse Bessent à emissora americana, classificando as tarifas de insustentáveis. Citando disputas anteriores entre os EUA e outros países, o vídeo chinês diz também que “concessões não trazem misericórdia” e que “ajoelhar-se somente atrai mais intimidação”.
Já o Ministério do Comércio da China afirmou que está disposto a apoiar a cooperação comercial normal com empresas dos Estados Unidos e que as tarifas prejudicaram as companhias aéreas chinesas e a Boeing. O anúncio acontece dias após as linhas aéreas do país receberem ordens para interromper o recebimento de aeronaves da fabricante americana.
“A aplicação de tarifas pelos EUA impactou severamente a estabilidade da cadeia industrial global e da cadeia de suprimentos, interrompeu o mercado internacional de transporte aéreo e impediu muitas empresas de realizar atividades comerciais e de investimento normais”, afirmou, ao mencionar a possibilidade de um ambiente estável e previsível para o comércio e o investimento.
A Boeing é a mais recente grande empresa americana a ser pega no “fogo cruzado” da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. Analistas afirmam que as tarifas elevadas tornam impraticável para a China importar aeronaves fabricadas nos EUA. Desde que as entregas foram suspensas, a Boeing começou a transportar de volta aeronaves que antes eram destinadas a companhias aéreas chinesas.
Bolsa europeias fecham em alta
As bolsas europeias fecharam majoritariamente em alta nesta terça-feira, com investidores digerindo uma bateria de resultados corporativos de peso, além de monitorarem os possíveis impactos das tarifas comerciais. Em Londres, o FTSE 100 teve alta de 0,55%, aos 8.463,46 pontos, e em Milão, o FTSE MIB subiu 1,09%, para 37.874,75 pontos. O PSI 20, da bolsa de Lisboa ganhou 1,37%, aos 6.967,27 pontos, enquanto o DAX, em Frankfurt, avançou 0,69%, para 22.425,93,71 pontos. Em Paris, o CAC 40 destoou do tom positivo e caiu 0,24%, aos 7.555,87 pontos e o Ibex 35, de Madri, recuou 0,66%, aos 13.366,90 pontos.
Ásia fecha em alta com alívio das tensões comerciais
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta, enquanto investidores seguem acompanhando de perto desdobramentos da política tarifária dos EUA. Liderando os ganhos na Ásia, o índice Taiex subiu 0,99% em Taiwan, a 20.232,63 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi avançou 0,65% em Seul, a 2.565,42 pontos, e o Hang Seng registrou leve alta de 0,16% em Hong Kong, a 22.008,11 pontos.
Em Tóquio, não houve negócios hoje devido a um feriado no Japão. Na China continental, o Xangai Composto teve perda marginal de 0,05%, a 3.286,65 pontos, em seu terceiro pregão negativo seguido, mas o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,24%, a 1.902,27 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no azul pela quarta sessão consecutiva, com alta de 0,92% do S&P/ASX 200 em Sydney, a 8.070,60 pontos.
Ouro fecha em queda na sessão
A cotação do ouro recuou nesta terça-feira, em meio ao alívio nas tensões comerciais globais. O movimento reflete um cenário mais otimista após sinais de avanço nas negociações comerciais entre Washington e parceiros internacionais.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do ouro para entrega em junho fechou em queda de 0,42%, a US$ 3.333,60 por onça-troy.
Petróleo termina em queda com receio sobre demanda
Os contratos futuros de petróleo encerraram a sessão desta terça-feira em forte queda, ampliando as perdas acumuladas na semana para mais de 5%, em meio à valorização do dólar e ao aumento das preocupações dos investidores com os efeitos de uma guerra comercial prolongada entre Estados Unidos e China sobre a demanda global.
Na Nymex, o contrato de petróleo WTI para junho caiu 2,63%, fechando a US$ 60,42 o barril. O Brent para julho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 2,33%, para US$ 63,28 o barril.
O petróleo caminha para encerrar o mês com uma desvalorização da ordem de 15%, maior recuo mensal desde 2021, diante do temor de que as tensões comerciais possam levar a economia global à recessão
*Com informações do Broadcast e Dow Jones Newswires