O Dow Jones fechou em queda de 0,98%, aos 44.023,29 pontos. O S&P 500 caiu 0,40%, nos 6.243,76 pontos e o Nasdaq terminou o dia com ganho de 0,18%, aos 20.677,80 pontos, nova máxima histórica de fechamento.
Nesta manhã, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o governo americano não irá apressar as negociações comerciais com outros países por conta de “algum deadline do mercado”. “Essa obsessão de focar nos mercados não é certa”, disse, ao reiterar a ameaça de que caso os países não ofereçam bons negócios, “as tarifas podem voltar”.
Já o CPI mostrou sinais limitados de qualquer impacto tarifário, mas a Capital Economics continua pensando que uma recuperação da inflação segue um obstáculo para os mercados de ações dos EUA neste ano. Para as ações, a calmaria nos mercados de Treasuries provavelmente contribuiu para a alta do S&P 500 ao longo desses meses, mesmo que apenas abrindo caminho para que outros fatores impulsionassem as ações.
“Esses fatores incluem uma recuperação no setor de tecnologia, impulsionada hoje pela notícia de que a Nvidia e a AMD poderão retomar as vendas de chips para a China. E, apesar do início misto da última temporada de resultados hoje, os papéis foram impulsionados por uma recuperação nas expectativas de lucros em todo o mercado de ações dos EUA nos últimos meses”, aponta a consultoria. A Nvidia subiu 4,04% e a AMD avançou 6,41%. Nos balanços, a ação da Black Rock perdeu 5,88%, apesar de agradar com os resultados, enquanto a do Wells Fargo recuou 5,48%, com decepção na receita de juro, a do JPMorgan caiu 0,74%, ainda com o alerta do CEO Jamie Dimon sobre riscos futuros, e a do Citigroup avançou 3,73%, após superar previsões de lucro.
A Boeing caiu 0,22%, mesmo após Trump informar que um acordo comercial com a Indonésia prevê a compra de 50 jatos da fabricante de aeronaves americana, “muitos deles” do modelo 777. Já o órgão regulador da aviação da Índia ordenou que as aéreas que operam vários modelos da Boeing vistoriem os interruptores de controle de combustível, dias depois que uma investigação sobre o acidente do avião da Air India no mês passado descobriu que eles estavam desligados, deixando os dois motores sem combustível. A ação da MP Materials saltou 20,02% após a Apple (+0,23%) assumir um compromisso de US$ 500 milhões para comprar ímãs de terras raras da principal unidade da empresa em Fort Worth, Texas.
Juros dos EUA sobem na sessão
Os juros dos Treasuries operaram em alta hoje, em sessão que teve como destaque a divulgação do CPI de junho dos Estados Unidos. As medidas de inflação apontaram para uma possível continuidade na postura conservadora do Federal Reserve (Fed), que não deve cortar juros antes de setembro, o que contribuiu para um avanço nos rendimentos. Como resultado, o T-bond de 30 anos ultrapassou os 5%, algo que não ocorria desde 4 de junho
Por volta das 17h (horário de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 3,953%. O rendimento da T-note de 10 anos avançava a 4,484%, enquanto o do T-Bond de 30 anos tinha alta a 5,012%.
A leitura de junho do CPI dos EUA mostra que “ficaram evidentes” sinais de tarifas afetando os preços ao consumidor, mas com o impacto das tarifas ainda nos estágios iniciais, o Fed deve manter sua postura de “esperar para ver” na próxima reunião que acontece no fim de julho, avalia o Wells Fargo. Para o banco americano, no entanto, o BC americano deve cortar os juros em setembro. O mercado reduziu significativamente a aposta de corte de juro pelo Fed em setembro, mas ainda vê este cenário como o mais provável, segundo ferramenta de monitoramento do CME Group. Além dos dados de inflação, ocorreram novos pedidos de Trump por redução de juros pelo BC americano.
Para a Capital Economics, a sequência de surpresas negativas aparentemente teve pouco impacto no rendimento dos títulos de 10 anos. Apesar de algumas oscilações entre os relatórios do CPI, esse rendimento acabou voltando ao seu nível atual de próximo de 4,45% após cada um dos últimos quatro relatórios, pontua. Segundo a consultoria, os sinais de inflação de curto prazo apontam para uma alta geral dos preços acima de 3%, sugerindo que os participantes do mercado, e o Fed, mantêm a visão de que as tarifas acabarão elevando a inflação de forma mais significativa.
“Além disso, se Trump mantiver suas ameaças de aumentar ainda mais as tarifas a partir de 1º de agosto, os riscos percebidos de alta para a inflação provavelmente aumentarão ainda mais. É por isso que mantemos nossa visão de que a inflação se recuperará e ajudará a manter o Fed em espera este ano. Se estivermos certos, isso pressionará para cima os rendimentos de curto prazo, visto que dois cortes de juros ainda estão descontados para este ano”, conclui.
Dólar sobe em relação a moedas globais
O dólar retomou alta ante principais pares nesta terça-feira após detalhes do relatório de inflação ao consumidor nos Estados Unidos gerarem um suporte para a moeda no mercado internacional. Os números de junho aceleraram em linha com as expectativas dos analistas, mas, por baixo da superfície, a alta dos preços de alguns produtos sugeriu que as tarifas poderiam impulsionar novos aumentos. Isso acabou sustentando a avaliação de que o Federal Reserve poderia manter as taxas de juros estáveis por mais tempo.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em alta de 0,54%, a 98,616 pontos. Por volta das 16h50 (de Brasília), o dólar subia a 148,90 ienes, enquanto o euro recuava a US$ 1,1602 e a libra cedia a US$ 1,3389.
“O grande medo das autoridades do Fed é que águas mais turbulentas estejam por vir”, escreveu o estrategista Matthew Ryan, da fintech Ebury.
Na sessão, falas de membros do Fed abordaram o efeito das tarifas. A presidente do Fed de Boston, Susan Collins, disse que as boas margens de lucro das empresas podem limitar o repasse do custo das tarifas para os consumidores. Tom Barkin, do Fed de Richmond, disse que “antecipo que mais pressão está a caminho”. Os detalhes do levantamento não impediram o presidente dos EUA, Donald Trump, de defender que o Fed reduza imediatamente as taxas de juros.
Pela manhã, o iene caiu ao menor nível desde 3 de abril. O dólar chegou a 149,026 ienes na máxima.