Em evento, o presidente da companhia, Gustavo Pimenta, disse que a empresa não tem mudanças na direção dos investimentos, mas, sim, busca eficiência. Os gastos com soluções de minério de ferro foram mantidos em US$ 3,9 bilhões. Já o valor para metais para transição energética recuou de US$ 2 bilhões para US$ 1,7 bilhão.
Os analistas da Genial Investimentos comentam que as mudanças no guidance aconteceram após ganhos advindos de múltiplas frentes — diluição de fixos, execução de processos nas minas com menor custo, revisões contínuas de projetos e ganhos incrementais de eficiência.
“Para 2026, acreditamos que o patamar permanecerá US$ 6 bilhões, preservando flexibilidade. Esse desempenho consolida nossa visão de que a companhia deve entregar um rendimento em fluxo de caixa de 13% em 2025 (cerca de 2 vezes mais que BHP e Rio Tinto), crescendo para 15% em 2026, suportado pela redução da saída de caixa com Mariana”, argumenta.
Devido a esses fatores, a corretora calcula que os dividendos da Vale devem entregar um retorno de 8% no acumulado de 2025. Essa perspectiva ocorre devido à preferência da empresa em realizar recompra de ações, mesmo com a possibilidade de a companhia pagar dividendos extraordinários após o anúncio de menos investimentos.
A equipe do Itaú BBA comenta que essa redução, combinada com preços resilientes de minério de ferro, aumenta a probabilidade de dividendos/recompras extraordinários ainda em 2025. Com isso o banco calcula um rendimento em dividendos para a Vale de 10% em 2025, já considerando os dividendos extraordinários da Vale.
“Estamos incorporando em nosso modelo US$ 500 milhões em dividendos extraordinários em 2025 e US$ 1,0 bilhão em 2026, sem impacto significativo na dívida líquida expandida, que esperamos se manter entre US$ 15 bilhões e US$ 16 bilhões no período”, explicam Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza e Marcelo Furlan Palhares, que assinam o relatório do BBA.
Vale deve cumprir meta de endividamento
Para o analista do Safra, se os preços do minério de ferro permanecerem nos níveis atuais, a dívida líquida expandida deve encerrar 2025 abaixo de R$ 15 bilhões, o que poderia permitir a consideração de dividendos extraordinários ou recompra de ações. Os analistas também lembram que a companhia reiterou seu compromisso de longo prazo com o aço verde.
Segundo o especialista, embora uma transição completa ainda esteja distante, já surgem sinais iniciais e investimentos voltados para o aço de menor impacto ambiental em regiões como Europa, EUA, Japão e Oriente Médio, com iniciativas experimentais até mesmo na China. Para atender a essa demanda em evolução, o Safra diz que o principal desafio da Vale será garantir fornecimento consistente de minério de ferro de alta qualidade.
“Em relação ao projeto Simandou, a gestão observou que sua futura produção precisará ser misturada a outros produtos para atender às especificações químicas, o que significa que não servirá como substituto direto dos minérios premium da Vale, o que para nós mantém a ação como atrativa”, argumenta Ricardo Monegaglia, que assina o relatório do Safra. O projeto Simandou é uma mega construção na Guiné que tem consumido boa parte da oferta de minério de ferro no mundo, ditando o preço da commodity no mercado internacional.
O que fazer com as ações da Vale?
As três casas consultadas estão otimistas com o papel e recomendam compra para o ativo. O Itaú BBA elevou as suas estimativas para o Lucro Antes de Juros Impostos Depreciação e Amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Vale para 2025 e 2026 em 5% e 6%, principalmente devido a preços mais altos de minério de ferro.
“Estimamos um free cash flow yield médio (excluindo desembolsos referentes a Mariana e Brumadinho) de 10% para 2026 e 2028, o que pode se traduzir em um dividend yield médio de 9%. Vemos a ação negociando a um múltiplo EV/EBITDA 2026 atrativo de 3,8 vezes”, explicam Sasson, Souza e Palhares.
O Itaú BBA tem recomendação de compra para Vale com preço-alvo de US$ 13 para a listada em Nova York, alta de 25,6% na comparação com o fechamento da American Depositary Receipt (ADR) em Nova York, que encerrou o pregão de quarta-feira (10) a US$ 10,35.
O Safra também recomenda compra para a Vale com preço-alvo de R$ 63,00 para a ação negociada na B3, um possível avanço de 11,34% em relação ao último fechamento, quando o papel encerrou o pregão a R$ 56,58. A Genial também recomenda compra com preço-alvo de R$ 66,00, crescimento de 16,65% em relação ao último fechamento.
“Apesar de um cenário macro ainda desfavorável para o minério de ferro, a companhia demonstra execução exemplar no que controla: redução de custos, disciplina de investimentos, reposicionamento de portfólio e inovação operacional. O resultado é um ativo que gera 2 vezes mais rendimentos no fluxo de caixa em relação aos pares, sustentando Dividend Yield entre 7% e 10%”, concluem Igor Guedes, Luca Vello e Iago Souza, que assinam o relatório da Genial sobre a Vale (VALE3).