Veja como está a cotação do dólar hoje. (Foto: Adobe Stock)
O dólar hoje opera em baixa nesta sexta-feira (5) após relatório de emprego (payroll) de agosto nos Estados Unidos ficar abaixo do esperado pelo mercado. O dado reforça a tese de corte de juros pelo Banco Central dos EUA, Federal Reserve (Fed). O corte de juros pelo Fed tende a enfraquecer o dólar globalmente.
Por volta das 11h, o dólar recuava 1,14%, a R$ 5,386. Na mínima do dia até o momento, a moeda bateu a faixa dos R$ 5,3820. A economia dos Estados Unidos criou 22 mil empregos em agosto, em termos líquidos, segundo relatório publicado hoje pelo Departamento do Trabalho do país. Analistas consultados pelo Broadcast esperavam criação de 76 mil postos no mês. As projeções estavam de zero a 104 mil. Em julho, foram abertas 73 mil vagas líquidas.
Segundo Matthew Ryan, head de estratégia de mercado da Ebury, os números macroeconômicos divulgados nos últimos dias nos Estados Unidos praticamente confirmaram que o Fed retomará seu ciclo de afrouxamento na próxima reunião. “Acreditamos que o maior risco agora é o mercado aumentar a pressão para o Fed promover cortes em cada uma das três reuniões de política monetária restantes em 2025”, diz Matthew Ryan.
Para André Valério, economista sênior do Inter, o dado de hoje garante o corte na taxa de juros pelo Fed na reunião de setembro. Na visão dele, tendo em vista os “dados bem fracos de emprego” nos últimos meses, é provável que se veja uma discussão de corte de 0,5 ponto porcentual. Ele afirma que se o Fed optar por um corte de 0,25 ponto porcentual, é possível que o comitê se comprometa com uma sequência de cortes.
“A divulgação da inflação de agosto, medida pelo CPI, na próxima quinta-feira, terá importância para determinar a intensidade e frequência dos cortes. Caso vejamos uma inflação contida, a probabilidade 3 cortes até o fim do ano volta a ganhar força. Por ora, mantemos a expectativa de cortes na reunião de setembro e dezembro”, afirma Valério.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, diz que o dilema do Fed é equilibrar dois riscos. O primeiro é reduzir os juros cedo demais, arriscando estimular a economia antes que a inflação esteja devidamente ancorada. O segundo é esperar mais tempo para avaliar a trajetória dos preços, podendo aprofundar a desaceleração da atividade econômica.
“Após os dados de hoje, passamos a considerar um corte na taxa de juros de 0,25 ponto porcentual em setembro. No entanto, a implementação das novas tarifas de importação limita o espaço para um ciclo mais agressivo de quedas, já que essas medidas tendem a pressionar a inflação”, argumenta Sung.
De acordo com informações da plataforma FedWacht, que pertence a Bolsa de Chicago, 98% dos analistas estimam que o Fed deve cortar juros em 0,25 ponto porcentual na reunião de 17 de setembro, com a taxa de juro dos EUA (Fed Funds) caminhando para a faixa de 4,00% a 4,25% ao ano. Atualmente, o Fed Funds está entre 4,25% e 4,5%.
Já 2% do mercado precifica um corte de 0,5 ponto porcentual, com o juro americano entre 3,75% e 4,00% ao ano. Para o fim de 2025, 69,7% dos analistas precificam que a taxa deve encerrar na faixa de 3,5% a 3,75% ao ano, um corte total de 0,75 ponto porcentual nas próximas três reuniões do ano.
Cenário local segue sem grandes gatilhos para o dólar hoje
No cenário local, as atenções ficam também nas reuniões trimestrais do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, e da diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, Izabela Moreira Correa, com economistas em São Paulo. No entanto, questões fiscais e possíveis sanções dos EUA, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) condene o ex-presidente Jair Bolsonaro, podem conter o apetite por risco.
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Ontem, o dólar fechou em leve queda de 0,11%, a R$ 5,4468. Em 2025, a divisa recua 12,2% e nos últimos 12 meses a moeda cai 2,5%. A baixa do ativo é explicada justamente pelas expectativas de corte de juros do Fed e pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para ler mais sobre o dólar hoje, clique aqui.