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Em seu comunicado, o Banco Central destacou que o ambiente externo mostra-se adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente no que se refere à sua política comercial, diante do tarifaço de Donald Trump. “O comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos também têm sido afetados, com fortes reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de maior tensão geopolítica”, afirma o texto.
Para a próxima reunião, o Copom avalia que o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos a serem observados no futuro, demandam cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação. “Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, destaca.
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Analistas do mercado comentam que uma das novidades do texto foi a inclusão das preocupações com a questão comercial dos Estados Unidos, dado o anúncio das tarifas de Trump. “Outro ponto importante é que os dirigentes não trouxeram guidance, ou seja, não sinalizaram projeções para as próximas reuniões. Eu entendo que isso é positivo porque o Banco Central vai ganhar maior flexibilidade”, diz Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital.
O entendimento é de que, ao deixar as “portas abertas” para o próximo encontro, o BC sinalizou uma pré-disposição maior a encerrar o ciclo de aperto monetário. Veja a seguir as primeiras impressões do mercado sobre a decisão do Copom:
Não havia outro caminho para o BC, dada a persistência de uma inflação que se mostra resiliente a cada mês. Ainda na expectativa dos efeitos das tarifas impostas pelos EUA, não há como afastar mais elevações até o final do ano. A cautela do Banco Central é perceptível em seu comunicado: “A conjuntura externa, em particular os desenvolvimentos da política comercial norte-americana, e a conjuntura doméstica, em particular a política fiscal, têm impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes.”
O tom adotado de certa forma foi mais dovish no meu entendimento, porque ele pontua sim as questões das tarifas norte-americanas, mas deixa claro que nós estamos numa convergência mais calma de inflação. Eu espero agora que, para as próximas reuniões, o BC mantenha a taxa de juros inalterada e, quem sabe, se os preços começarem a convergir para baixo, a Selic consiga, em vez de ir para 15% em 2025, voltar pelo menos para 14,25% ao ano. Para amanhã, eu espero uma movimentação de alta para a Bolsa e uma movimentação de queda para o dólar.
Considerando o cenário recente que nós avaliamos, o mercado passa a projetar agora uma manutenção desses juros, ou seja, uma Selic terminal em 14,75%. Se a gente observa o último Boletim Focus, nós enxergamos uma expectativa de Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saindo de 5,65% no final de 2025 para 5,53% na última publicação. Isso ocorre muito por conta do recuo do dólar.
A decisão foi em linha com as expectativas do mercado e reflete não só a persistência dos núcleos inflacionários, mas principalmente a desancoragem das expectativas de inflação e o aumento da percepção de risco fiscal, que têm pressionado a credibilidade do regime de metas e exige uma postura ainda mais restritiva da política monetária.
Esse novo patamar da Selic tende a aprofundar a retração do crédito e enfraquecer o consumo e investimento. Para os mercados, o cenário continua favorecendo a renda fixa, com prêmios elevados e retornos reais consistentes. Já ativos como ações e títulos longos devem seguir sob pressão, prejudicados pelo custo de oportunidade mais alto e pela incerteza macroeconômica.
Aos olhos de hoje, nos parece ligeiramente mais provável para o BC deixar os juros estáveis na próxima reunião. A frase “cenário prescreve política monetária em patamar contracionista” – e não “mais contracionista” como tinha colocado no último encontro – por período de tempo prolongado, e a parte do comunicado em que fala que está em estágio avençado do ciclo e que seus impactos ainda serão observados, sinaliza uma pré-disposição maior a encerrar o ciclo.
O Copom trouxe o sinal de que não está contratado nenhuma alta da Selic, mas que o cenário está muito incerto ainda. Então, ele vai acompanhar os dados desses próximos 45 dias para tomar uma decisão. Os juros seguem altos ainda e o BC não deu nenhuma sinalização concreta de mudança, mostrando-se também um pouco preocupado com as questões internacionais.
Nossa avaliação é de que o comunicado divulgado após a reunião foi dovish e indicou que o Copom está próximo do final do ciclo de aperto monetário. Duas mudanças no comunicado apontam para essa direção. A primeira foi a opção de não indicar qual seria a decisão mais provável a ser tomada na próxima reunião do Copom em função da incerteza elevada presente no cenário, o estágio avançado do ciclo e os efeitos defasados do aperto monetário já feito. Essa mudança na comunicação indica que o comitê quer ter mais flexibilidade daqui por diante e abre a porta para a interrupção do ciclo de alta de juros em junho.
A segunda alteração importante é que o Comitê deixou de caracterizar o balanço de riscos das suas projeções de inflação como assimétricas para cima, e passou a ver riscos mais elevados tanto de alta quanto de baixa. Este ponto foi reforçado pela queda da projeção de inflação do modelo do Banco Central no horizonte relevante para a política monetária, que passou de 3,9% na reunião de março para 3,6% na reunião concluída hoje.
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Avaliamos que o Copom está se preparando para interromper o ciclo de alta de juros assim que os dados permitirem. Vamos aguardar a divulgação da ata da reunião na próxima semana. Por ora, mantemos nosso cenário base que o aumento de juros anunciado hoje foi último do atual ciclo de aperto monetário.
Soou, ao longo do comunicado, um tom mais dovish, relativamente ao que o Copom vinha expressando,. Poderíamos dizer, portanto, que foi um dovish hike, ou seja, uma alta dos juros com um tom mais flexível. É possível argumentar isso.
O BC elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, mas deixou a porta aberta para receber novos dados, acompanhar a volatilidade internacional e as decisões estrangeiras de política monetária. Acredito que, pelo que ele disse aqui, encerrou-se o ciclo.
Sobre os cortes, é possível que ocorra um ao final do ano, na última reunião. O Copom defendeu a manutenção desse patamar elevado da Selic por bastante tempo, o que eu acredito que ele vai cumprir.
Era uma decisão que era aguardada, já que na última reunião o Comitê tinha sinalizado a necessidade de novos aumentos, só que em menor magnitude. E foi exatamente o que ocorreu.
Foi uma decisão unânime e isso acho importante. Na minha visão, o que chamou mais atenção é que, no comunicado, eles comentam em alguns momentos sobre a questão da política comercial nos Estados Unidos.
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Ao deixar em aberto os próximos movimentos, o Copom trouxe um comunicado com tom mais dovish (menos duro). Então, o Comitê vai deixar em aberto a possibilidade, inclusive, de parar de subir juros na próxima reunião, conforme os dados futuros vierem. A minha expectativa, no entanto, ainda é de um novo aumento de 0,25 ponto percentual para o próximo encontro, com a Selic chegando em 15% e finalizando esse processo de subida de juros.
Quanto ao comunicado, achei levemente dovish ao dar a entender que parou, não explícita, mas implicitamente. Mercado deveria ir para a probabilidade majoritária de estabilidade dos juros em junho, com o debate passando a ser sobre o início do ciclo de relaxamento monetário. Nesse sentido, o BC sinaliza estratégia de juros elevados por período prolongado.
Tal como esperado, o comunicado tem um peso grande do cenário internacional. Avaliação do cenário interno é comedida, destacando a continuidade do dinamismo do mercado de trabalho.
O principal fator por trás da decisão é a persistência da inflação em patamar elevado. O IPCA gira atualmente em torno de 5,50% ao ano, bem acima da meta de 3% e até mesmo do teto do intervalo de tolerância, de 4,5%. Ou seja, a inflação continua bastante pressionada, exigindo uma postura firme da autoridade monetária.
A decisão também reflete um cenário externo mais desafiador, com destaque para o aumento das tensões comerciais globais, que elevam a incerteza e podem gerar efeitos indiretos sobre os preços e a atividade econômica no Brasil.
Apesar do tom firme, o Banco Central sinalizou que poderá reduzir o ritmo de aperto nas próximas reuniões. Parte do mercado já começa a enxergar a alta de hoje como uma das últimas deste ciclo.
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Alguns fatores ajudam a justificar uma eventual desaceleração no ritmo: os dados mais fracos do mercado de trabalho, a valorização recente do real e a queda nas commodities, especialmente no petróleo. Esses elementos tendem a aliviar as pressões inflacionárias e podem pesar negativamente sobre o crescimento econômico.
O comunicado teve alterações em relação à reunião passada, mas foi bastante coerente com a evolução do cenário, ressaltando que a maior incerteza requer maior cautela. Os próximos passos ficaram em aberto e a menção da flexibilidade indica que o Copom pode já considerar que esse seja o último aumento do ciclo.
No balanço de riscos, também foi retirado a menção sobre a assimetria altista nos riscos para a inflação e o Banco Central vê agora riscos elevados para os dois lados. De fato, o cenário externo contribui para uma perspectiva de desinflação maior que o esperado anteriormente, o que pode reforçar a pausa na alta da Selic já a partir de junho.
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