Louise Barsi é economista e sócia-fundadora do AGF. (Foto: Bernardo Coelho/Divulgacão AGF)
Louise Barsi, analista CNPI e uma das fundadoras da plataforma AGF, afirmou que não investe em criptomoedas por não considerar o ativo um gerador de valor. Filha do megainvestidor Luiz Barsi, apelidado de “rei dos dividendos”, ela disse que prefere direcionar seus aportes a empresas que considera verdadeiras criadoras de riqueza. As declarações foram feitas neste sábado (27), durante o evento B3 Career Summit, realizado na sede da Bolsa de Valores.
“O mundo cripto é bastante maduro, já com ETFs (Exchange Traded Funds) e outros produtos para os investidores. No entanto, o mercado ainda é descentralizado e incerto. Os criptoativos vão crescer, mas precisam ter uma regulação definida”, afirmou Barsi.
Ela defende que a alocação em ativos digitais pode ser compatível com o perfil de alguns investidores, mas reforça que a sua carteira não comporta ativos cripto. “Se algum dia uma criptomoeda tornar-se importante ao ponto de as empresas pagarem dividendos por essa via, eu devo possuir esse ativo. Essa seria uma forma de eu possuir criptomoeda”, disse.
A especialista recomenda que investidores interessados no segmento se informem bem antes de aplicar e tenham cautela com perfis que vendem uma ‘fórmula mágica’ para ganhos rápidos. “Promessas de grandes ganhos sem diversificação não devem ser seguidas. O investidor precisa entender que não existe almoço grátis e que agora é hora de investir onde o seu perfil cabe. O ideal é sempre procurar quem tem conhecimento e domínio do assunto para te ajudar”, afirma.
Louise revelou que recebe cerca de R$ 1 milhão em dividendos anualmente e possui a meta de dobrar esses rendimentos. “Para isso, vou aplicar a minha estratégia de investir perenemente, ou seja, sempre comprando boas empresas e despreocupada com o valor de mercado do patrimônio. O que importa mesmo é o quanto recebo de renda, não o valor da fortuna em si”, diz Louise Barsi.
Regulação é essencial para o desenvolvimento do mercado cripto
Em entrevista ao E-Investidor, Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin (MB), destacou que o amadurecimento regulatório das criptomoedas é crucial para a expansão do setor em larga escala. Embora alguns ainda vejam a regulação como um entrave, na prática, ela é indispensável para atrair investidores institucionais.
“Se não tiver regulação, vai ser sempre um mercado ‘pequenininho’. Como vai escalar e crescer? O investidor de fora olha para cá e pensa: lá fora é regulado, aqui não. Então ele precisa dessa segurança para investir localmente”, disse.
Tota também acredita que a experiência internacional pode servir de referência, ainda que a regulação brasileira siga um caminho próprio. Em julho deste ano, os Estados Unidos aprovaram um projeto de lei que cria uma estrutura regulatória de nível federal para stablecoins – criptomoedas lastreadas em outros ativos. O pacote, chamado Genius Act, impõe diferentes regras de segurança, como mostramos aqui.
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“Não acho que a regulação brasileira vá simplesmente se inspirar na americana, mas, quando o regulador daqui vê outros atuando de forma positiva, isso gera impacto”, destacou.
Tota acrescentou ainda que o maior desafio atual para o mercado de criptoativos é quebrar a barreira cultural que existe entre esse universo e o investidor profissional. “Ainda é um assunto que causa resistência. Quando o gestor ou o consultor vai falar de cripto, parece que está entrando em um território estranho. O grande desafio é tornar esse tema mais próximo do dia a dia”, afirmou.
A estratégia Barsi
A estratégia que Luiz e Louise Barsi adotam para multiplicar capital financeiro é voltada em renda passiva mensal. Despido de toda a mística que excita o imaginário, o ‘Jeito Barsi’ de investir, como o método é popularmente conhecido, consiste no investimento constante em ativos que pagam dividendos. Mas não só isso. A escolha das empresas é feita com cautela e com preferência por setores estáveis.
Empresas como a IRB (IRBR3), de seguros, Taesa (TAEE11) e Cemig (CMIG4), do setor elétrico, e Banco do Brasil (BBAS3), do setor financeiro, são algumas que constam da carteira de investimentos da família Barsi. Se observados os setores, são aqueles perenes e com histórico constante de pagamento de dividendos.
Contudo, apenas alocar o seu capital neste tipo de papel não pode não ser suficiente para ter sucesso na Bolsa. A economista Louise Barsi diz que o grande “segredo” está no reinvestimento dos dividendos, acompanhado pelos aportes periódicos. Com essa estratégia, o investidor se beneficia dos efeitos dos juros compostos ao longo dos anos que potencializam os retornos na carteira de investimento