As ações daFleury(FLRY3) disparam no pregão desta segunda-feira (21) após rumores de que a companhia recebeu uma proposta de aquisição da Rede D’Or (RDOR3). Em nota, as duas empresas disseram que ainda não existe nenhuma decisão ou proposta a respeito de eventual transação. Analistas do mercado financeiro, porém, estimam que a operação criaria um ecossistema completo de saúde e, naturalmente, acumularia algum prêmio para os acionistas da empresa de diagnóstico.
Por volta das 15h, as ações da Fleury subiam 15,04%, a R$ 14,53. No mesmo horário, o Ibovespa avançava 0,56%, a 134.125,48 pontos. No fim de semana, o jornal O Globo e o portal Brazil Journal informaram haver negociações entre a Rede D’Or e o Bradesco (BBDC3; BBDC4) para uma eventual operação envolvendo o Fleury.
Segundo os analistas do BTG Pactual, uma possível aquisição do Fleury pela Rede D’Or pode ser estratégica para a rede de hospitais ao ao ampliar a presença da empresa em toda a jornada do cuidado médico. “A Rede D’Or ainda tem uma presença limitada em diagnósticos — um setor que representa cerca de 20% do total de sinistros médicos no mercado de saúde privada”, afirmam os analistas Samuel Alves e Maria Resende, em relatório.
Para os dois, a transação ampliaria o mercado endereçável e aumentaria a competitividade. Além disso, pode elevar a captação de pacientes e gerar mais volume para os hospitais, criando uma potencial rede de diagnósticos. O banco pondera que é improvável que apenas as sinergias da possível fusão, por si só, consigam impactar significativamente o patrimônio da Rede D’Or. O valor de mercado do Fleury é de R$ 7 bilhões, enquanto o da Rede D’Or soma R$ 75 bilhões.
Já os analistas do Citi explicam que o Bradesco não é apenas o maior acionista da Fleury, com participação de quase 25%, mas também o maior cliente dos hospitais Rede D’Or e parceiro recente na criação de sua joint venture hospitalar, a Atlantica D’Or. Segundo o Citi, a Atlantica poderia eventualmente ser o veículo para um possível acordo. “Os detalhes permanecem escassos agora, embora acreditemos que méritos estratégicos e oportunidades de sinergia sejam bem visualizados ‘no papel’, lembramos que as discussões sobre avaliação e governança geralmente não são simples”, disseram os especialistas.
Aquisição da Fleury pela Rede D’Or pode reduzir despesas
O Goldman Sachs, por sua vez, avalia que a aquisição do Fleury pela Rede D’Or teria mérito estratégico, caso venha a se concretizar. A operação, segundo o banco americano, seria uma tentativa da administradora de hospitais de aumentar a sua participação na jornada dos pacientes, do atendimento primário à hospitalização, ao entrar no mercado de diagnósticos por meio da aquisição de um importante operador.
“Embora não tenhamos uma visão sobre o valor presente líquido (VPL) de quaisquer sinergias potenciais que surgiriam deste negócio se ele se materializar, acreditamos que a Fleury poderia se beneficiar sob a gestão da Rede D’Or de melhores termos de aquisição (especialmente em materiais, nos quais haveria alguma sobreposição com a Rede D’Or) e uma estrutura de despesas gerais e administrativas (G&A) mais enxuta, sem mencionar o potencial de maior poder de barganha ao negociar com pagadores”, diz Gustavo Miele, que assina o relatório do Sachs.
O Goldman vê ainda a Rede D’Or operando com uma relação dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de duas vezes no fim de 2025, o que considera saudável, ao passo que a alavancagem da Fleury é de 1,5 vez, ainda menor. “Não acredito que a capacidade do balanço patrimonial seria um grande obstáculo neste potencial negócio, mesmo que ocorresse totalmente em dinheiro”, explica Miele.
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Sendo assim, os analistas estão otimistas com a fusão, mas ressaltam que o investidor que possui ações da Fleury (FLRY3) deve ficar atento às possíveis divulgações sobre o assunto.