Temor de paralisação nos EUA e fiscal no Brasil podem amparar cautela no Ibovespa hoje (Foto: Adobe Stock)
Após máxima inédita no intraday (aos 147.578 pontos), o Ibovespa hoje virou para o negativo em meio à deterioração dos preços do petróleo e fechou em queda. No encerramento, o índice cedeu 0,07%, aos 146.237,02 pontos. As atenções do mercado estiveram em dados de emprego no Brasil e nos Estados Unidos. Por lá, paira o temor de paralisação do governo.
O ambiente cauteloso no exterior somado à parcimônia interna com o fiscal empurraram o Índice Bovespa para baixo, que ainda se deparou com o recuo das commodities hoje – com o minério de ferro (-0,64%) e o petróleo (-1,58%). Já o dólar hoje subiu levemente 0,01% ante o real, a R$ 5,3230.
Há relatos de que a Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) discutirá um aumento de oferta em 500 mil barris por dia (bpd) por mês, ao longo de 3 meses, o que pode elevar a oferta mundial. Fica ainda o impasse sobre o conflito geopolítico em Gaza. “Tem muito ruído, como a possibilidade de paralisação do governo americano”, diz Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital.
Na seara macroeconômica, as atenções recaíram sobre o fiscal e nos dados de emprego informados nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desemprego no trimestre finalizado até agosto repetiu o nível do verificado antes e ficou igual à mediana das estimativas. Isso pode levar à leitura de algum enfraquecimento do mercado de trabalho, reforçando apostas de queda da Selic no início de 2026.
Ibovespa hoje: os destaques desta terça-feira (30)
Bolsas globais sobem mesmo com risco de paralisação nos EUA
A cautela predominou nos mercados internacionais diante do risco de shutdown (paralisação) da máquina pública nos EUA, o que poderia atrasar a coleta de dados econômicos e levar a Casa Branca a anunciar demissões em massa de funcionários públicos.
O vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, disse nesta manhã que as incertezas para a perspectiva econômica são particularmente elevadas e que o mercado de trabalho nos EUA se enfraquece e, sem apoio, pode enfrentar dificuldades.
Na Europa, as bolsas fecharam em alta após o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçar aplicar tarifas adicionais sobre móveis produzidos fora do país. Ele também anunciou que pretende impor uma taxa de 100% a filmes estrangeiros.
Ainda na Europa, a economia do Reino Unido cresceu 0,3% no segundo trimestre, e as vendas do setor varejista alemão tiveram queda inesperada em agosto. Já na China, os últimos números de atividade manufatureira revelados pelo PMI industrial oficial e o medido pela S&P Global foram um pouco mais animadores.
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Nesta terça, os contratos futuros do ouro fecharam em alta, renovando máxima histórica, diante do risco de que um impasse orçamentário em Washington leve o governo dos EUA a uma paralisação a partir de quarta-feira (1º). Já as bolsas de Nova York mostraram ganhos. Nasdaq subiu 0,3%, enquanto Dow Jones e S&P 500 sofreram desvalorização de 0,18% e 0,41%, respectivamente.
Taxa de desemprego mantém estabilidade em agosto
A taxa de desemprego fica estável após quatro recuos consecutivos no ano. (Foto: Adobe Stock)
A taxa de desocupação no Brasil ficou estável em 5,6% no trimestre encerrado em agosto, de acordo com os dados mensais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em igual período de 2024, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 6,6%. No trimestre móvel até julho, a taxa de desocupação também estava em 5,6%.
Para André Valério, economista sênior do Inter, o resultado da Pnad continua a indicar um mercado de trabalho extremamente robusto, com ganhos na renda real e manutenção do nível de ocupação em patamar recorde.
“Os dados da Pnad, em conjunto com os do Caged divulgados ontem, sugerem a manutenção da robustez do mercado de trabalho brasileiro. No entanto, o Caged aponta para uma perda de dinamismo no ritmo de contratações, sem maiores pressões nas demissões, enquanto a Pnad indica estabilidade na taxa de desocupação”, diz Valério.
Agenda econômica do dia
O último pregão de setembro trouxe como destaque o relatório de emprego (JOLTS) dos Estados Unidos e o prazo para evitar a paralisação das agências governamentais americanas a partir de quarta-feira (1º). A abertura de postos de trabalho nos EUA subiu para 7,227 milhões em agosto. O resultado ficou acima da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam a criação de 7,1 milhões de vagas no período.
Ainda na agenda econômica desta terça-feira (30), os dados do setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, à exceção de Petrobras e Eletrobras) mostraram déficit primário de R$ 61,792 bilhões no acumulado de janeiro a agosto de 2025, informou o Banco Central. O montante equivale a 0,74% do Produto Interno Bruto (PIB).
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O Tesouro Nacional também anunciou, nesta terça-feira, uma revisão no Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2025. Os limites para o estoque da Dívida Pública Federal (DPF) foram elevados para o intervalo de R$ 8,50 trilhões a R$ 8,80 trilhões. Na versão original, eram de R$ 8,10 trilhões a R$ 8,50 trilhões.
O Tesouro fez ainda leilões de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, títulos públicos com rendimento atrelado à inflação) e Letra Financeira do Tesouro (LFT, título pós-fixado com rentabilidade atrelada à taxa de juros).
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) dos EUA medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) de Chicago recuou para 40,6 em setembro, ante 41,5 em agosto. O resultado ficou bem abaixo da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam queda do indicador a 44,1 neste mês.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
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*Com informações de Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast