O mercado futuro de juros volta do feriado pronto para repercutir a decisão de política monetária do Banco Central, tomada na última quarta-feira. A elevação da taxa Selic em 25 pontos-base, para 15% ao ano, veio em linha com as apostas majoritárias do mercado, mas não chegou a desagradar quem esperava manutenção da taxa básica.
Nos últimos dias antes da decisão, analistas já apontavam que a comunicação do BC ganhava maior relevância neste momento do ciclo e que a sinalização do “higher for longer” era essencial para a busca da convergência das expectativas para as metas de inflação.
Para o diretor financeiro e de investimentos da BB Previdência, Ricardo Serone, a decisão do Copom indica um grau a mais no nível de austeridade do Banco Central e um recado de que vai continuar perseguindo ainda com mais afinco a meta de inflação. “A inflação está resiliente, acima do teto da meta, o que deve manter os juros em patamar elevado por mais tempo”, afirma.
Colaboram para este cenário, diz o executivo, as incertezas em relação ao equilíbrio fiscal, além da atividade econômica e mercado de trabalho aquecidos. “A perspectiva é que a taxa comece a cair somente a partir de 2026”, ele afirma.
Para o co-gestor da mesa de títulos públicos da Warren Rena, Luís Felipe Laudisio, o dia deve ser de recuo das taxas de longo prazo, em resposta à conduta mais dura do BC. “O Copom pode ter surpreendido pelo tom mais duro que grande parte do mercado esperava. A indicação de manutenção por período ‘bastante prolongado’ e indicando que pode voltar a realizar algum ajuste, dependendo dos novos dados de atividade e inflação, devem promover certa abertura de taxas nos vértices até o DI para janeiro de 2027, enquanto os vencimentos mais longos deveriam se beneficiar, apresentando fechamento”, diz.
Mas, em um dia de liquidez reduzida e alta dos juros dos Treasuries em Nova York, é possível que esse movimento seja amenizado. Por lá, os mercados mantêm posições cautelosas diante da tensão geopolítica, com o conflito entre Israel e Irã entrando em seu oitavo dia e sem indicativos de um cessar-fogo. Nos mercados de ações não há trajetória comum, com as bolsas da Europa em alta e os futuros de Nova York em baixa.