Na semana passada, os ativos derreteram 37,68%, acompanhando diferentes notícias sobre a empresa. Na noite da última segunda-feira (22), a companhia informou que o então CFO (diretor financeiro), João Daniel Piran de Arruda, deixou o cargo. Na data, a Ambipar também informou a realização da sétima emissão de debêntures, em duas séries, no valor total de até R$ 3 bilhões.
Já na quinta-feira (25), a empresa conseguiu uma tutela cautelar na 3.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Na prática, a medida protege a companhia de exigências de credores por 30 dias, prorrogáveis por mais 30. O mecanismo garante a possibilidade de que a Ambipar tente acordos ou então entre com um pedido de recuperação judicial – possibilidade mais provável, na visão de especialistas consultados pelo E-Investidor.
De acordo com o sales de renda variável da InvestSmart XP, Daniel Nogueira, o cenário inspira máxima cautela para investidores. “Para quem não tem posição, o risco é alto e o mais prudente parece ser ficar de fora, enquanto as perspectivas são nebulosas. Já para os atuais acionistas, a decisão depende do perfil: vender agora significa realizar perdas, enquanto manter a posição implica pagar pra ver o resultado de todo o processo”, afirma.
Com os desdobramentos recentes, diferentes agências cortaram a nota de crédito da Ambipar. A S&P Global rebaixou a classificação da companhia de BB- para D, o correspondente a um default (classificação que equivale a um calote da dívida). A Fitch também cortou a nota, mas em menor proporção, de BB- para C. A agência explicou que, caso a Ambipar anuncie formalmente um plano de reestruturação de sua dívida, as classificações serão rebaixadas para RD, a fim de refletir um evento de inadimplência restrita, ou para D, se a empresa entrar com pedido de recuperação judicial.
Entre os grandes bancos, o UBS BB, um dos poucos que ainda cobria o papel, colocou a recomendação da Ambipar em revisão. De acordo com os analistas da instituição, os eventos recentes expuseram fragilidades na governança e na solidez do balanço da companhia.
O UBS observa ainda que acordos financeiros antigos, realizados sem supervisão e divulgação, prejudicam a confiança nos números reportados pela Ambipar e no controle estratégico da empresa de soluções ambientais. Na visão do banco, os desdobramentos do caso também podem afetar a competitividade da empresa em relação a seus concorrentes.