Gripe aviária pode afetar exportação de frango e derivados (Foto: Adobe Stock)
O primeiro caso de gripe aviária em plantel comercial do Brasil, registrado em 16 de maio, representa risco negativo para Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3), segundo relatório do Santander. Com restrições às importações do País, o banco estimou que 44% dos embarques brasileiros de frango devem ser afetados, atingindo 15,8% da produção nacional total.
“Calculamos que as exportações de frango representem aproximadamente 35% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Marfrig (incluindo a BRF) e 12% da JBS”, disseram os analistas Guilherme Palhares e Laura Hirata. O Santander reiterou a recomendação Neutra para a Marfrig e Outperform (acima da média) para a JBS.
O banco destacou que Marfrig e Seara (JBS) respondem por mais de 50% das exportações brasileiras de frango, o que sugere risco negativo para suas estimativas caso as suspensões se mantenham. Junto a isso, volumes desviados para o mercado interno podem saturar a oferta local, pressionando os preços domésticos. Desde o surto, os preços internos do frango caíram 2,5%, ressaltaram os analistas. Além disso, para o Santander, caso um novo surto seja confirmado, países como Japão e Emirados Árabes podem estender as restrições de nível municipal para o Rio Grande do Sul todo. Nesse cenário, as suspensões totais de exportação poderiam chegar a 47% dos embarques de frango e 16,7% da produção, disse em relatório.
O Santander avaliou, ainda, que os volumes suspensos poderiam alcançar 54% das exportações brasileiras e 19% da produção nacional caso as restrições se ampliassem para Santa Catarina. O Estado, que também é um importante exportador de frango, tinha caso suspeito em análise. Contudo, o Ministério da Agricultura descartou hoje um caso suspeito em uma granja comercial de SC.
Por fim, mercados dependentes de importação podem acelerar negociações, na avaliação do Santander. “Estimamos que Iraque, África do Sul, Coreia do Sul, Chile e Filipinas dependem do Brasil para mais de 10% do consumo interno de frango”, segundo os analistas. Com isso, esses países podem acelerar negociações para reverter ou reduzir o escopo dos embargos por preocupações com a segurança alimentar. O banco destacou que esses países impuseram restrições nacionais – e não regionais.