As ações da Braskem (BRKM5) despencaram no pregão desta sexta-feira (18) e fecharam o dia com uma desvalorização de 7,59%, aos R$ 8,28. A forte reação negativa nos papéis ocorre em função de dois fatores: o avanço do megaempresário Nelson Tanure na empresa e uma nova ação judicial bilionária contra a companhia.
Na última quarta-feira (16), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a operação que pode resultar na transferência de ações da Novonor (antiga Odebrecht), que possui 50,1% do capital da Braskem, para o “Petroquímica Verde FIP”, fundo ligado a Tanure. Na prática, essa aprovação deixa o executivo mais próximo do controle da companhia.
Entretanto, os riscos relativos a uma eventual reestruturação da dívida da companhia conduzida pelo novo acionista preocupam o mercado. Após a chancela do Cade, é necessário, por exemplo, que Tanure conclua negociações com bancos credores que detêm ações da Novonor como garantia do pagamento de dívidas.
“Na prática, Tanure concluiu a diligência na NSP (holding da Novonor), mas o processo na Braskem ainda está em fase inicial. A expectativa é de um avanço rápido, o prazo estimado para conclusão é de 90 dias. No entanto, as conversas com bancos seguem em caráter consultivo, sem uma proposta formal, e há resistência de algumas instituições em aceitar descontos nos créditos“, afirma Christian Iarussi, economista e sócio da The Hill Capital.
Outro ponto que pressiona os papéis é uma nova ação judicial de R$ 4 bilhões contra a Braskem, em decorrência da desvalorização de 22 mil imóveis que estavam localizados na região afetada pelo afundamento do solo em Maceió (AL), resultado da exploração de sal gema pela petroquímica. “Apesar de o empresário manter o interesse na compra das ações, o tema acabou atravessando a agenda da diligência. Tanure, inclusive, contratou a consultoria Aecom para aprofundar a análise e estruturar uma resposta técnica ao caso, que é visto como o principal passivo contingente da empresa”, diz Iarussi. “Além de Braskem, as empresas exportadoras de proteína também sofreram com o clima de aversão ao risco, impactadas pelo tarifaço americano.”