Vale (VALE3) é uma das maiores mineradoras do mundo. (Foto: Adobe Stock)
As ações da Vale (VALE3) registram forte alta nesta quinta-feira (10) no Ibovespa, entre os maiores ganhos do índice. Às 14h10, os papéis da mineradora sobem 3,37% a R$ 55,86. CSN (CSNA3) e Bradespar (BRAP4) também se destacam no campo positivo, registrando valorização de 4,67% e 2,54%, respectivamente, assim como CSN Mineração (CMIN3), que avança 2,79%, e Gerdau (GGBR4), que valoriza 1,97%.
O bom humor vem na esteira da alta do minério de ferro. O contrato mais negociado da commodity no mercado futuro da Bolsa chinesa de Dalian, para setembro de 2025, fechou em alta de 3,67%, cotado a 763,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 106,33. Já o minério negociado na Bolsa de Cingapura subiu 2,84%, a US$ 98,80 a tonelada.
Outro fator beneficia os setores de mineração e siderurgia: segundo analistas, as empresas da área não devem sofrer mudanças em relação às novas tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros para os Estados Unidos. A alíquota foi anunciada por Donald Trump na noite de quarta-feira (9). Veja aqui o impacto para o investidor local.
“Essas empresas já estavam sujeitas a tarifas de 50% sobre as exportações de aço e acreditamos que a medida recém-anunciada não acrescenta a isso, o que significa nenhuma mudança material em relação ao cenário atual”, disseram os analistas do BTG Pactual, Carlos Sequeira, Leonardo Correa, Iana Ferrão, Antonio Junqueira, Luiza Paparounis, Osni Carfi e Tcha Chan.
Dentro do universo de cobertura do banco, os especialistas destacam que a Usiminas (USIM5) tem uma exposição limitada ao mercado americano, com menos de 5% de sua receita proveniente de exportações e uma presença mínima nos EUA. Já a CSN gera cerca de 15% do faturamento a partir de exportações – menos de 10% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização) – “com alguma exposição ao mercado americano”.
“A Gerdau continua sendo a vencedora relativa no setor, com mais de 50% de seu Ebitda vindo de operações nos EUA e sem dependência de exportação”, disseram os analistas.
Segundo eles, a Vale, de maior peso para a composição do Ibovespa, praticamente não tem nenhuma exposição ao mercado americano, com menos de 1% da receita de minério de ferro vindo dos Estados Unidos.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
Do lado contrário do índice, as ações da Embraer (EMBR3) estão entre as principais perdas do dia, recuando 2,77% a R$ 76,04. De acordo com os cálculos do Itaú BBA, As tarifas adicionais dos EUA aos produtos brasileiros podem gerar um impacto de US$ 150 milhões no Ebit (lucro antes de juros e impostos) da companhia entre agosto e dezembro de 2025.
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As projeções partem do efeito já reconhecido pela própria Embraer em seu balanço do primeiro trimestre de 2025, que indicou uma redução de 90 pontos-base na margem Ebit em decorrência da perspectiva de tarifas. O impacto adicional considera um cenário em que a companhia absorva parte dos custos para preservar a competitividade no mercado norte-americano.
O banco já esperava uma reação negativa do mercado ao anúncio. “A Embraer pode perder Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) nos EUA se enfrentar custos mais altos sem conseguir repassá-los aos clientes ou pode perder potencial de crescimento caso os repasses sejam integrais”, avalia ainda o BBA.
Quem também sofre é a Minerva (BEEF3), que cede 4,38% a R$ 5,24. A XP Investimentos avalia que a Minerva será a empresa do agronegócio mais diretamente afetada pelas novas tarifas. Segundo relatório da corretora, aproximadamente 15% da receita bruta da companhia nos últimos 12 meses teve origem em exportações para o mercado americano.
No entanto, analistas destacam que o impacto líquido deve ser inferior a 15%, considerando que parte da produção exportada para os EUA é originada na Argentina e no Uruguai, países também atendidos pela companhia e que já exportam para os americanos com preços médios mais altos.
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Por meio de fato relevante, a empresa afirmou que o impacto potencial das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos de exportação brasileiros representa cerca de 5% de sua receita líquida. “Apesar de acreditarmos que a companhia será capaz de redirecionar volumes para outros mercados, isso provavelmente ocorrerá em detrimento das margens”, apontou o relatório.
Quem também sai mal no Ibovespa é a CVC (CVCB3), que derrete 3,43% a R$ 2,25, estendendo as perdas da última sessão, quando já havia tombado 4,51%.