O indicador da Bolsa vem testando fortes altas nos últimos dias. Em um intervalo de duas semanas, o Ibovespa renovou cinco vezes a sua máxima histórica. O último recorde aconteceu no dia 20 de maio, quando o índice da B3 fechou o dia com uma valorização de 0,34%, aos 140.109,63 pontos.
A alta nos índices de ações do ocidente estimulou o principal índice da B3 hoje. Além disso, a leitura do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) impulsionou papéis mais sensíveis ao ciclo de econômico e consequentemente o Índice Bovespa. Os juros futuros e o dólar hoje à vista cederam com o leilão do Banco Central desta manhã.
O noticiário corporativo envolvendo a Petrobras (PETR3; PETR4) e o Carrefour (CRFB3) também ficaram no radar. Enquanto a petroleira avalia cortar preço de combustíveis, o varejista já tem data marcada para sair da B3, com proposta de dividendos em euros.
As atenções de investidores ficaram ainda nos desdobramentos das mudanças no IOF, em meio a debates sobre a suspensão do aumento do imposto..
Bolsas globais mostram otimismo após trégua de Trump
As Bolsas de Nova York subiram na volta do feriado, reagindo ao adiamento, pelo presidente Donald Trump, da tarifa de 50% sobre produtos da UE para 9 de julho. Os juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) recuaram e o dólar avançou ante outras moedas fortes enquanto os investidores aguardam novos desdobramentos da política tarifária e dados dos EUA.
No foco, esteve a confiança do consumidor, depois da leitura preliminar da Universidade de Michigan vir bem pior do que o esperado — o que pode influenciar apostas para a política monetária.
Na Europa, as bolsas encerraram o pregão em alta, estendendo os ganhos da véspera, enquanto os investidores digerem as notícias das negociações comerciais entre EUA e União Europeia. O DAX, de Frankfurt, renovou sua máxima histórica de fechamento. A libra esterlina recua ante o dólar após renovar o maior patamar em três anos.
Em Londres, o FTSE 100 avançou 0,69%, aos 8.778,05 pontos, após a bolsa ter ficado fechada ontem devido a um feriado bancário. O DAX subiu 0,83%, aos 24.226,49 pontos, enquanto o CAC 40, de Paris, fechou em queda de 0,02%, aos 7.826,79 pontos. O FTSE MIB, de Milão, avançou 0,34%, aos 40.124,90 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 caiu 0,02%, aos 7.370,95 pontos, enquanto o Ibex 35, de Madri, teve alta de 0,13%, aos 14.239,90 pontos.
BC realiza leilão de dólares
O Banco Central (BC) vendeu US$ 500 milhões em leilão de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) para rolagem de vencimentos de 2 de julho de 2025. A oferta do certame era de até US$ 1 bilhão.
O leilão, com data de recompra em 3 de setembro de 2025, teve taxa de corte de 5,261000%. Apenas uma proposta foi aceita. A venda de dólares pelo BC foi feita com base no boletim das 10h da Ptax (taxa de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro) de hoje, com valor de R$ 5,650800.
IPCA-15: prévia da inflação surpreende em maio
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), também chamado de prévia da inflação, registrou alta de 0,36% em maio, após ter subido 0,43% em abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do menor IPCA-15 para o mês desde 2020.
O resultado ficou abaixo da mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que apontava avanço de 0,44%. O intervalo das estimativas ia de alta de 0,35% a 0,53%.
Com o resultado anunciado nesta manhã, o IPCA-15 acumulou um aumento de 2,80% no ano. A taxa em 12 meses ficou em 5,40%. As projeções iam de avanço de 5,39% a 5,58%, com mediana de 5,49%.
Commodities: petróleo cai, assim como minério
Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda nesta sessão, enquanto investidores aguardam reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), no domingo (1º), para rever seu acordo de oferta da commodity. Há expectativa de que o grupo volte a aumentar sua produção, mantendo os preços do petróleo pressionados.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, na China, para setembro de 2025, fechou em queda de 1,76%, cotado a 698,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 97,19.
O que movimentou o IBOV?
O bom humor externo e a alta do petróleo suavizaram os efeitos negativos da queda de 1,76% do minério de ferro na China sobre o Ibovespa hoje e ações da Vale.
O foco dos investidores ficou no IPCA-15 de maio, especialmente no impacto sobre os juros, cujas taxas cederam levemente ontem. A queda nos rendimentos dos Treasuries americanos influenciou os ajustes da curva futura por aqui. Mudanças no IOF também reforçaram apostas de manutenção da Selic em 14,75%, pois equivalem a um aperto monetário adicional de 0,25 a 0,50 ponto porcentual.
No câmbio, o leilão de linha de rolagem de até US$ 1 bilhão ajudou a conter pressão no dólar no Ibovespa hoje – a moeda americana encerrou em baixa de 0,53% a R$ 5,6457 –, enquanto o mercado acompanhou a repercussão política do novo decreto do IOF. Reunião de líderes na Câmara deve debater nesta semana um pedido de suspensão do decreto do governo.
*Com informações de Daniela Amorim, Silvana Rocha e Maria Regina Silva, do Broadcast