A XP (XPBR31) registrou lucro líquido ajustado recorde de R$ 1,32 bilhão no 2T25, alta de 18% em um ano. (Foto: Adobe Stock)
A XP (XPBR31) divulgou um balanço abaixo do esperado pelos analistas do Safra e do Citi no segundo trimestre de 2025 (2T25). Para analistas, a corretora surpreendeu com o lucro líquido, impulsionado pela redução das despesas com pessoal, enquanto as receitas e o lucro antes dos impostos (EBT, na sigla em inglês) mostraram “fraqueza”. Assim, os especialistas se dividem sobre as recomendações para investimento na corretora.
A receita bruta total foi de R$ 4,7 bilhões de abril a junho deste ano, crescimento de 4% frente ao mesmo intervalo de 2024 e de 2% contra o trimestre anterior, com o varejo puxando o número, segundo a XP. A receita líquida ficou em R$ 4,455 bilhões, alta anual de 6% e de 3% na trimestral.
Para os analistas do Safra, o faturamento ficou 3% abaixo da estimativa conservadora do banco. A cifra é vista ainda como pior pelos especialistas após o faturamento do BTG ter crescido 39% em relação ao ano anterior.
Eles explicam ainda que o varejo enfrentou os impactos das notícias do tarifaço de Donald Trump, presidente dos EUA, afastando o segmento da meta trimestral de R$ 20 bilhões.
“Temos sido mais conservadores em relação à XP há algum tempo, dados os desafios para sustentar sua vantagem competitiva no futuro, como evidenciado pelos desempenhos relativos no trimestre”, explicam os analistas do Safra.
O banco manteve sua recomendação neutra para a ação da XP por acreditar que os resultados não devem gerar revisão de lucros por parte do mercado. O preço-alvo é de US$ 23 para o papel negociado em Nova York, alta de 31% na comparação com o fechamento de segunda-feira (18).
“A tese de curto prazo deve continuar sendo de uma ação com avaliação relativamente barata, mas ainda não há espaço para recomendar compra para o papel devido ao cenário de mercado competitivo em um período macroeconômico desafiador para o mercado de capitais com a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 15% ao ano”, explicam os analistas do Safra.
Citi vê balanço fraco, mas ainda segue otimista com a XP
O lucro líquido da XP no segundo trimestre veio acima das estimativas do Citi. No entanto, informa o banco, a qualidade ficou aquém das expectativas, com um EBT 8% abaixo dos números dos analistas e uma “fraca” entrada líquida de varejo de R$ 16 bilhões.
As receitas brutas ficaram 6% abaixo das expectativas do Citi, com um crescimento anual de 5% no primeiro semestre, menor que o crescimento anual de 10% que o mercado espera para o ano fiscal de 2025, observam os analistas Gustavo Schroden, Brian Flores e Arnon Shirazi, em relatório.
“Houve queda nas receitas de varejo e, na comparação anual, a participação de ações diminuiu, enquanto as receitas de renda fixa e novas verticais ganharam representação, levando a uma queda de 4 pontos-base na taxa de captação”, acrescentam os profissionais. Ainda segundo eles, as receitas de serviços de emissão decepcionaram por conta da base de comparação forte e menor participação de mercado no trimestre.
Recomendação do Citi para ações da XP
O Citi ressalta também que o custo dos produtos vendidos foi negativo, crescendo 10% no ano, à frente das receitas. Por outro lado, as despesas operacionais aumentaram 13% em um ano, principalmente devido a despesas não relacionadas a pessoas, enquanto as relacionadas a pessoas cresceram apenas 4%, apesar do aumento de 10% no número de funcionários na comparação anual.
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Ao contrário do Safra, o Citi tem recomendação de compra para XP e preço-alvo de US$ 22. Para o banco, esse valor da ação é o que de fato deve refletir o lucro recorde da corretora, pois mesmo após um trimestre desafiador a XP conseguiu entregar um número acima do esperado na última linha do balanço.
O preço-alvo do Citi para a XP (XPBR31) implica em uma potencial alta de 25% sobre o último fechamento.