O movimento do IBOV foi instável, em meio às incertezas com a ameaça de tarifaço de 50% a produtos brasileiros pelos EUA. Ao mesmo tempo, a Pesquisa Mensal de Serviços mostrou que a atividade ainda resiste aos juros restritivos, embora mostre alguns sinais de desaquecimento. Assim, esses fatores pressionaram os juros futuros para cima e alguns papéis mais sensíveis ao ciclo econômico, para baixo, na B3 .
Para Rodrigo Moliterno, sócio e head de renda variável da Veedha Investimentos, o comportamento do Ibovespa e dos demais ativos brasileiros esteve relativamente moderado hoje mesmo após a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump de impor tarifas de 50% a produtos brasileiros que são vendidos para aquele país. Em sua visão, isso acontece porque o “Brasil não está no bate-boca” com os Estados Unidos.
Com a queda de hoje, o índice da B3 acumulou a quinta desvalorização consecutiva. Na véspera, o Ibovespa fechou em baixa de 0,54%, aos 136.743,26 pontos, com declínio semanal de 3,20%, após uma alta de 3,21% na semana anterior.
No mercado de câmbio, o dólar hoje fechou em alta de 0,04% a R$ 5,5475. “No Brasil, o ambiente é de ‘caos perfeito’: por um lado, o impasse em torno do novo modelo de recolhimento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) gera ruído local; por outro, o mercado segue atento às possíveis tarifas que Trump pretende aplicar, ainda sem definição clara”, diz o analista de investimentos do Andbank, Fernando Bresciani.
Como empresas do Ibovespa reagiram após tarifaço de Trump?
No último pregão, o Ibovespa fechou em baixa de 0,54%, aos 136.743,26 pontos, em repercussão à decisão do presidente americano. A alíquota de 50% sob produtos é a mais alta divulgada a partir das cartas enviadas pelo republicano aos países desde o início desta semana.
A queda só não foi maior por causa das ações de Vale e Petrobras que conseguiram buscar um respiro dentre os papéis mais afetados pelas tarifas. Nesta tarde, o movimento se repetiu. As ações da Vale subiram 1,30% nesta sessão. Já Petrobras avançou 1,21% (PETR4) e 0,40% (PETR3).
Entre as ações que mais sofreram com o tarifaço americano, estiveram os ativos da Embraer (EMBR3), que recuaram 3,7% no último pregão. O tombo sinaliza a preocupação dos investidores com o risco da fabricante de aeronaves ser a mais afetada pelas taxas americanas, caso seja obrigada a absorvê-las sem repasse aos clientes. As ações da Embraer retomaram queda nesta sexta-feira, a 1,35%.
Na lista de principais perdas da quinta-feira, também estiveram as ações da Minerva (BEEF3), que cederam 1,28% no Ibovespa. A empresa, que é forte em exportação, informou que o impacto potencial das tarifas dos EUA impostas ao Brasil representa 5% da receita líquida da empresa. Os papéis da empresa caíram 0,55% nesta sexta-feira.
Ibovespa hoje: o que o investidor acompanhou nesta sexta-feira (11)
Agenda econômica do dia
A repercussão de novas tarifas comerciais dos EUA e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) no Brasil foram os destaques da agenda econômica desta sexta-feira (11).
O volume de serviços prestados subiu 0,1% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado de maio ficou abaixo da mediana das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,2%. O intervalo de projeções ia desde uma queda de 0,2% a alta de 0,9%.
A despeito de as altas terem vindo menores do que as esperadas pelo mercado, o crescimento apurado em maio deixa uma herança estatística positiva para o setor de serviços: 0,9% para o segundo trimestre deste ano e 1,9% para o consolidado de 2025.
Ou seja, os dados sugerem que a atividade ainda está aquecida, apesar de demonstrarem alguma perda de dinamismo, podendo reforçar apostas de Selic elevada em 15% ao ano por um longo período. Isso tende a ser prejudicial principalmente a ações de varejistas, ligadas ao consumo na B3.
O economista Rodolfo Margato, da XP, avalia em nota que a maioria dos segmentos da Pesquisa Mensal de Serviços mostrou crescimento em maio. Ainda assim, ele observa que houve sinais adicionais de desaceleração, o que é compatível com o cenário da XP para a atividade doméstica neste ano: de arrefecimento gradual.
Já Leonardo Costa, economista da instituição financeira ASA, avalia que o setor de serviços segue resiliente, com expansão disseminada entre os segmentos mais estruturais da economia (TI, transportes, publicidade e consultoria), mas a fraqueza no consumo presencial e a desaceleração no transporte de cargas indicam que o ritmo de crescimento pode continuar moderado nos próximos meses. “O cenário segue sendo de desaceleração gradual do PIB ao longo do ano”, diz.
Bolsas globais buscam recuperação após tarifas
As bolsas da Europa fecharam em queda hoje, refletindo um aumento no pessimismo sobre um acordo comercial favorável à União Europeia com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ao longo da semana, os índices no continente obtiveram ganhos observando as negociações, no entanto, o tom se alterou com a postura mais recente do republicano.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 1,01%, a 547,34 pontos. Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,38%, a 8.941,12 pontos. Em Frankfurt, o DAX recuou 0,82%, a 24.255,31 pontos. Em Paris, o CAC 40 cedeu 0,92%, a 7.829,29 pontos.
As bolsas de Nova York encerraram em queda nesta sexta-feira, após os índices S&P 500 e Nasdaq renovarem recordes de fechamento na véspera. Os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) subiram e o dólar hoje avançou frente a moedas de economias desenvolvidas.
As bolsas asiáticas fecharam mistas e com variações modestas nesta sexta-feira (11), à medida que investidores seguem cautelosos em meio aos anúncios tarifários do governo Trump.
Isenção do Imposto de Renda pode subir até R$ 7.350
O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), relator do projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda, defendeu ampliar a isenção parcial para R$ 7.350, acima dos R$ 7 mil propostos pelo governo, com impacto de até R$ 18 bilhões em três anos, sinalizando discussão na Comissão Especial, na próxima semana.
Ele também listou os títulos atualmente isentos que continuarão fora do alcance do tributo, numa tentativa de adaptar a proposta caso avance a medida provisória que prevê taxação de 5% sobre esses papéis, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) – leia mais sobre o que foi denifido sobre o Imposto de Renda.
Commodities hoje: petróleo e minério avançam
O petróleo, que caiu mais de 2% na véspera, subiu nesta sessão. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para agosto fechou em alta de 2,82% (US$ 1,88), a US$ 68,45 o barril. Na semana, o WTI acumulou alta de 3,10%. Já o Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), subiu 2,51% (US$ 1,72), a US$ 70,36 o barril – avanço de 2,90% na semana.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em alta de 1,8%, cotado a 764 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 106,48.
Mercado brasileiro acompanha discussões sobre IOF
No cenário fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com o ministro do STF Alexandre de Moraes, em meio à proximidade da audiência de conciliação sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), na próxima terça-feira (15).
O presidente Lula afirmou que vai manter o aumento do IOF, porque, se tiver que cortar R$ 10 bilhões em despesas, deve afetar as emendas parlamentares.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Daniela Amorim, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast