- Em 2009, Emerson deixou a carreira no esporte após uma série de lesões, mas permaneceu trabalhando no meio. Contudo, nos últimos anos ele virou sócio do IBC, empresa de consultoria de investimentos no exterior
Aos 44 anos de idade, Emerson Ferreira da Rosa, ex-capitão da seleção brasileira, integra o time de novos empreendedores brasileiros no mercado americano.
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O atleta ficou conhecido por participar de duas Copas do Mundo pela seleção brasileira (1998 e 2006; em 2002, machucou o ombro num treinamento e acabou cortado da equipe pentacampeã mundial), além de jogar em sete clubes, tanto nacionais quanto internacionais. Em 2009, Emerson deixou a carreira no esporte após uma série de lesões, mas permaneceu trabalhando no meio. Contudo, nos últimos anos ele virou sócio do IBC, empresa de consultoria de investimentos no exterior.
Então, resolvi convidar o Emerson para uma conversa para o canal 1Bilhão Educação Financeira. O ex-jogador contou que durante sua carreira no futebol era muito complicado conciliar outros interesses, pois quando se está nesse mei, acaba por focar muito somente no esporte, mesmo sendo uma carreira que termina muito cedo.
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Primeiramente, gostaria de saber mais sobre a sua trajetória até os dias de hoje. Como você chegou onde chegou?
As pessoas estão acostumadas a olhar apenas aquele lado da história: o capitão da seleção brasileira que jogou em alguns clubes conhecidos pelo mundo. Mas, têm várias situações que nos levam até essas oportunidades para fazer uma carreira de sucesso.
Em meu clube de formação, eu dizia para os jovens que existem muitos querendo chegar na seleção brasileira e são 23 convocados a cada quatro anos. Imagina as chances? Elas são bem pequenas. Eu tive a felicidade de participar de quase três copas do mundo. Porém, é preciso saber lidar também com uma carreira muito traiçoeira em todos os sentidos.
O sucesso às vezes atrapalha porque a gente sai de uma vida, na maioria das vezes, de uma família humilde e pode chegar ao sucesso em pouco tempo. As pessoas acham que é só a parte financeira, mas não, o jogador de futebol fica conhecido antes de ganhar dinheiro e, só depois, ele começa a ganhar algo. Digo que eu sou privilegiado porque tive pessoas no decorrer da minha carreira que me ajudaram muito e eu soube escutar elas antes de tomar algumas decisões.
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A gente sabe que o capitão não é necessariamente o melhor jogador do time. Você se considera uma pessoa realmente disciplinada, centrada, calma e focada?
Eu acho que você falou todas as minhas características, porque realmente sou e sempre fui um cara muito disciplinado. Além disso, sempre entendi os meus limites. Então, realmente não me sentia o melhor, mas me sentia muito importante e isso fazia com que os meus colegas vissem em mim esse respeito. Isso é algo muito importante em um líder, a imagem daquele que motiva e conduz. O ponto principal é saber escutar, por que quando você se coloca no lugar do outro, você consegue ajudar e cada um tem a sua maneira de ser e de reagir. Foi assim que sempre pensei dentro da seleção brasileira ou nos ambientes de trabalho. Primeiro, tenho que sentar para escutar porque como é que vou ajudar essa pessoa se eu não sei o que tá passando com ela?
Nós empreendedores temos que lidar com um carrossel de emoções todos os dias. Mas, voltando na sua carreira, mais especificamente a Copa 2002, como você lidou com a situação de ter sido cortado da equipe?
Eu acho que existem coisas na vida que acontecem e tem que ser daquela forma para a gente enxergar outras situações. O mundo viu um capitão ser cortado e aquilo foi um choque para todos.
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Foi para mim também, ainda mais naquele momento. Eu levei muito tempo para chegar ali, sempre com o sonho de levantar aquela taça. Eu não tive essa possibilidade por causa de um deslocamento, porém, aquele momento fez com que eu mudasse a minha vida. Foi quando enxerguei coisas que, se eu tivesse ganho aquele mundial, talvez estaria mais infeliz hoje. Nas vezes em que me foi perguntado, eu falei pouco desse assunto, mas tive uma separação muito difícil, que acabou em divórcio.
Acabei enxergando que aquela não era a vida que queria. Como é uma coisa muito pessoal, as pessoas ficam com a imagem do azarado que perdeu a Copa do Mundo, mas na verdade eu agradeço pois era a única forma que poderia enxergar a minha vida de uma maneira diferente.
Como é que foi entrar no ramo empresarial? Como você fez essa transição após sair do futebol?
Acho que a primeira decisão foi parar de jogar. É muito complicado porque eu joguei 20 anos como profissional e, quando você se vê, o corpo começa a pesar, as lesões chegam e já não está mais acompanhando. Só que ainda tenho no mínimo 50 anos de vida pela frente. Pensei no que ia fazer e qual caminho iria seguir.
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Geralmente, o atleta continua na área porque é o que ele conhece. No entanto, quem joga bem ou faz sucesso necessariamente não vai ser um excelente treinador. Eu continuei na área esportiva fazendo algumas coisas. Só depois comecei um grande desafio na minha vida que foi abrir um clube de formação na minha cidade natal, onde fiquei durante três anos.
Nesse período, foi muito bom porque aprendi muito, quebrei muito a cabeça. Você acaba idealizando algo e, quando realmente vai executá-lo, encontra algumas surpresas no caminho. Na hora, comecei a me cercar com pessoas que já têm uma experiência, juntando com tudo aquilo que eu já vivi.
Agora quero entender como um jogador foi parar no mercado Imobiliária americano. O que você faz hoje?
Cheguei aqui nos Estados Unidos fazendo algo na área esportiva. Antes, eu até queria entender um pouco mais sobre a vida americana, mas não tinha muito conhecimento. Eu sempre fui muito curioso. Quando cheguei no país, comecei a me informar sobre as coisas e conversar com pessoas. Ao chegar em um outro lugar, precisa se adaptar à vida e entender como as coisas funcionam.
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Fui ver o que realmente poderia me dar um equilíbrio financeiro, o que poderia fazer para que tivesse um trabalho mais sólido e proporcionar isso à minha família. Depois, fui convidado pelo IBC, os meus sócios hoje, para trabalhar como consultor de projetos e negócios imobiliários. Muita gente nos procura para aquisição de bens aqui nos Estados Unidos e fazemos essa assessoria.
Por exemplo, eu estou com US$ 1 mil dólares para investir no mercado americano, o que você me aconselharia?
Primeiro, a gente teria que conversar. Eu tenho que entender um pouco sobre quais são as suas ansiedades e expectativas. Venda de sonhos a gente sabe que tem muito por aí. Por isso preciso entender primeiro o que você tem como objetivo de vida.
Por exemplo, eu sou uma pessoa agressiva no mercado e quero investir porque o brasileiro quer sempre esse retorno muito rápido. Coloco então R$ 100 e quero R$ 1 mil em 2 dias. Só que nos Estados Unidos o mercado trabalha de uma forma diferente. Existem também algumas situações que podem funcionar para fazer esse tipo de coisa. Mas, primeiro tem que entender as expectativas do nosso cliente, fazer realmente uma análise. Analisar se você já investe em alguma coisa e o tipo de investimento faz.
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No vídeo abaixo você encontra a opinião do capitão. E muitas polêmicas: