Banco do Brasil (BBAS3) divulga balanço hoje após fechamento do mercado. Foto: Adobe Stock
O Banco do Brasil (BBAS3) divulga o seu balanço do segundo trimestre de 2025 nesta quinta-feira (14) após o fechamento do mercado. Além do lucro da empresa, outros indicadores também devem ficar no radar dos investidores, como números de inadimplência, Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês) e possíveis mudanças no payout (porcentagem do lucro distribuída na forma de dividendos).
Desde maio, quando o BB reportou um resultado muito abaixo do esperado, diferentes bancos e corretoras passaram a ter recomendação neutra para o papel, em vez de compra, reduzindo ainda os preços-alvo. As projeções para o balanço do segundo trimestre da empresa também foram cortadas.
O principal ponto de atenção do mercado tem sido a deterioração da carteira do agronegócio, um setor que agora enfrenta alta na inadimplência e nos pedidos de recuperação judicial. Explicamos no detalhe de onde vem esse movimento e por que ele afeta mais a estatal do que os pares privados nesta reportagem.
Mas o problema não está apenas no agro. O mercado também enxerga que as carteiras de pessoa física e de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) do BB podem ser pressionadas, especialmente diante de um cenário de Selic elevada.
Abaixo, o E-Investidor reuniu os principais números que devem ser acompanhados na leitura do balanço do Banco do Brasil.
O que prestar atenção no balanço do BB
Lucro líquido
Uma das últimas a revisar seus projeções, a Genial Investimentos reduziu sua estimativa de lucro líquido do BB para R$ 5,1 bilhões no segundo trimestre, representando uma queda anual de 46,6%. A projeção, no entanto, ainda é otimista quando comparada com a de outras casas do mercado.
O Safra é um dos que preveem o pior número, de R$ 4,64 bilhões, enquanto Goldman Sachs, Ágora Investimentos e XP Investimentos têm estimativas de R$ 4,98 bilhões, R$ 4,89 bilhões e R$ 5,38 bilhões, respectivamente.
Inadimplência
A Genial espera que a inadimplência acima de 90 dias do Banco do Brasil encerre o segundo trimestre em 4,4%, refletindo uma deterioração relevante de 0,54 ponto percentual na comparação trimestral e de 1,4 ponto percentual na comparação anual. No primeiro trimestre, o banco já viu o indicador chegar a 3,9%, alta de 1 ponto porcentual na comparação com os 2,9% do mesmo período de 2024.
“A alta continua sendo puxada pelo segmento agro, impactado pelo início dos vencimentos do Plano Safra de 2024 a partir de abril, que não vêm sendo honrados no ritmo esperado. O cenário permanece desafiador, com a inadimplência no setor seguindo em escalada, refletindo o desequilíbrio entre endividamento elevado e margens mais pressionadas dos produtores”, avalia a corretora.
Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE)
A equipe do Safra espera a rentabilidade do BB em 10,3% no segundo trimestre de 2025, queda de 11,3 pontos porcentuais em relação ao ROE de 21,6% do segundo trimestre de 2024, em função da alta da inadimplência. O Goldman Sachs tem projeção ainda pior, com ROE de 10,2%. Na XP, a expectativa é de que o ROE fique em 12%, uma das estimativas mais otimistas. Já a Genial espera que o indicador recue para 10,9%.
De forma geral, as cifras projetadas indicam que a rentabilidade do BB está abaixo do custo de capital de 14,9%, com base no Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
Payout
As expectativas para o pagamento de dividendos também foram alteradas. O BTG acredita que o Banco do Brasil pode reduzir seu payout para 30%. “Apesar de o P/VPA (preço sobre valor patrimonial) mais recente estar em um ‘barato’ 0,63 vez, com lucros significativamente menores e payout reduzido, vemos um dividend yield (rendimento de dividendo) de apenas 5,6% em 2025, abaixo do Itaú (ITUB4)“, destaca.
A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI também esperam uma redução do payout dos atuais 40% para 30%. “Acreditamos que o banco adotará uma abordagem conservadora de capital durante o período de lucros pressionados”, avaliam.
A Genial, por sua vez, ainda não incorporou essa eventual mudança como premissa em seu modelo. A corretora pontuou, no entanto, que existe, sim, essa possibilidade – movimento que refletiria uma postura mais conservadora do Banco do Brasil, com foco na preservação de capital.