Ações da Gol (GOLL54) mudaram de ticker na Bolsa. Foto: Jerry - stock.adobe.com
As ações da Gol (GOLL54) enfrentam mais uma sessão turbulenta na Bolsa brasileira nesta sexta-feira (13). Segundo comunicados divulgados no site de Plantão de Notícias da B3, os papéis passarão o dia inteiro sem negociações no pregão regular. O último leilão informado pela Bolsa está previsto para se estender até as 17h.
Mecanismos como esse são acionados para proteger os investidores de variações fora do comum nos preços de um ativo. Os tempos de leilão são definidos pela B3 e variam de acordo com a relevância do evento que causou o processo.
Na quinta-feira (12), os papéis da Gol também passaram por diferentes leilões, exibindo um salto de 1.886,37% no final do dia, com preço de tela de R$ 204. Na data, a empresa estreou seus novos tickers — GOLL53 para ações ordinárias e GOLL54 para preferenciais –, além de ter passado a operar em lotes padrão de 1 mil ações. Esse modelo diferente de negociação ajuda a explicar o salto dos papéis.
“Na verdade, é como se o ativo tivesse caído, porque o preço passa a ser múltiplo de 1 mil ações. Então, R$ 204 em tela, na verdade, são o equivalente a R$ 0,204. Como na quarta-feira (11) fechou a R$ 0,80, é como se tivesse passado de R$ 0,80 para R$ 0,204”, comenta Welliam Wang, gestor de fundos de ações da AZ Quest, ressaltando que, para entender o preço real da ação, o investidor tem de dividir o valor de tela por 1.000.
Na última sessão, como mostramos aqui, também teve início a negociação dos papéis com o chamado direito de preferência, que ocorre quando uma empresa decide colocar mais ações à venda na Bolsa de Valores. Nesse caso, ela é obrigada a dar preferência de compra dessas novas ações a seus atuais investidores. A ideia é garantir a opção para que os acionistas possam manter o mesmo nível de participação na companhia.
O movimento está relacionado ao aumento de capital de R$ 12 bilhões da companhia aérea, com emissão de novas ações preferenciais ao preço de R$ 0,01 cada. Segundo os cálculos do BTG Pactual, a operação, que envolve a emissão de 1,2 trilhão de ações, resultará em uma diluição acionária significativa, na ordem de 99,8%. Devido a essa alta diluição e à alavancagem ainda elevada da companhia, o banco recomenda a venda dos papéis.
A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI também mantêm recomendação de venda. “Apesar da perspectiva positiva para 2025 para a Gol, mantemos nossa recomendação de venda devido à enorme diluição do patrimônio relacionada ao processo de reestruturação financeira para sair do Chapter 11 (processo de recuperação judicial nos Estados Unidos)”, dizem em relatório.