Corretora reduziu a alocação em ações de carteiras moderadas após alta da Bolsa no 1º semestre. (Foto: Adobe Stock)
O segundo semestre de 2025 começa com maior apetite dos investidores brasileiros, que viram a Bolsa de Valores se destacar como o melhor investimento dos primeiros seis meses do ano. Entre janeiro e junho, o Ibovespa acumulou uma alta de 15,44%, melhor primeiro semestre desde 2016, graças a uma entrada de capital estrangeiro que não se via há três anos.
Agora, com muitas ações na máxima história, a discussão sobre onde investir no segundo semestre do ano ganha novos contornos. Em relatório divulgado nesta quarta-feira (2), a EQI Research reduziu a alocação recomendada em ações para o perfil moderado, de 15% para 10%, aumentando proporcionalmente a parcela de renda fixa.
No documento, os analistas Carolina Borges, Felipe Paletta e João Neves explicam que, apesar do otimismo com a Bolsa no longo prazo, seguem cautelosos com os meses à frente; mais do que estavam há pouco tempo.
E boa parte disso tem a ver com a alta recente da Bolsa: as estimativas de lucro das empresas brasileiras estão sendo pressionadas pelo patamar de juros restritivo, enquanto o potencial de valorização de boa parte dos ativos diminuiu após os ganhos do primeiro semestre.
No médio e longo prazo, o racional é outro. A EQI vê o mercado brasileiro bem posicionado em um cenário global; longe dos conflitos armados no Oriente Médio, podendo se beneficiar por maior clareza na trajetória de juros dos Estados Unidos, e em meio ao fim do ciclo de aperto monetário doméstico.
Por causa dessas duas pontas, a casa fez dois movimentos em direções opostas. Revisou para baixo a projeção para o Ibovespa ao final de 2025, de 156 mil pontos para 152 mil pontos, mas elevou o target para o fim de 2026 para 172 mil pontos.
“Entendemos que a relação risco versus retorno de curto prazo sofreu alguma alteração, o que exige ajustes pontuais em nossa alocação em risco. Acreditamos que este é um bom momento para realizar algum lucro em ativos que já estão bem precificados ou que apresentam maior risco (alavancagem), mantendo uma posição ainda bastante elevada em renda variável para surfar esse deslocamento de sentimento que já começa a convergir para o cenário que construímos juntos ao longo do ano”, destacam os especialistas no relatório.
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A carteira Buy and Hold da EQI tem 11 ativos. Itaúsa (ITSA4) e Eletrobras (ELET3) representam 15% cada uma. JBS (JBSS32), Grupo Mateus (GMAT3), Equatorial (EQTL3), Petrobras (PETR4) e Allos (ALOS3) têm peso de 10%. Já Prio (PRIO3), Porto Seguro (PSSA3), Gerdau (GGBR4) e Cosan (CSAN3) são 5% da carteira, cada uma.
Na renda fixa, a EQI destaca que a margem de oportunidade que existia no início do ano já não é a mesma. O que não significa, no entanto, que não existam boas oportunidades no radar. É preciso ter maior seletividade.
Com a taxa Selic em 15% ao ano, os pós-fixados passaram a oferecer juros reais atrativos e desempenham um papel importante na diversificação das carteiras. A corretora também gosta dos títulos IPCA+, com preferência por aqueles com vencimentos intermediários, graças a uma combinação de carrego interessante, mas também oportunidade de capturar ganhos na marcação da curva.
“Quando lançamos a primeira edição de ‘Onde Investir em 2025‘, projetávamos um ano repleto de incertezas, mas também víamos oportunidades promissoras na renda fixa, diante das altas taxas oferecidas
no final de 2024. Essa visão se confirmou, porém entendemos que a performance foi superior a melhora nos fundamentos, o que reduz a margem de segurança desses ativos”, afirmam os analistas. “Sendo assim, o retorno esperado diminuiu, enquanto os riscos apresentaram melhora marginal, com sinais preliminares de alívio na inflação e sem avanços na frente fiscal. Diante disso, é hora de ser mais criterioso, e manter riscos menores nas carteiras de renda fixa.”
Para os investidores conservadores, para quem a EQI recomenda 85% de alocação na renda fixa, a estratégia é dividir a carteira em 57% pós, 19% IPCA+ e apenas 9% prefixados. Aos moderados, cuja indicação é ter 60% em renda fixa, a divisão sugerida fica com 33% pós, 17% IPCA+ e 11% prefixados.