O dólar hoje à vista fechou em queda de 0,25%, cotado a R$ 5,6470, ajustando-se ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre seguros, crédito para empresas e câmbio – medidas anunciadas após o fechamento do pregão do mercado financeiro desta quinta-feira (23). O câmbio reagiu às medidas fiscais com cautela dos investidores, que acabaram ofuscando o bloqueio de recursos no orçamento acima do esperado pelos investidores.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (23) que conversa periodicamente com o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, sobre medidas que serão tomadas pelo governo, mas que isso não estende a responsabilidade por essas medidas ao chefe da autoridade monetária. Segundo Haddad, a revisão de parte das mudanças no IOF equivale a menos de R$ 2 bilhões de um total de R$ 54 bilhões em medidas anunciadas.
Nesta sexta-feira, a pressão no câmbio é atenuada pelo recuo do governo na proposta de elevar a 3,5% o IOF sobre investimentos de fundos no exterior e pela exclusão do imposto sobre comércio exterior e fluxos de investimento estrangeiro. A queda do dólar no mercado internacional também contribui.
O desconforto com o anúncio ontem à noite das medidas que alteram alíquotas do IOF, embora parte delas tenha sido revertida, continuou a reverberar no mercado de câmbio local na sessão desta sexta-feira.
O aumento do imposto acabou ofuscando o congelamento de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025, acima do esperado pelos investidores. Apesar da onda global de enfraquecimento da moeda americana, na esteira de medidas e ameaças protecionistas de Donald Trump à União Europeia (alíquota de 50% a partir de junho) e à Apple, o dólar à vista operou em alta em maior parte do pregão, em especial nas primeiras hora de negócios, quanto tocou máxima a R$ 5,7452.
Tratava-se de um ajuste ao avanço do dólar futuro para junho ontem à noite em reação ao anúncio do IOF, quando o mercado spot já estava fechado. “O mercado amanheceu tentando organizar as ideias após mais um capítulo em que a comunicação do governo conseguiu desviar o foco até de uma boa notícia”, afirma o head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T XP, Diego Costa, lembrando que o governo já havia derrapado na comunicação em novembro do ano passado, quando anunciou ao mesmo tempo medidas fiscais e a isenção de imposto de renda da pessoa física.
Ao longo da tarde, com ajustes intraday e aprofundamento da queda da divisa lá fora, o dólar foi perdendo força, até que virou para o campo negativo faltando praticamente uma hora para o fim do pregão. Com mínima a R$ 5,6460, fechou negociado a R$ 5,6470. A divisa termina a semana com perdas de 0,40%, o que leva o recuo acumulado em maio a 0,52%. No ano, o dólar perde 8,63%.
No mercado de juros, as taxas curtas e médias oscilam próximas aos ajustes, enquanto as longas sobem.
No cenário externo, as bolsas em Nova York e na Europa pioraram, o petróleo WTI e Brent passaram a cair após declarações de Donald Trump sobre a União Europeia e os juros dos títulos de dez anos do Reino Unido e da Alemanha atingiram mínimas. Acompanhe atualizações sobre o dólar hojeaqui e sobre o Ibovespa neste link.