O Ibovespa é o principal índice da B3, a Bolsa de Valores brasileira. Foto: Adobe Stock
O UBS elevou a recomendação do Ibovespa de neutra para atraente em meio ao ciclo de queda de juros nos Estados Unidos e a possível mudança na política econômica do Brasil, independentemente de quem ganhar a eleição presidencial de 2026. A informação foi divulgada em relatório obtido pelo E-Investidor nesta quinta-feira (2).
No documento, os analistas reforçam que o Banco Central americano, o Federal Reserve (Fed), reduziu a taxa de juros da economia dos EUA (Fed Funds) em 0,25 ponto porcentual na reunião de 17 de setembro. O UBS vê a possibilidade de cortes adicionais nas próximas reuniões, seguindo a redução anterior de 1 ponto porcentual no início de 2024.
“Esperamos cortes adicionais nas taxas em resposta à fraqueza do mercado de trabalho, com o Fed priorizando isso em vez de aumentos temporários na inflação. Projetamos um corte total de 0,75 ponto porcentual até o 1º trimestre de 2026 e, se as condições piorarem, de até 2 a 3 pontos porcentuais até meados de 2026”, dizem Ronaldo Patah, Luciano Telo e Debora Nogueira, que assinam o relatório do UBS.
Os analistas apontam que essa medida tende a desvalorizar o dólar americano e trazer valor para o real brasileiro. Se essa valorização do real se concretizar, a equipe do UBS estima um aumento da probabilidade de o Banco Central do Brasil iniciar seu próprio ciclo de baixa de juros. Além disso, a economia está mostrando sinais de desaceleração e a inflação segue caindo, reforçando a tese de que haja espaço para cortes de juros no próximo ano.
Por causa desse cenário, o UBS diz que as ações brasileiras (Ibovespa) tiveram um forte desempenho até agora este ano, subindo 20%. Para o banco, a melhora do sentimento global, em parte devido às negociações comerciais em andamento e ao início do ciclo de flexibilização do Fed, ajudou, enquanto as tarifas tiveram um impacto limitado na economia e nos mercados de ações do Brasil.
“As crescentes expectativas de uma mudança na política econômica em 2026, independentemente de quem vença a eleição presidencial, impulsionaram ainda mais o sentimento. Os fundamentos corporativos no Brasil permanecem sólidos, abrindo caminho para uma recuperação antecipada dos lucros em 2026”, afirma a equipe do banco suíço.
O UBS prevê que o crescimento do Índice MSCI Brasil (índice do mercado brasileiro nos EUA) fique entre um e dois dígitos no próximo ano. Essa perspectiva do banco é sustentada pela demanda interna resiliente, impulsionada pelo crescimento dos salários reais, emprego e um real brasileiro mais forte, que ajuda a controlar a inflação importada e sustenta as margens de lucro.
“As avaliações ainda são atraentes, com o Índice Ibovespa sendo negociado atualmente a 8,3 vezes os lucros futuros, um desconto de 17% em relação à sua média de 10 anos. O retorno sobre o patrimônio líquido está em 16,6%, bem acima da média dos mercados emergentes de 13,2%”, concluem Ronaldo Patah, Luciano Telo e Debora Nogueira.