O índice da Bolsa subiu 0,02%, a 133.515,82 pontos. O Dow Jones caiu 0,95%, o S&P 500 recuou 0,77% e o Nasdaq teve queda de 0,87%. O mercado americano está atento à decisão de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que deve manter a taxa de juros do país entre 4,25% e 4,5% ao ano. Ontem, a Ford também divulgou um tombo no lucro e suspendeu seu guidance (projeções) por incertezas ligadas à política tarifária do governo de Donald Trump.
No Brasil, há expectativa para a reunião do Copom, que deve elevar a taxa básica da economia, a Selic, em 0,25 ponto porcentual ou 0,50 ponto porcentual. Com o mercado dividido, esse foi um dos fatores que pesaram no Ibovespa hoje.
A agenda desta terça-feira trouxe mais um dia da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aos Estados Unidos. Ele teve mesa-redonda com executivos do setor de inteligência artificial (IA), às 13h. Entre os balanços corporativos, foco nos números de Caixa Seguridade (CXSE3), Prio (PRIO3) e Vibra Energia (VBBR3).
O dólar fechou em alta de 0,37%, cotado a R$ 5,7108 – acima do nível de R$ 5,70 no fechamento pela primeira vez em mais de dez dias. Operadores não identificaram um gatilho específico para o escorregão do real, mas mencionaram ajustes de posições e busca por proteção cambial na véspera de decisão de política monetária aqui e nos Estados Unidos. Após o rali do real no fim de abril, quando o dólar chegou a recuar por oito sessões consecutivas, investidores parecem adotar uma postura mais cautelosa. Além do desfecho da Super Quarta, há apreensão com a ausência de sinais concretos de negociações comerciais entre China e Estados Unidos.
Mas a moeda americana perdeu força em relação às principais moedas do mundo nesta terça-feira, frente à falta de progresso nas negociações dos Estados Unidos com seus parceiros comerciais, especialmente com a China. Além disso, a proximidade da decisão de juros do Federal Reserve (Fed) mantém a cautela em relação à moeda americana.
Temporada de balanços deu tom ao Ibovespa hoje
Na temporada de balanços da última noite, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) reportou prejuízo líquido continuado de R$ 93 milhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado equivale a uma redução de 77% frente ao prejuízo apurado um ano antes. Para o diretor de Finanças da varejista, Rafael Russowsky, a melhora de R$ 313 milhões no balanço está relacionada à redução de provisões com acordos tributárias e reversão de provisão relacionada ao processo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) de 2022, após acordos.
Já os resultados do primeiro trimestre da Embraer (EMBR3), divulgados há pouco, não foram afetados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, destacou a empresa. Diante desse cenário, a fabricante de aeronaves reiterou projeções financeiras e operacionais para este ano. A Embraer registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 428,5 milhões no primeiro trimestre de 2025, ampliando a cifra negativa de R$ 63,5 milhões registrada no mesmo período de 2024.
A Embraer reforçou a estimativa de receitas de US$ 7 bilhões a US$ 7,5 bilhões, o que representaria uma alta de 13% em relação a 2024. A projeção para a margem Ebit (lucro antes dos juros e impostos) ajustado se manteve entre 7,5% e 8,3%. A expectativa de fluxo de caixa livre ajustado de US$ 200 milhões ou maior também foi reforçada pela companhia.
Já o lucro líquido da BB Seguridade (BBSE3) no primeiro trimestre de 2025, de R$ 1,995 bilhão, veio 6,1% abaixo da média das estimativas das seis casas (BTG Pactual, Itaú BBA, JPMorgan, Citi, Goldman Sachs e Safra) consultadas pelo Prévias Broadcast, que era de R$ 2,125 bilhões.
Em 12 meses, o resultado da seguradora cresceu 8,3% graças ao crescimento do resultado financeiro da Brasilseg, a seguradora do Grupo, bem como devido à queda na sinistralidade da carteira. Também houve contribuições vindas da BB Corretora, que distribui os produtos das investidas nos canais do Banco do Brasil (BBSA3), e da Brasilprev, impulsionada em especial pelo resultado financeiro.
Bolsas da Europa fecham sem direção única
As Bolsas europeias fecharam sem direção única nesta terça-feira, à medida que preocupações com o cenário político na Alemanha se sobrepuseram a dados melhores do que o esperado. O líder conservador Friedrich Merz não conseguiu ser eleito chanceler do país.
Contrariando as expectativas, Merz não obteve a maioria necessária para ser eleito chanceler da Alemanha, em uma primeira rodada de votação. A câmara baixa do Parlamento alemão, conhecida como Bundestag, tem 14 dias para eleger um candidato.
O choque político em Berlim acabou deixando dados europeus positivos em segundo plano. Os PMIs de serviços da zona do euro, da Alemanha e do Reino Unido foram todos revisados para cima, ainda que tenham apontado quedas em abril. Já a inflação ao produtor (PPI) do bloco ficou bem abaixo da expectativa na comparação anual de março.
No noticiário corporativo, destaque para a petrolífera britânica Shell, que está considerando adquirir a concorrente BP, também britânica, segundo a Bloomberg. No horário acima, a ação da Shell caía 1,8% em Londres, enquanto a da BP avançava 0,7%.
Em Frankfurt, o índice DAX caiu 0,41%, aos 23.249,65 pontos. Em Londres, o FTSE 100 avançou 0,01%, aos 8.597,42 pontos, após o retorno do feriado local. O FTSE MIB, de Milão, teve alta de 0,22%, para 38.560,25 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 registrou ganho de 0,13%, aos 7.008,54 pontos. O Ibex 35, de Madri, subiu 0,09%, para 13.530,20 pontos. Já o CAC 40, de Paris, recuou 0,40%, aos 7.696,92 pontos.
Mercado asiático com resultados mistos
As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam sem direção única nesta terça-feira, enquanto investidores avaliaram desdobramentos comerciais entre os EUA e países da região. Na China continental, o principal índice acionário chinês Xangai Composto subiu 1,13%, a 3.316,11 pontos, ao voltar de um feriado de três dias, interrompendo uma sequência de quatro pregões negativos. O menos abrangente Shenzhen Composto avançou 2,25%, a 1.958,73 pontos.
Em outras partes da Ásia, o Hang Seng teve alta de 0,70% em Hong Kong, a 22.662,71 pontos, também ao retornar de um feriado, enquanto o Taiex registrou baixa marginal de 0,05% em Taiwan, a 20.522,59 pontos. No Japão e na Coreia do Sul, os mercados não operaram hoje pelo segundo dia consecutivo em função de feriados.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, disse ontem à CNBC que os EUA estão “muito próximos de fechar alguns acordos” tarifários, ecoando falas de um dia antes do presidente Donald Trump de que poderão haver acordos já nesta semana. No fim da semana passada, quando os mercados chineses estavam fechados, Pequim sinalizou disposição de iniciar discussões tarifárias com o governo norte-americano.
Pesquisa da S&P Global/Caixin Media mostrou que o PMI de serviços chinês recuou de 51,9 em março para 50,7 em abril, atingindo o menor nível desde setembro do ano passado, em mais uma evidência do impacto das tarifas na segunda maior economia do mundo.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no vermelho pela segunda sessão consecutiva. O S&P/ASX 200 teve ligeira baixa de 0,08% em Sydney, a 8.151,40 pontos.
Ouro fecha em alta com demanda por proteção
A cotação do ouro subiu nesta terça-feira, impulsionada pela crescente demanda por ativos de proteção em meio à cautela renovada nos mercados globais. O apetite por risco perdeu fôlego e a combinação entre um dólar mais fraco e quedas nas Bolsas reforçou o apelo do ouro como porto seguro.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do ouro para entrega em junho avançou 3,03%, encerrando a US$ 3.422,8 por onça-troy.
Petróleo dispara após perdas recentes
Os contratos futuros do petróleo dispararam nesta terça-feira, recuperando as perdas das últimas duas sessões. Além da realização de lucros em posições vendidas e recompras, a forte valorização foi impulsionada pelo retorno dos compradores chineses ao mercado após o feriado de segunda-feira e o agravamento das tensões no Oriente Médio e no Leste europeu, depois que a Rússia interceptou drones ucranianos em seu território e Israel lançou ataques retaliatórios contra rebeldes houthis no Iêmen.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para junho subiu 3,43%, fechando a US$ 59,09 o barril. O Brent para julho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 3,19%, para US$ 62,15 o barril.
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