As ações do Magazine Luiza (MGLU3) fecharam em queda no pregão desta sexta-feira (20), após o Banco Central transmitir um tom duro no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) – sinalizando que os juros poderão ficar em um patamar restritivo por mais tempo. O BC elevou a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 14,75% para 15% ao ano.
No fechamento, as ações MGLU3 caíram 5,24%, a R$ 8,86. O tom do Copom foi considerado duro por analistas do mercado financeiro. A equipe do JPMorgan disse que a elevação da taxa em 0,25 ponto porcentual nesta quarta-feira contrariou o esperado pelo banco, que agora estima que o corte de juros deve começar a partir de dezembro.
Já o Goldman Sachs explica que a taxa de juros deve ficar estacionada em 15% ao menos até o primeiro semestre de 2026. Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do banco, a alta de 0,25 ponto porcentual está alinhada com o “difícil cenário” de inflação, e a comunicação do BC foi “inteligentemente elaborada” para evitar que o mercado precifique cortes de juros de maneira prematura.
O economista pontua ainda que, embora tenha sinalizado a pausa, o Copom parece aberto a retomar o ciclo de altas se for necessário, ainda que a barreira para isso se concretizar no curto prazo seja “muito alta”, na ausência de choques negativos para a inflação. “Em nossa avaliação, a janela para cortar o juro poderá se abrir no final de 2025, dado que nessa época o horizonte relevante para a política monetária se estenderá até o segundo trimestre de 2027, mas o Copom parece pronto para ser muito paciente e manter-se resoluto até possivelmente o primeiro semestre de 2026”, escreveu Ramos.
Já o UBS BB afirma que o Banco Central deve manter a taxa Selic em 15% até abril de 2026, quando iniciaria um ciclo de cortes ao ritmo de 0,5 ponto porcentual por reunião. “Quando o comitê adicionou a palavra ‘bastante’ quando se referiu ao período prolongado no qual os juros deveriam permanecer parados, ele sinalizou que não haveria cortes em dezembro ou janeiro de 2026, na nossa visão”, dizem os economistas Alexandre de Azara, Rodrigo Martins e Fabio Ramos e o estrategista Roque Montero.
Por que juros elevados por mais tempo pesam sobre as ações do Magazine Luiza?
O Magazine Luiza é uma empresa do setor varejista, que acaba tendo uma forte desaceleração em períodos de juros elevados. A companhia até fez uma certa diversificação de receitas para blindar o negócio contra um ambiente de aperto monetário. No entanto, o balanço do primeiro trimestre de 2025 mostrou que a alta da Selic começou a desacelerar os negócios do Magalu.
A varejista da família Trajano teve queda de 54,3% no lucro líquido no período. A empresa saiu de R$ 27,9 milhões em ganhos no primeiro trimestre de 2024 para um lucro de R$ 12,8 milhões entre janeiro e março de 2025.
O CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, reconheceu em entrevista ao E-Investidor que os juros em um patamar elevado causam uma retração no consumo do segmento de bens duráveis, o principal da empresa. Ele também pontua que a queda do lucro no trimestre anterior foi “de maneira consciente para manter o foco em aumento de margem operacional”.
“Existe um componente macro significativo para justificar a desaceleração. Agora, estamos no topo do ciclo de juros e eles tendem a cair — pode não ser este ano, mas, quando acontecer, sem dúvida seremos um dos principais veículos de crescimento”, diz Trajano. Leia a entrevista na íntegra neste link.
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Em meio a esse cenário de juros elevados, analistas do mercado financeiro ouvidos pelo E-Investidor dizem se esse é ou não um bom momento para comprar as ações do Magazine (MGLU3). Veja os detalhes nesta reportagem.