Vale ouro? Novo contrato da B3 permite investir no metal sem sair do Brasil
Com forte valorização e tensões globais, ouro bate recordes e atrai atenção dos brasileiros. Novo contrato da B3 promete democratizar o acesso ao ativo
B3 lança contrato futuro de ouro: veja como investir
(Foto: Adobe Stock)
Em um momento de forte valorização do ouro nos mercados internacionais — com alta acumulada de mais de 26% em 2025 — e crescente instabilidade geopolítica, a Bolsa de Valores do Brasil (B3), anunciou o lançamento do novo Contrato Futuro de Ouro (ticker: GLD). O objetivo é ampliar o acesso dos investidores brasileiros a esse ativo, tradicionalmente visto como um “porto seguro” em tempos de incerteza, por meio de uma plataforma regulada, segura e transparente.
O novo derivativo começará a ser negociado no dia 21 de julho e foi desenhado em um modelo semelhante ao dos minicontratos de índice e de dólar — produtos que já popularizaram o mercado futuro entre investidores pessoa física. Com tamanho de 1 onça troy (31,1 gramas) e liquidação exclusivamente financeira, o contrato tem como referência o índice internacional LBMA Gold Price, dispensando o manuseio físico do ativo.
Para marcar a estreia, a B3 realiza neste mês a “Semana do Ouro“, com eventos, workshops e cursos em parceria com corretoras, voltados a promover a educação financeira e aprofundar o conhecimento sobre o novo contrato.
“Ao oferecer uma solução local inspirada no sucesso dos nossos minicontratos, permitimos que o investidor de varejo acesse o mercado de ouro […] sem a necessidade de buscar estruturas no exterior ou em mercados não regulados”, destaca Luiz Masagão, vice-presidente de Produtos e Clientes da B3.
A valorização do ouro em 2025 é consequência direta de um ambiente de alta incerteza global. O metal superou os US$ 3 mil pela primeira vez na história e atingiu, em abril, o recorde de US$ 3,5 mil por onça-troy.
Entre os fatores que impulsionaram essa corrida estão as políticas econômicas e comerciais do presidente americano Donald Trump, como o anúncio de tarifas comerciais unilaterais, e o envolvimento militar dos EUA no conflito entre Israel e Irã, com ataques a instalações nucleares em junho.
Embora um cessar-fogo tenha sido firmado, o risco de novas escaladas permanece no radar dos investidores.
Além disso, há incertezas no Brasil. A recente derrubada dos decretos sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso gerou dúvidas sobre o equilíbrio fiscal do governo, com uma possível perda de arrecadação de R$ 10 bilhões em 2025. O cenário doméstico, combinado às tensões globais, reforça o apelo do ouro como proteção.
O funcionamento do contrato futuro de ouro da B3 permite ao investidor se expor à variação do preço do metal entre a data da negociação e o vencimento do contrato, de forma semelhante a um swap, mas com os benefícios do mercado futuro: ajuste diário, transparência, padronização e liquidez.
A proposta é tornar o acesso mais simples, eficiente e sem a necessidade de custodiar o ativo físico. Isso é particularmente relevante num momento em que alternativas como Fundos de Índice (ETFs) e fundos de ouro também ganham destaque.
Um exemplo é o GOLD11, fundo listado na própria B3 que acumula alta de 11,13% em 2025 e tem cotas negociadas a R$ 18,79.
O mercado futuro é um ambiente de negociação de contratos que estabelecem a compra ou venda de ativos em uma data futura, por um preço previamente acordado. Os contratos são padronizados e negociados em bolsa, com garantia de liquidação pela própria B3. Servem tanto para hedge (proteção contra oscilações) quanto para estratégias especulativas.