

A Vista Capital fez muito dinheiro com posições compradas em petróleo nos últimos anos. A commodity voltou à carteira este ano, depois de um hiato desde 2023, mas com um direcionamento diferente.
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A Vista Capital fez muito dinheiro com posições compradas em petróleo nos últimos anos. A commodity voltou à carteira este ano, depois de um hiato desde 2023, mas com um direcionamento diferente.
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Em março, a gestora do CIO João Landau, com R$ 2 bilhões sob gestão, abriu uma posição vendida na tese pois enxergava problemas de sobreoferta. Em abril, viu o fundo macro render 3.481% do CDI, liderando os ganhos da indústria de multimercados daquele mês, graças à aposta na queda dos preços dos barris. Contamos aqui.
Agora, a carta de gestão referente a julho, publicada nesta quarta-feira (13), mostra que o pessimismo da Vista com o petróleo chegou à Petrobras (PETR4). Depois de seis anos comprada na estatal, a gestora iniciou uma posição short no papel.
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Isso já tinha sido sinalizado pela asset em cartas anteriores, mas é a primeira vez que a casa explica a mudança na estratégia em relação à petroleira brasileira em detalhes.
No documento, a gestora diz que segue convencida de que os atuais preços do petróleo, sobretudo após a alta vista em julho, não são sustentáveis no médio prazo. O mercado continua com estoques elevados, a OPEP+ abandonou seu papel de estabilizador de preços e a demanda pela commodity está estruturalmente pressionada pela transição para fontes de energia renovável e mudanças no consumo global, argumenta a carta.
O caso da Petrobras vai além da questão do petróleo. A Vista destaca que, por quase seis anos, se beneficiou de “dividendos vultosos”, mantendo a posição comprada na estatal em meio ao que chama de persistência dos riscos de governança, trocas de presidentes e críticas do Executivo.
No cenário atual, no entanto, a empresa tem pouca margem de segurança para justificar o investimento em meio a sinais de deterioração na governança e iniciativas de investimento “questionáveis”. ”
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O argumento é que a conta não fecha. A companhia mantém a estratégia de distribuição integral do caixa, herdada do governo anterior, mas tem compromissos de longo prazo em investimentos que superam os R$ 140 bilhões ao ano.
“A decisão estratégica de não produzir plataformas no Brasil – correta para mitigar riscos de atrasos e corrupção – acabou esbarrando em uma política financeira arriscada: usar o caixa destinado a investimentos para pagar dividendos, enquanto os dispêndios de leasing seguirão ocorrendo pelas próximas décadas. É como vender um imóvel para aplicar o capital no CDI e, ao mesmo tempo, comprometer-se com o pagamento de um aluguel vitalício – uma combinação que não preserva o principal e reduz a resiliência no longo prazo”, diz a carta.
O resultado do 2º trimestre da Petrobras ilustra essa dinâmica. Com o barril de petróleo a R$ 385, a empresa gerou R$ 42,5 bilhões de caixa operacional. Mas consumiu R$ 38,1 bi entre capex, leasing e juros. E optou por pagar dividendos quase duas vezes a geração de caixa, financiados pelo aumento do endividamento.
A Vista entende que o leasing está sendo subavaliado nos modelos, distorcendo a análise do fluxo de caixa da companhia. Nesse sentido, com a real capacidade da Petrobras de investir e pagar dividendos superestimada, um ajuste seria inevitável – e abrupto, se a queda do petróleo continuar.
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“No preço atual do petróleo (US$ 70/barril), a geração de caixa livre é mínima; se o barril recuar de forma mais acentuada, a empresa será forçada a cortar dividendos e reduzir investimentos – ou revisitar debates sobre sua solvência, como no período Dilma.”
Nem mesmo o debate eleitoral poderia salvar a Petrobras. O “trade de eleição” – um posicionamento mais favorável do mercado a ativos de risco, incluindo ações de estatais pensando na possibilidade de alternância de poder em 2026 – já está na pauta, incluindo da gestora de Landau. Na carta, a Vista diz que está otimista em uma vitória de uma coalização de centro-direita na disputa política do próximo ano.
Essa possibilidade tem feito alguns players se movimentarem, especialmente tendo em vista o desconto a que as ações de empresas estatais negociam. PETR4 continua abaixo dos pares internacionais, com uma queda de 11% em 2025, enquanto o Banco do Brasil (BBAS3) vive um pesadelo perfeito na Bolsa.
Como mostramos aqui, tem quem veja que os dois papéis possam dobrar de valor com as eleições de 2026.
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Mas a Vista é cética com o caso Petrobras. “Nem mesmo uma eventual vitória de centro-direita em 2026 resolveria essas fragilidades, pois a exposição crescente ao câmbio e o baixo desconto de governança limitam o upside.”
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