Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset. (Foto: Hélvio Romero/Estadão)
O fundo Verde, de Luis Suhlberger, aumentou marginalmente a posição em ações no Brasil, ainda que veja a aprovação da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil como algo que tende a desfavorecer a alocação. As informações estão presentes na carta de gestão mensal da Verde Asset divulgada nesta sexta-feira (3).
No documento, a gestora destaca que o Brasil vem surfando um ambiente favorável nos mercados globais, sobretudo emergentes. O índice MSCI Emerging Markets subiu quase 7% em setembro, o nono mês consecutivo de alta, pontua. E que deve se estender graças à continuidade do ciclo de cortes de juros iniciados pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, no último mês.
“A situação da economia americana é interessante, já que temos uma combinação de inflação em alta (pressionada pelos impactos das tarifas), crescimento razoavelmente robusto (impulsionado pelo ciclo de investimentos em Inteligência Artificial), e emprego fraco (quiçá também função da IA, ou de outros ganhos de produtividade na economia)”, avalia a Verde. “O livro texto não recomendaria uma postura agressiva do banco central em cortar juros, mas a pressão política – acompanhada de mudanças na composição do board do Fed – sinaliza que esse ciclo de cortes vai se estender.”
No entendimento da casa, isso favorece a diversificação para além do dólar. O que beneficia o Brasil, apesar das variáveis domésticas que merecem atenção: uma postura mais dura do Banco Central em relação ao juros e o projeto que ampliou a isenção do IR. Como mostramos aqui, a medida é tida como uma forma de reduzir a desigualdade tributária no País, mas gera receios do lado fiscal.
“O modelo econômico lulo-petista, que comumente chamamos de ‘acelerador fiscal com freio monetário’, é ilustrado à perfeição por esses dois eventos. Isso tende a favorecer a alocação no real e desfavorecer alocações em ações, embora oportunidades específicas continuem a atrair o interesse e capital do fundo”, destaca a carta.
Além de aumentar marginalmente a alocação em ações brasileiras, a Verde reduziu novamente a posição em juro real dos EUA, de onde vieram parte das perdas registradas pelo fundo em setembro. A outras posições, que ajudaram no desempenho do mês, como bolsa brasileira, ouro, criptos e o livro de crédito local, seguem na carteira. Assim como as posições em euro, renminbi chinês e real.
Em setembro, o fundo Verde rendeu 1,99%, contra 1,22% do CDI. No ano, acumula uma performance de 12,00%. O CDI dá 10,35%.