O Goldman Sachs rebaixou a recomendação da Usiminas (USIM5) de compra para neutro e cortou o preço-alvo de R$ 8,4 para R$ 5,2, o que implicaria em uma potencial de alta de 23%. “Apesar dos recentes ganhos no preço das ações e na lucratividade, acreditamos que a Usiminas ainda enfrenta desafios cíclicos e estruturais significativos, principalmente explicados pelas exportações de aço elevadas (e competitivas) da China em 2025, bem como pela necessidade de execução contínua de capex acima da depreciação para melhorar a eficiência e a competitividade estrutural”, afirmaram os analistas Marcio Farid, Emerson Vieira e Henrique Marques.
Eles afirmam que a tese otimista sobre a Usiminas foi baseada em ganhos competitivos esperados em relação à renovação de seu principal alto-forno em 2019, mas os ganhos foram muito menos materiais do que o esperado. “O que acreditamos ser parcialmente explicado por baixos níveis de integração de carvão coque próprio (por exemplo, 30%), enquanto a feroz competição com volumes importados (principalmente da China) apagou a melhoria das margens”, argumentam.
Os analistas avaliam que a Usiminas precisará executar mais Capex para aumentar sua competitividade. Em um exemplo dado no relatório, um possível investimento em plantas de carvão coque seria equivalente a 40% do valor de mercado da companhia: de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões, o que não seria visto positivamente pelo mercado devido aos lucros deprimidos da empresa. “A Usiminas continua operando com uma desvantagem de custo em relação aos pares, com Ebitda por tonelada em cerca de 40% abaixo dos pares em média em 2025 a 2027”, afirmaram.
Eles acrescentam ainda que a demanda por aço tem sido forte no Brasil e acima dos níveis normalizados, com riscos potenciais de queda à frente, em vista do “efeito retardado” da política monetária restritiva do governo.
“Ao mesmo tempo, as importações (principalmente da China) devem permanecer elevadas em 2025 e limitar o potencial de preço no curto prazo. O sistema de cotas foi renovado em 27 de maio de 2025, sob mais ou menos os mesmos critérios e, em nossa visão, continuará sendo insuficiente para conter o dumping, deixando assim um escopo limitado para preços mais altos do aço no Brasil”, escrevem ainda Farid, Vieira e Marques.
Eles também mencionam que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu um período de 60 dias para que a CSN apresente um plano de venda das ações da Usiminas que possui, embora nenhum parâmetro específico tenha sido definido pelo CADE. “Embora não tenhamos uma opinião sobre o resultado, acreditamos que a sobrecarga nas ações da Usiminas deve permanecer no curto prazo”, acrescentam.