Gol (GOLL54) cai mais de 60% após fim do prazo para subscrição. Foto: Adobe Stock
As ações da Gol (GOLL54) afundam no pregão desta terça-feira (15), após o final do prazo para investidores exercem seus direitos de subscrição na empresa. Às 14h34, os papéis recuam 60,72% a R$ 9,82. Na mínima da sessão, chegaram a atingir o patamar de R$ 9. Mas há uma “pegadinha” no número. Como o ativo negocia em lotes de 1 mil ações, é necessário dividir o seu preço de tela por 1 mil. Isso significa que a ação agora está sendo cotada agora, na verdade, a R$ 0,00982.
Até segunda-feira (14), quem tinha posição acionária na companhia aérea em 11 de junho precisava decidir se subscreveria (compraria) novas ações. A possibilidade acontece porque a empresa passou por um aumento de capital de R$ 12 bilhões, que envolveu a emissão de 8,1 trilhões de ações ordinárias (a R$ 0,00029 por ação) e 968 bilhões de ações preferenciais (a R$ 0,01 por ação). Segundo os cálculos do BTG Pactual, se o investidor não subscrevesse, a diluição acionária seria de 99,8%. Isso significa que, caso um acionista detivesse 100% da companhia, passaria a ter apenas 0,2%.
No caso da Gol, para cada ação GOLL4 antiga, o acionista da empresa aérea teve o direito de subscrever 2.861 ações novas por R$ 0,01. Um investidor com 100 ações até o dia 11 de junho, por exemplo, recebeu 286.100 direitos de subscrição, representados pelo ticker GOLL2.
Como mostramos nesta reportagem, analistas do mercado recomendavam a venda dos direitos de subscrição. O entendimento do BTG é de que, mesmo com o processo de reestruturação, a alavancagem da Gol permanecerá elevada, em 5,4 vezes, considerando a medição realizada pela relação do valor da companhia (EV) sobre o lucro antes dos juros, tributos, depreciação e amortização (Ebitda).
Existia ainda a expectativa de que o preço do papel da empresa recuasse no curto prazo para o valor de subscrição, de R$ 0,01, como ocorre agora. O entendimento dos analistas era que esse movimento aconteceria porque existiria uma enxurrada de ações no mercado com os investidores “correndo” para vender as ações da companhia.
Welliam Wang, gestor de fundos de ações da AZ Quest, explica que existem as chamadas sobras de subscrição, que são geradas quando nem todos os investidores exercem seu direito de subscrição durante o período pré-determinado. Essas “sobras” ficam disponíveis posteriormente para que os acionistas tenham mais uma oportunidade de adquirir novos papéis.
Se o investidor optar por subscrever, ele ganhará um novo ticker na carteira: o GOLL10, que representa o recibo de subscrição. Esse registro comprova que o investidor manifestou sua intenção de adquirir as novas ações. “A partir daí, pode levar semanas para que GOLL10 se torne, de fato, GOLL54. Nesse período, devem ocorrer distorções nos preços das ações”, diz.
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Os recibos podem ser negociados no mercado à vista da B3 até serem convertidos em ações. Segundo Wang, embora GOLL54 e GOLL10 sejam ativos da mesma empresa, a diferença de liquidez entre eles tende a gerar comportamentos distintos. Além disso, as negociações de investidores pessoa física, menos familiarizados com esse tipo de operação, pode acentuar as variações nos preços. Segundo os dados mais recentes da B3, existem 98.276 CPFs, 244 pessoas jurídicas e 94 investidores institucionais com ações da Gol.