A economia americana recuou ao ritmo anualizado de 0,3% no primeiro trimestre de 2025, abaixo das estimativas do mercado. No quarto trimestre, o PIB dos EUA teve expansão anualizada de 2,4%. “Houve muito ruído neste relatório, mas o sinal é de uma redução no ritmo de crescimento e a inflação ainda elevada”, avaliou o economista do CIBC Economics, Ali Jaffery, ao Broadcast, mencionando a antecipação de importações nos EUA por conta das tarifas de Donald Trump, presidente dos EUA. Já o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla inglês) do país, também divulgado hoje, recuou 0,1% em março em comparação a fevereiro. Na comparação anual, houve uma alta de 2,3%, acima da meta de 2%.
Os novos desdobramentos da guerra comercial entre os Estados Unidos e China também influenciam na volatilidade das bolsas globais na última sessão de abril. Segundo informações do Dow Jones Newswires, Trump estuda a possibilidade de suavizar o impacto das tarifas de importação sobre o setor automotivo. A ideia é que os impostos sobre os carros produzidos no exterior não sofram com sobretaxas. Já o governo chinês publicou um vídeo nesta terça-feira (29) afirmando que não pretende se curvar às tarifas recíprocas de Trump. Contudo, o gigante asiático não descartou o interesse em negociar com os Estados Unidos.
Além da volatilidade no exterior, as quedas commodities pesaram sobre a performance do Ibovespa. Os contratos futuros de petróleo fecharam em forte queda nesta quarta-feira em meio a rumores de que a Arábia Saudita estaria disposta a ampliar sua produção e suportar um período prolongado de preços baixos da commodity. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para junho caiu 3,66% (US$ 2,21), fechando a US$ 58,21 o barril. O Brent para julho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 3,51% (US$ 2,22), para US$ 61,06 o barril. No mês, o WTI e o Brent acumularam quedas superiores a 15%.
O minério de ferro, por sua vez, fechou em queda de 0,78%, cotado a 703,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 96,77 em Dalian, na China. As ações da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4) também acompanharam o desempenho das commodities. Às 16h30 (horário de Brasília), os papéis da mineradora recuavam 1,95%, enquanto as preferencias e ordinárias da estatal caíam 1,73% e 1,63%, respectivamente.
Bolsas da Ásia sem direção única
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quarta-feira (30), após dados fracos de manufatura da China evidenciarem os primeiros danos da guerra comercial com os EUA.
O índice japonês Nikkei subiu 0,57% em Tóquio, a 36.045,38 pontos, enquanto o Hang Seng avançou 0,51% em Hong Kong a 22.119,41 pontos. O sul-coreano Kospi caiu 0,34% em Seul, a 2.556,61 pontos, e o Taiex ficou praticamente estável em Taiwan, com alta marginal de 0,01%.
Na China Continental, o Xangai Composto recuou 0,23%, a 3.279,03 pontos, em seu quarto pregão negativo seguido, o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,70% a 3.279,03 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no azul pela quinta sessão consecutiva hoje, com alta de 0,69% do S&P/ASX 200 em Sydney, a 8.126,20 pontos.
Bolsas europeias fecham em alta
As bolsas europeias encerraram o último pregão de abril em alta, com temporada de balanços corporativos e dados macroeconômicos melhores do que o previsto na região. Em Londres, o FTSE 100 subiu 0,37% e fechou na máxima do dia, aos 8.494,85 pontos, mas acumulou uma queda de 1% no mês. O índice FTSE MIB, de Milão, recuou 0,71%, a 37.604,82 pontos, e acumulou uma baixa de 1,2% em abril. Já o PSI 20, da bolsa de Lisboa, avançou 0,36%, aos 6.992,34 pontos, encerrando o mês com ganho de 1,8%.
O DAX, em Frankfurt, teve alta de 0,32%, aos 22.496,98 pontos, acumulando valorização de 1,5% no mês. Em Paris, o CAC 40 subiu 0,50%, a 7.593,87 pontos, e computou queda de 2,5% mensal. Já o Ibex 35, de Madri, recuou 0,59% no dia, aos 13.287,80 pontos, mas ainda fechou abril com avanço de 1,2%. Os dados ainda são preliminares. Entre os destaques corporativos, o Santander recuou 3,03% após divulgação de balanço, enquanto a Iberdrola subiu 0,9% em Madri. Em Paris, Air France-KLM avançou 2,63% e Airbus teve alta de 2,19%. Já a alemã Volkswagen caiu 2,4%, o banco UBS recuou 1,08% e o Barclays perdeu 0,40% em Londres.
No cenário macroeconômico, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro cresceu 0,4% no primeiro trimestre de 2025 ante o trimestre anterior, superando a expectativa de alta de 0,2%. A Alemanha, maior economia da região, também surpreendeu positivamente. No cenário global, persistem as tensões comerciais. O presidente Donald Trump assinou ordem executiva para aliviar parte das tarifas sobre importações automotivas e voltou a criticar a China e a União Europeia, acusando os dois blocos de se aproveitarem dos EUA. Já o governo francês disse ver os americanos mais abertos à ideia de eliminar tarifas recíprocas.
Ouro fecha em queda
A cotação do ouro recuou pela segunda sessão consecutiva nesta quarta-feira (30), pressionada por realizações de lucro e sinais de alívio nas tensões comerciais globais. O metal chegou a tocar a mínima de US$ 3.275,6 por onça-troy nesta manhã, mas reduziu as perdas após dados mostrarem que a economia dos Estados Unidos encolheu pela primeira vez em três anos.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do ouro para entrega em junho fechou em queda de 0,43%, a US$ 3.319,1 por onça-troy. No mês, o metal teve valorização de 5,18%.
A trégua parcial nas disputas comerciais e o otimismo geopolítico reduziram a busca por ativos de proteção. Trump assinou uma ordem executiva para aliviar tarifas sobre alguns produtos importados e sinalizou avanços nas negociações com parceiros estratégicos.
Segundo analistas da SP Angel, a menor tensão comercial e a esperança de um acordo entre Rússia e Ucrânia diminuem a demanda por ouro como ativo de segurança. Ainda assim, a demanda por ativos defensivos persiste em algumas regiões. “Investidores chineses continuam comprando ouro em meio à crise imobiliária e à fraqueza do yuan”, destaca o relatório.
Com informações do Broadcast