JPMorgan cortou preço-alvo do Banco do Brasil (BBAS3). Foto: Adobe Stock
O JPMorgan cortou nesta semana o preço-alvo das ações do Banco do Brasil (BBAS3) de R$ 31 para R$ 28 para 2025, reiterando recomendação neutra. Em relatório, o banco destacou que segue cauteloso com a instituição e acredita ser cedo para investir na companhia.
As ações do BBAS3 acumularam queda desde a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, que decepcionaram o mercado. Diante disso, investidores começaram a se perguntar se é o momento de comprar na baixa e aproveitar os dividendos oferecidos pela empresa. Nesta matéria, consultamos analistas para checar se vale realmente a pena aproveitar a oportunidade.
Para o JPMorgan, a resposta é não. “Nós seguimos cautelosos. Problemas de qualidade de ativos em bancos costumam levar tempo para serem absorvidos. Apesar de reconhecermos que a volatilidade pré-eleição presidencial de 2026 pode ser um catalisador e que o nível de posições vendidas já está elevado, preferimos adotar uma postura de espera, buscando maior visibilidade após o segundo trimestre, que pode dar o tom de uma possível recuperação”, diz.
As dúvidas sobre a sustentabilidade dos lucros do BB não são novidade, mas o primeiro trimestre de 2025 adicionou novas camadas de incerteza, segundo o JPMorgan. “Olhando para os últimos 10 anos, o Retorno sobre o Patrimônio (ROE) médio do BBAS foi de 17% e, nos anos mais recentes, entre 20% e 22%. Mas a qualidade tem caído, influenciada por eventos não recorrentes e pelo impacto do Banco Patagônia, operação argentina da empresa”, ressalta.
Nos últimos 12 meses, o foco do mercado em relação ao Banco do Brasil também se concentrou no aumento da inadimplência no agronegócio, que passou de 1,19% no primeiro trimestre de 2024 para 3,04% no primeiro trimestre de 2025. O JPMorgan chama atenção ainda para o crescimento dos empréstimos rurais prorrogados, que chegaram a R$ 51 bilhões nos três primeiros meses deste ano.
Como as preocupações no radar, o banco cortou a projeção de lucro para o ano fiscal de 2025 do BB para R$ 27,5 bilhões reduziu a estimativa de payout (porcentagem do lucro distribuída na forma de dividendos) para 30%. “Acreditamos que o segundo trimestre será crucial para a empresa apresentar uma nova orientação para 2025 e para o mercado ter uma visão mais clara sobre a real dimensão do problema no agronegócio”, avalia.
Bancos e corretoras cortam recomendação de BBAS3
Uma leva de casas do mercado cortou a recomendação para as ações do BB. A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI rebaixaram os papéis de compra para neutra, com um novo preço-alvo de R$ 31. Olhando para o futuro, as casas acreditam que o ano começou de forma mais desafiadora do que o esperado para a empresa, com taxas de inadimplência altas e crescimento fraco da receita.
A Genial Investimentos foi outra que cortou a recomendação de compra para manter (equivalente à neutra) e reduziu o preço-alvo de R$ 40,3 para R$ 31,4. Diante de um cenário mais incerto, a corretora vê possibilidade de deterioração adicional dos resultados ao longo de 2025, especialmente com a expectativa de agravamento do ciclo de inadimplência em algumas carteiras no segundo semestre, pressões persistentes sobre a qualidade dos ativos no agronegócio e maior dificuldade de crescimento de receita.
Quem seguiu um caminho parecido foi o Santander, que rebaixou a recomendação de compra para “manutenção” (equivalente a neutro), com um preço-alvo de R$ 26 para 2025, contra R$ 45 anteriormente. Os analistas do banco dizem ter dúvidas sobre o payout (porcentagem do lucro distribuída na forma de dividendos) de 40% pelo banco. “Não estamos recomendando o BB para estratégias de dividendos”, apontam.
Outro banco que “jogou a toalha” e rebaixou o Banco do Brasil para neutro foi o BTG Pactual, com novo preço-alvo de R$ 30. A casa entende que os números da empresa ainda podem piorar antes de melhorar. Dessa forma, prefere aguardar uma correção adicional das ações ou mais clareza sobre os resultados futuros antes de recomendar compra ou venda.
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Na lista de revisões, esteve ainda a XP Investimentos, que rebaixouBBAS3 para neutro e cortou o preço-alvo de R$ 41 para R$ 32 por ação. A corretora também reduziu suas estimativas de rendimento em dividendos do Banco do Brasil de 11,2% para 8,2% em 2025. Apesar do preço atraente dos papéis, a casa acredita ser melhor esperar por sinais mais claros de recuperação da empresa antes de tomar uma posição mais convicta sobre a companhia.
Assim como o JPMorgan, o Itaú BBA não mexeu em sua recomendação para Banco do Brasil, mas reduziu o preço-alvo de R$ 29 para R$ 25 por ação. A casa espera que os próximos trimestres sejam ainda mais desafiadores que o primeiro para a empresa estatal devido aos ciclos naturais de pagamento e atraso do crédito, não projetando melhorias significativas em 2025.