O Bank of America (BofA) reduziu o preço-alvo das ações da Braskem (BRKM5) de R$ 14 para R$ 12. A revisão visou incorporar os resultados do primeiro trimestre, o real mais valorizado e os spreads mais atualizados. O novo valor representa um potencial de alta de 31,2% sobre o fechamento da última terça-feira (1º). A recomendação neutra foi mantida, pois o banco acredita que os spreads (diferença entre o preço de compra e o preço de venda) permanecerão apertados nos próximos anos, mas ao mesmo tempo considera que a Braskem poderia eventualmente se beneficiar de alterações com a aprovação das medidas antidumping e da Medida Provisória 892.
“Observamos que o impacto dessas duas mudanças não está contemplado em nossas estimativas e nas do mercado e poderia trazer um aumento relevante para a Braskem”, afirmam os analistas Leonardo Marcondes, Caio Ribeiro e Nicolas Barros.
Eventuais modificações no antidumping sobre polietileno (PE) dos EUA e Canadá, que ainda dependem de um relatório técnico preliminar, são resoluções esperadas no curto prazo. O BofA aponta que, embora o benefício não seja totalmente claro, o aumento nos volumes e preços devido ao antidumping poderia gerar um incremento de Ebitda de US$ 200 milhões a US$ 250 milhões por ano.
Além disso, o PL 892, que dá continuidade aos estímulos concedidos à indústria química, poderia ser aprovado no curto a médio prazo se o pedido de urgência for concedido. O aumento do Regime Especial da Indústria Química (REIQ), segundo cálculos dos analistas, poderia elevar em cerca de US$ 450 milhões o Ebitda para a Braskem em 2026, enquanto o Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq) poderia render cerca de US$ 350 milhões.
Entre as duas medidas, o BofA acredita que o antidumping é mais provável de ser aprovado, dado que deve aumentar a arrecadação de impostos do governo, enquanto o impacto na inflação deve ser algo limitado. Sobre o PL 892, a aprovação pelo Congresso é mais desafiadora, dada a atual situação fiscal delicada do País. “O impacto do antidumping não é tão tangível quanto o impacto do REIQ, dado que sua aprovação poderia apenas mudar a dinâmica comercial do Brasil e, portanto, ter um impacto menor, já que os importadores de PE poderiam trazer o petroquímico de outros países”, dizem os analistas.