- Volume diário da empresa caiu 35%, puxado principalmente pela queda do consumo de combustível de aviação
- Principal fator negativo para as margens das empresas do setor devem ser as perdas no estoque no 1º trimestre de 2020
- BBI não muda sua visão a longo prazo e ainda acredita na rápida recuperação do setor
As empresas brasileiras ainda estão tentando mensurar os impactos da pandemia de covid-19 na economia. Para ajudar a entender o cenário, o Bradesco BBI realizou uma teleconferência com Rogério Fuchs, chefe do departamento de RI da BR Distribuidora (BRDT3), apresentando os desdobramentos da crise na companhia. Fundada em 1971, a empresa atua principalmente no segmento de distribuição e comercialização de combustíveis derivados de petróleo.
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Em julho de 2019, a Petrobras abriu o capital da BR Distribuidora na B3, embora ainda detenha 37,5% das ações. Presente em todos os estados brasileiros e no Distrito federal, ela é a maior empresa do setor.
O E-Investidor listou as 9 conclusões que o BBI fez sobre os impactos da crise na empresa.
1 – Volume diário caiu 35% no geral
A perda de volume diário está sendo mais sentida no combustível de aviação (-90%) do que nos outros derivados. A gasolina chegou a -50% na semana passada e melhorou para -30% nesta semana.
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O diesel tem sido mais resiliente, com volumes caindo em média 25% para a BRDT, com B2B sofrendo menos (-16%) e postos de gasolina com queda de 30%.
2 – Margens não estão sofrendo
A empresa não observou pressão nas margens até o momento, pois os preços mais baixos dos combustíveis nas refinarias ajudaram na sua sustentação.
Assim, em março elas já estavam em níveis saudáveis e a empresa começou a transferir quase todos os cortes nos preços para os revendedores, que se beneficiaram de uma recuperação considerável da margem.
Além disso, a BR Distribuidora também viu pouca pressão sobre os preços nos negócios B2B.
3 – Estoque será principal fator negativo para as margens no primeiro trimestre de 2020
No balanço do primeiro trimestre de 2020 o principal fator negativo para as margens das empresas do setor devem ser as perdas no estoque.
Segundo o BBI, a BR Distribuidora deve perder R$ 270 milhões por este fator.
4 – Market Share
A empresa não vê postos de combustível sem marca ganhando grande participação de mercado na crise, pois tem sido muito justa com seus revendedores, garantindo assim sua competitividade.
5 – Conversa com produtores de etanol
A BR Distribuidora adotou uma abordagem mais construtiva e negociou compras menores de etanol com seus produtores. Como está sem capacidade de armazenamento, ela está seguindo a linha da Petrobras e tentando replicar essa abordagem de negociar compras menores.
6 – Importações como percentual das vendas estão diminuindo
Até março, a BR Distribuidora importava cerca de 20% a 25% de suas vendas de gasolina e diesel. Houve ganhos nas importações em janeiro, mas principalmente em março, quando o prêmio doméstico por combustível se tornou muito elástico.
Os ganhos com importação foram sólidos no primeiro trimestre de 2020, mas não o suficiente para compensar as perdas de estoque. Em abril, a empresa começou a reduzir as importações e a comprar mais da Petrobras devido aos preços mais baixos.
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Com isso, depois de muitas negociações com a Petrobras, a BR Distribuidora importará apenas de onde a estatal não puder entregar. Além disso, as importações devem ter um percentual do total das vendas menor no segundo trimestre de 2020.
7 – BR Distribuidora ajuda seus revendedores
Com um executivo para cada 30/40 postos de gasolina, a empresa tem ajudado seus revendedores com corte de custos e capital de giro e os grandes postos de gasolina que vendem principalmente diesel não estão sentindo tanto a crise.
Como medida para ajudar a cortar custos, a empresa está recomendando os postos a abrir principalmente durante o dia ou, em alguns casos, abrir apenas aos domingos. Além disso, ela está reduzindo em 50% o aluguel em terrenos pertencentes à BR Distribuidora e adiantou o pagamento em alguns casos.
Em termos de capital de giro, a BR Distribuidora tem ajudado os revendedores com algumas faturas de combustível. Para alguns postos, ela está trabalhando com melhores preços ou permitindo pagamentos parcelados sem adiantamento.
8 – Redução de custos
Segundo a empresa, o primeiro trimestre de 2020 deve mostrar alguns efeitos positivos da redução de custos adotada, mas não na íntegra.
9 – A indústria pode se beneficiar com os preços baixos do petróleo por mais tempo
Com base em experiências anteriores, a empresa observou que os preços mais baixos do petróleo normalmente retiram muita pressão das margens. Desta vez, no entanto, os efeitos podem ser um pouco menores, pois no momento as pessoas tem suas rendas afetadas e o o grau de concorrência está diretamente relacionado à renda disponível.
Resumo
Na visão do BBI, o bate papo deixou a instituição financeira com uma percepção um pouco mais negativa das condições a curto prazo.
Isso porque a queda no volume diário da BR Distribuidora foi maior do que a esperada pelo banco (-35%, ante -27%) e também havia a expectativa era que a empresa continuasse importando de 20% a 25% do seu volume de vendas, pois para o BBI, a janela para tal movimento permanece aberta.
Apesar disso, o BBI afirma que não muda sua visão sobre a empresa a longo prazo, pois espera que o setor de distribuição de combustível seja um dos que irão se recuperar mais rapidamente quando a quarentena começar a ser reduzida.
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