Bitcoin reage à decisão do Federal Reserve e encerra o dia em alta, acompanhando o otimismo nos mercados globais (Foto: Adobe Stock)
O Bitcoin (BTC) registrou nesta quinta-feira (18) uma alta de 1,53%, cotado a US$ 117.512,50 às 14h41, impulsionado pela decisão do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) de cortar os juros em 0,25 ponto percentual. Embora amplamente esperado, o movimento reacendeu o apetite por ativos de risco e trouxe volatilidade ao mercado de criptomoedas, com expectativa de novos cortes ao longo de 2025.
Segundo Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, a decisão reflete a busca do Fed por equilibrar pleno emprego e estabilidade de preços, em meio a sinais de fragilidade no mercado de trabalho e previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,6% neste ano.
Mattos avalia que a política monetária deve convergir para uma taxa mais neutra, o que tende a reduzir o custo de oportunidade para ativos como o Bitcoin, estimulando a busca por retornos fora da renda fixa.
O impacto no mercado foi imediato: o BTC, que vinha sendo negociado a US$ 116.333, recuou para US$ 114.720 durante a divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), numa variação intradiária de 1,39%.
O movimento gerou a liquidação de mais de US$ 105 milhões em posições alavancadas, mas a queda abriu espaço para operações de curto prazo.
“Após marcar a mínima do dia, o Bitcoin voltou e alcançou US$ 115.989 ainda durante as falas de Powell, num repique rápido em cerca de 30 minutos”, explicou Mattos.
Para a analista, a força compradora segue predominante, e o BTC continua respeitando a estrutura de alta, com possibilidade de testar a resistência em US$ 120.431 e, se houver demanda, buscar a região da máxima histórica (ATH) em US$ 124.377. Já os suportes relevantes estão em US$ 112.000 e US$ 108.000.
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O mesmo diagnóstico é compartilhado por Rony Szuster, head de research do Mercado Bitcoin, que vê o rali atual como resultado da combinação entre fatores macroeconômicos e elementos específicos do mercado cripto.
Expectativa em torno dos ETFs de cripto
Segundo ele, além do ambiente de juros mais baixos, contribuem a entrada de capital institucional e a expectativa em torno dos Exchange Traded Funds (ETFs) de cripto – reforçada por recentes compras da MicroStrategy e de outros grandes players.
Esse movimento também tem impulsionado as altcoins, com tokens como BNB próximos de renovar suas máximas históricas.
Szuster avalia que essa tendência de valorização não é pontual, mas vem se consolidando desde a aprovação dos ETFs há mais de um ano e, no caso das altcoins, desde meados de 2024.
Outros especialistas também apontam o cenário global como determinante. Fabio Plein, diretor regional para as Américas da Coinbase, afirmou que o mercado já precifica novos cortes de juros, com elevada probabilidade de uma nova redução em setembro.
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Ele destacou ainda que, embora os preços das criptos tenham se mantido estáveis nesta semana, fatores paralelos sustentam o ativo – como a recente alta do ouro acima de US$ 3.500, que renovou a busca por proteção contra a inflação.
Na Ásia, a decisão do Fed foi acompanhada pela Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA), que reduziu sua taxa básica em 25 pontos-base, para 4,50%, por causa do vínculo com o dólar americano.
Segundo a corretora Bitunix, a reação do mercado cripto foi contida, com o Bitcoin oscilando próximo de US$ 117 mil e o Ether na faixa de US$ 4,5 mil, enquanto os investidores aguardam novos dados e acompanham os fluxos de liquidez no fim de semana.
Szuster também chamou atenção para a correlação do BTC com outros ativos.
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Embora a criptomoeda costume acompanhar o ouro e ativos de risco, ele observa que essa relação perdeu força recentemente: “O ouro vem batendo máximas históricas, as bolsas americanas também, e o Bitcoin está relativamente próximo da sua máxima, mas não acompanhou na mesma intensidade. Isso se explica porque está havendo uma rotação dentro do próprio mercado cripto, com parte do capital migrando do Bitcoin para as altcoins.”
No curto prazo, Szuster aponta que o Bitcoin encontra resistência em US$ 118 mil e suporte em US$ 115 mil, delimitando a faixa imediata de oscilação. Já no longo prazo, a máxima histórica em US$ 124 mil atua como barreira principal, enquanto o suporte relevante está em US$ 107 mil.