Felipe Guerra, da Legacy Capital, João Landau, da Vista Capital, e Luis Stuhlberger, da Verde Asset, estão otimistas com o Brasil. Apesar do risco fiscal, da iminência das tarifas impostas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros, dos juros de dois dígitos. No trigger positivo, estão as eleições presidenciais de 2026 – e a possibilidade de que o pleito traga uma virada do poder à direita, como torcem os gestores.
Na Legacy, gestora multimercados com R$ 15 bilhões sob gestão, o trade de eleição já está na carteira. Mas o cenário é dual, alerta o sócio fundador e CIO. “Temos uma visão bem otimista dado o que temos visto nas últimas pesquisas, por acreditar que vai ter uma alternância de poder”, disse Guerra nesta sexta-feira (25) na Expert XP. “Mas, no caso de uma reeleição, talvez o mercado hoje subestime o que pode acontecer.”
A visão é de que o Banco Central pode iniciar o ciclo de cortes de juros ainda este ano; com reduções grandes de Selic e não “essa história de 25 pontos”. Um ajuste que pode aliviar as empresas brasileiras e, somado à euforia eleitoral, levar a Bolsa a ganhos importantes na virada de 2025 e 2026.
João Landau, CIO da Vista, gestora com R$ 2 bilhões em AuM, concorda. Filho da economista Elena Landau, ele não costuma opinar sobre o cenário político, disse na Expert. Mas fala com convicção sobre como uma vitória da direita, sobretudo na figura do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), impulsionaria o mercado.
“Sou cético com política, mas nessa especificamente tenho uma convicção muito grande de que teremos uma virada à direita. E tomara que seja com Tarcísio”, afirmou. O posicionamento da carteira pensando no cenário eleitoral é comprar juro real; uma estratégia que pode ir bem com o fechamento da curva, no caso de uma vitória da direita, ou proteger a carteira de uma piora da inflação, no caso de reeleição do presidente Lula (PT). “Juro real vai bem com Tarcísio e com Lula reeleito. O pior é o CDI”, pontuou.
Stuhlberger: cautela e volta à Bolsa brasileira
A visão mais cautelosa é de Luis Stuhlberger, fundador da Verde, gestora multimercados com R$ 17 bi sob gestão. Na Expert, ele concordou com a visão de que a alternância de poder em 2026 traria bons ventos ao mercado brasileiro. Mas ponderou que o caminho até as eleições, ao menos 15 meses a frente, ainda é longo.
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O Fundo Verde voltou a comprar Bolsa brasileira há pouco tempo, mas mantém a alocação baixa em relação ao potencial que poderia ter justamente porque prefere esperar para ver.
“Vamos entrar em uma eleição dividida, dificilmente o mercado vai estar apostando mais de 60/40 para o Tarcísio. O que dá para fazer, sem sombra de dúvida, é comprar opção. De qualquer coisa”, disse.
Os contratos de opções são instrumentos derivativos utilizados no mercado para mitigar riscos de oscilações de preço. “Pela volatilidade atual, o prêmio para comprar opções de EWZ ou de dólar real é muito grande. Nos preços atuais, me parece bom”, disse Stuhlberger.