Paralisação do governo americano volta a ganhar destaque no Ibovespa hoje. (Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje mudou de direção nesta quarta-feira (1º) e renovou mínima aos 145.778,61 pontos (-0,31%) às 11h42 (de Brasília), após alcançar a máxima de 146.879,33 pontos. As atenções do mercado estão na paralisação do governo dos EUA. No Brasil, investidores acompanham a votação na Câmara do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para até R$ 5 mil.
A virada ocorre em meio ao recuo dos índices das Bolsas de Nova York em meio às preocupações com a paralisação da máquina pública nos Estados Unidos. A operação aumenta possibilidade de comprometimento da captação dos indicadores, embora haja alternativas privadas, pontua Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. “Não sabemos o quanto a paralisação vai durar, o quanto terá de impacto na atividade”, diz.
No Brasil, Spiess cita os temores fiscais, em dia de votação do projeções que isenta de imposto de renda quem recebe até R$ 5 mil. “Tem muita incerteza, será preciso ter uma solução em 2027”, diz, indicando que não imagine uma solução fiscal de curto prazo.
Em paralelo, ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,07%, aos 146.237,02 pontos, após renovar máxima histórica aos 147.578,39 pontos, em alta de 0,85%. Com o fechamento, o indicador alcançou valorização de 3,40% em setembro, o que abre espaço para uma realização neste pregão.
“Embora persista uma visão positiva de curto prazo acerca dos ativos domésticos, os avanços recentes favorecem uma postura mais comedida”, pontua Silvio Campos Neto, economista sênior e sócio da Tendências Consultoria.
Além disso, repercutem novos sinais de desaquecimento da economia norte-americana, após a pesquisa ADP mostrar fechamento de vagas de emprego no setor privado dos Estados Unidos. O resultado reforça as apostas de mais cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC ameriano) em 2025.
Com a paralisação do governo norte-americano, a divulgação de indicadores econômicos, incluindo o relatório de empregos americano, está suspensa. Assim, a pesquisa ADP ganha mais relevância, pontua Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos.
“O payroll traz dados extremamente importantes para o Banco Central norte-americano tomar políticas econômicas. Então, se não tiver payroll, esse dado da ADP vai ser de extrema importância, mais do que geralmente tem sido”, diz Correia.
Destaque também para o recuo das commodities hoje. O petróleo cai cerca de 0,50%, enquanto o minério de ferro fechou em baixa de 0,64% na China.
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Já no câmbio, o dólar hoje recua ante rivais e beira estabilidade ante o real. Às 11h41 (de Brasília), a moeda americana subia levemente 0,02% ante o real, a R$ 5,3185 na venda.
Ibovespa hoje: o que você deve acompanhar nesta quarta-feira (1º)
Bolsas globais reagem à paralisação dos EUA e suspensão do payroll
O payroll é o principal indicador do mercado de trabalho dos EUA, acompanhado de perto pelo Fed (Foto: Adobe Stock)
Os índices de NY e o dólar hoje operam em baixa nesta quarta, pressionados pelo início da paralisação do governo dos EUA, causada por impasses orçamentários.
O último shutdown (paralisação) ocorreu entre 2018 e 2019, também no governo do então presidente Donald Trump, que exigia verbas para um muro na fronteira com o México. Após 35 dias do mais longo shutdown da história, ele recuou.
Na terça-feira (30), o republicano afirmou que a paralisação pode trazer “coisas boas”, como demissões.
Por outro lado, a paralisação da máquina pública americana pode trazer consequências importantes, como a suspensão do payroll. Esse movimento preocupa o Federal Reserve: Austan Goolsbee, presidente do Fed de Chicago, alertou que isso pode afetar decisões sobre cortes de juros. Lorie Logan, do Fed de Dallas, defendeu cautela, citando inflação ainda elevada.
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A Casa Branca retirou a nomeação de E.J. Antoni ao BLS, após revelações de postagens ofensivas.
Quanto ao ADP, o setor privado dos Estados Unidos cortou 32 mil empregos em setembro. O resultado contrariou a expectativa média de analistas, de geração de 50 mil postos de trabalho. Após a divulgação, a chance de o Fed cortar juros em outubro subiu de 86% para 99%.
O iene avança como ativo de proteção, enquanto a bolsa de Tóquio caiu diante da expectativa de alta nos juros pelo Banco do Japão (BoJ).
Na Europa, bolsas sobem com ações de farmacêuticas após acordo de Trump com a Pfizer prevendo cortes de preços de medicamentos nos EUA.
A cautela em Nova York e as quedas do petróleo e do minério de ferro na China podem pressionar o Índice Bovespa hoje, após a valorização acumulada de 3,40% em setembro e de 21,58% neste ano.
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No câmbio, depois de subir 1,83% no mês passado, o dólar pode manter movimentos contidos diante dos sinais mistos da divisa americana frente a outras emergentes no exterior.
O cenário fiscal segue ainda no foco em meio à possibilidade de o governo judicializar a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de exigir que o Executivo mire o centro da meta fiscal.
O governo negocia também com o relator da LDO, deputado Gervásio Maia (PSB), a inclusão de autorização para contingenciar recursos com base no piso da meta fiscal. O pedido ainda está em avaliação, e um novo parecer deve ser apresentado até terça-feira (7), data prevista para a votação da LDO na Comissão Mista de Orçamento.
Agenda econômica do dia
O mês de outubro começa com os mercados repercutindo a paralisação do governo dos EUA decorrente de impasse sobre o orçamento federal no Congresso. No Brasil, o Ibovespa hoje acompanha a votação na Câmara do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para até R$ 5 mil.
A agenda de indicadores desta quarta-feira (1º) traz em destaque o relatório ADP de empregos no setor privado dos EUA — que antecede a possível divulgação do payroll na sexta-feira (3) —, as leituras dos índices de gerentes de compras (PMIs) industrial dos EUA, Europa e Brasil em setembro, além do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S) brasileiro.
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Em paralelo, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Richmond, Tom Barkin, participa de evento. Já o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, profere palestra em evento fechado do Sicredi, em São Paulo.
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem uma agenda cheia de reuniões com ministros até o fim da tarde no Palácio do Planalto e encontra-se com Igor Calvet, presidente da Anfavea.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast