A JBS estreou na NYSE nesta sexta-feira (13) (Foto: Divulgação / JBS)
O BTG Pactual (BPAC11) estabeleceu um preço-alvo de US$ 19 para as ações Classe A da JBS negociadas na Bolsa de Nova York (Nyse) e de R$ 110 para os BDRs (Brazilian Depositary Receipts, título emitido no Brasil que representa uma ação de companhia aberta sediada no exterior) negociados no Brasil para os próximos 12 meses.
Em relatório divulgado após a estreia da companhia na Nyse, o banco projeta uma reavaliação gradual das ações, com a JBS ganhando espaço para fechar o desconto que ainda carrega frente a concorrentes listadas nos EUA, especialmente a Tyson Foods.
“A listagem em Nova York muda o jogo: a JBS agora tem acesso a uma base de investidores mais ampla e a maior flexibilidade de capital”, afirma o BTG. A recomendação do banco assume um múltiplo de 10x EV/Ebit para 2025 – ainda com 18% de desconto frente à Tyson, mas que já reflete o novo estágio da companhia após a listagem dupla.
A operação incluiu a criação de duas classes de ações: as Classe A, listadas sob o ticker JBS nos EUA, e as Classe B, com poder de voto 10 vezes maior, mas não negociáveis. A estrutura visa dois objetivos principais: reduzir o desconto de valuation em relação aos pares americanos e viabilizar M&As com maior flexibilidade acionária. Segundo o BTG, ambos começaram a se concretizar.
Desde o anúncio do acordo entre J&F e BNDES para viabilizar a listagem, as ações da JBS avançaram cerca de 60% em 2024. A diferença de valuation com a Pilgrim’s Pride, subsidiária americana da JBS, já foi praticamente eliminada. Em relação à Tyson, porém, ainda resta espaço: a relação EV/Ebit passou de 5,3x para 3,9x, e o fechamento total dessa lacuna poderia liberar até R$ 86 bilhões em valor de mercado, diz o relatório.
Outro trunfo, segundo o banco, está na área de alimentos processados. Embora a exposição da JBS ao segmento ainda seja menor do que a da Tyson (10% a 15% da receita contra 19%), o desempenho tem sido equivalente ou superior. “Mesmo com uma menor participação, o perfil de lucro da JBS tem se mostrado igualmente resiliente, graças à diversificação global”, avalia o BTG.
O relatório, no entanto, faz um alerta: apesar do forte desempenho operacional em 2024 e da expectativa de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 36,6 bilhões em 2025 (margem de 7,7%), o ciclo de alta pode perder fôlego. Para 2026, o BTG projeta uma queda para R$ 31,9 bilhões (margem de 6,5%), com pressão sobre o ciclo do gado nos EUA e possível retenção de fêmeas no Brasil.
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Ainda assim, o banco acredita que o momento de valorização das ações deve ser guiado menos pelos lucros e mais por uma reavaliação estrutural do papel. “Com o fim do impulso dos resultados, a próxima perna de alta depende da expansão dos múltiplos, e a listagem em Nova York pavimenta esse caminho”, diz.