Pesquisa da Maturi e da Noz Inteligência mostra que 71% dos brasileiros acima de 45 anos não têm previdência privada. | Imagem: Adobe Stock
O envelhecimento acelerado da população brasileira aumenta a pressão sobre a previdência social e exige maior preparo financeiro dos trabalhadores, sobretudo em relação à aposentadoria. Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a parcela de idosos deve praticamente dobrar até 2040, quando uma em cada cinco pessoas terá mais de 65 anos.
Uma pesquisa da Maturi, empresa especializada em empregabilidade de pessoas com mais de 60 anos, em parceria com a Noz Inteligência, apresentada no MaturiFest em 21 de agosto de 2025, mostra que esse preparo ainda é incipiente: 71% dos entrevistados com 45 anos ou mais não têm previdência privada; 32,4% dos não aposentados dizem nunca ter feito planejamento financeiro para a aposentadoria; entre os aposentados, 22,4% relatam ausência total de preparo.
Planejamento financeiro
O levantamento Educação e Gestão Financeira na Maturidade ouviu pessoas entre 45 e 86 anos e aponta que 66,7% têm algum investimento — renda fixa (43,3%), renda variável (26,2%), poupança (19,6%) e imóveis (16,5%) — mas apenas 20,4% afirmam ter total controle financeiro mensal e 16,9% conseguem poupar todo mês. Entre quem tem ensino superior completo, 18,5% poupam mensalmente; entre os com ensino incompleto, esse percentual cai para 5,5%.
A falta de previdência privada aparece associada à ausência de planejamento: entre os não aposentados que não se planejam, 93,8% também não têm previdência. Entre os aposentados, 56,3% dizem ter se planejado pouco. Esses números traduzem fragilidade na organização financeira no momento em que a dependência de renda fixa tende a aumentar.
Desigualdade de gênero e conhecimento financeiro
Quase metade dos entrevistados (48%) declara ter pouco ou nenhum conhecimento em finanças, enquanto apenas 12,9% se consideram avançados. A diferença entre homens e mulheres é expressiva: 21,2% dos homens avaliam ter conhecimento avançado, contra apenas 8,1% das mulheres.
“As desigualdades de gênero na educação financeira são profundas e estruturais. Como mostra a pesquisa, essa disparidade não se deve à falta de interesse das mulheres, mas ao impacto de uma trajetória marcada por menor renda, menos acesso à informação e pouco protagonismo nas decisões financeiras. Garantir autonomia na maturidade exige enfrentar essas barreiras desde cedo e tornar o conhecimento financeiro mais acessível a todas”, afirma Juliana Vanin, economista e fundadora da Noz Inteligência.
Prioridades e riscos futuros
A pesquisa também revelou que, para os próximos cinco anos, 55% dos entrevistados têm como objetivo aumentar a renda; 35,2% querem ampliar reservas ou patrimônio; e 30% pretendem planejar a aposentadoria. Entre os mais velhos, os gastos com saúde aparecem como preocupação crescente: 59,3% dos participantes com mais de 65 anos citaram o tema entre os principais riscos para o futuro.
O que a pesquisa conta
Os dados mostram que o preparo financeiro da população em envelhecimento é insuficiente e representa risco tanto para indivíduos quanto para o sistema previdenciário. “A pesquisa reforça que o conhecimento financeiro não deve ser tratado como um desafio individual, mas como uma questão estrutural. Ações coordenadas de empresas, instituições e governos são essenciais para preparar a sociedade para o envelhecimento com mais dignidade e segurança”, analisa Mórris Litvak, CEO e fundador da Maturi.
O que é previdência privada
A previdência privada é um investimento de longo prazo que complementa a aposentadoria do INSS. O participante faz contribuições periódicas e pode optar por receber os recursos em renda mensal ou saque único. Ela não substitui o regime público, mas funciona como fonte adicional de renda na aposentadoria.