Conta Simples lança conta global em dólar para criadores digitais e PMEs (Foto: divulgação)
Nos últimos anos, a digitalização dos negócios no Brasil impulsionou o surgimento de um novo perfil de empreendedor: criadores digitais, infoprodutores e pequenas e médias empresas (PMEs) que realizam transações no exterior. Esse movimento acompanha a aceleração global do comércio digital e pressiona o sistema financeiro a oferecer soluções mais adaptadas a esse público.
Nesse contexto, a fintech Conta Simples lançou a Conta Simples Global, produto em dólar voltado a empreendedores digitais que precisam operar fora do País.
A conta oferece condições diferentes das praticadas por bancos tradicionais e outras plataformas: isenção do Imposto sobre Operação Financeira (IOF), redução média de 50% nas tarifas e múltiplos cartões gratuitos para anúncios em Google, Meta e TikTok. O pacote inclui ainda transferências internacionais a US$ 2 — ante os 1% cobrados por concorrentes —, integração com marketplaces digitais, abertura de conta em até dois dias e suporte em português via WhatsApp.
Segundo Rodrigo Tognini, CEO e cofundador da fintech, a demanda surgiu da dificuldade de criadores e pequenas empresas em acessar serviços financeiros para atuar em mercados externos. Ele afirmou:
Muitos empreendedores relatavam que, ao tentar vender para fora, encontravam as mesmas barreiras que tiveram no Brasil anos atrás: burocracia, taxas altas e falta de acesso a crédito corporativo.
Ele acrescenta que parte desses negócios recorreu a soluções estrangeiras, mas com limitações. “Eram ferramentas arcaicas, caras ou com experiências ruins. Com a conta global, buscamos colocar esses criadores e PMEs em condições equivalentes às de competidores em mercados desenvolvidos”, diz.
O setor cresce e o consumidor se beneficia
Rodrigo Tognini, CEO da Conta Simples, aposta na conta global em dólar para expandir acesso de criadores digitais e pequenas empresas a mercados internacionais. (Foto: divulgação)
O lançamento ocorre em meio a um setor em rápida expansão. De acordo com estudo da Hotmart em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Creator Economy no Brasil movimentou R$ 30 bilhões em 2023 e gera atualmente 389 mil ocupações. No cenário internacional, o Goldman Sachs estima que o segmento alcance US$ 480 bilhões até 2027. Já os pagamentos de “empresas para empresas” (B2B) internacionais devem crescer 20% até 2030, atingindo US$ 224 trilhões, segundo a Juniper Research.
Um ponto central é a precificação agressiva das transferências internacionais. Perguntado sobre como sustentar tarifas abaixo do mercado, Tognini respondeu que a diferença vem da tecnologia empregada: “A margem do meu competidor é a minha oportunidade de crescimento. Enquanto muitos ainda operam em estruturas legadas, nós usamos tecnologias mais modernas, como blockchain e stablecoins, para reduzir custos”.
Apesar da promessa de economia – que a fintech estima entre 30% e 50% em relação a bancos e outras plataformas -, o desafio será provar a consistência dessa vantagem no longo prazo, em um setor sujeito a regulação cambial, volatilidade do dólar e concorrência de players internacionais.
No campo da segurança, Tognini destaca que a empresa replica no exterior as práticas que já adota no Brasil, como auditoria por firmas de grande porte, emissão de cartões via Visa e mecanismos de prevenção à lavagem de dinheiro.
O movimento da Conta Simples insere-se em um mercado em formação, em que startups financeiras buscam se posicionar antes que bancos e big techs consolidem soluções próprias para a economia dos criadores. Resta saber se a fintech conseguirá sustentar preços baixos e experiência simplificada sem comprometer margem, sobretudo em um segmento em que a escala global é determinante.