A WEG(WEGE3) traçou um bom plano em seu Investor Day, evento com analistas do mercado e investidores, para entregar maior crescimento no lucro, disseram analistas de BTG Pactual, Itaú BBA e XP Investimentos. Para os especialistas, a companhia tende a apresentar melhora em seus resultados em 2026, mas o crescimento ainda será fraco até 2027, quando esperam ver números mais robustos.
Para os analistas da XP Investimentos, a fabricante de motores elétricos e equipamentos anunciou estratégias importantes para enfrentar as incertezas globais, enquanto a inovação permanece um pilar fundamental para a expansão do portfólio.
“O crescimento orgânico permaneceu em destaque, com investimentos em capacidade (por exemplo, cerca de R$ 2,2 bilhões em Transmissão e Distribuição) esperados para suportar a aceleração da receita a partir de 2027, com foco na expansão da capacidade e na diversificação do portfólio (com destaques para aplicações maiores e mais complexas)”, dizem Lucas Laghi, Fernanda Urbano e Guilherme Nippes, que assinam o relatório da XP.
A WEG também destacou as principais avenidas de crescimento estrutural impulsionadas pela transição energética. No Investor Day, realizado na última sexta-feira (3), o presidente da WEG, Alberto Yoshikazu Kuba, afirmou que a transição energética está no centro da estratégia da companhia. O executivo disse que a empresa atua em soluções para atender as demandas de mercado resultantes desse movimento, além de ações internas na própria multinacional.
O executivo também destacou produtos ligados à mobilidade elétrica, incluindo infraestrutura de recarga, além de microrredes e iniciativas para confiabilidade e modernização da rede. Para além da oferta de conversores síncronos e baterias, a diretoria da corporação destacou as iniciativas para retrofit de usinas, que incluem a oferta de Engenharia, Suprimentos e Construção (EPC, na sigla em inglês) na totalidade.
Kuba afirmou ainda que, embora os executivos não tenham abordado data centers, muito do que foi falado se destina a esses empreendimentos, que demandam confiabilidade extrema de rede. Ele disse também que cada um desses negócios gera oportunidade para crescimento de receita e reiterou que toda a estratégia de longo prazo da WEG segue inalterada mesmo com as tarifas dos Estados Unidos anunciada pelo presidente do país, Donald Trump.
Já o diretor de Negócios Solar, BESS & Building da WEG, Harry Schmelzer Neto, afirmou que a companhia deve entrar no leilão para contratação de baterias. O fato deve ocorrer em meados de junho de 2026, dada a necessidade do sistema de estabilização. Durante o evento, Schmelzer Neto afirmou que a empresa estará “bem preparada” para o certame, e já vem realizando projetos em microrredes para ter mais experiência com a tecnologia, por exemplo, no agronegócio.
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Ele afirmou também que as baterias têm mais de uma função, mas nesse primeiro momento, pode ser viabilizada em redes de grande porte por iniciativas como essa.
Em meio a esses pontos, a XP afirma que saiu positivamente impressionada do evento. Os analistas dizem que embora continuem enxergando um potencial de crescimento limitado para WEGE3 devido à desaceleração do crescimento dos lucros a curto prazo, eles saúdam as tentativas da companhia de melhorar a situação com tais medidas.
“Temos a expectativa de que os lucros acelerem novamente assim que os investimentos atuais aumentarem (provavelmente a partir de 2027) e novas vias de crescimento ganharem força”, reforçam Lucas Laghi, Fernanda Urbano e Guilherme Nippes
Tarifaço de Trump será sentido ao fim do ano
A administração da WEG lembrou que as expectativas para as margens em 2025 variavam entre 21,8% e 22,4%. Os analistas do BTG Pactual lembram que a WEG já tinha projetos solares em carteira, com melhorias previstas para o segundo semestre do ano, servindo como ventos contrários às margens – de 21,9% no primeiro semestre.
“No entanto, foi sinalizado que obstáculos tarifários não previstos podem causar alguns efeitos temporários até que todas as medidas sejam implementadas”, dizem Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Samuel Alkmim, que assinam o relatório do BTG.
O diretor administrativo financeiro da Weg, André Rodrigues, afirmou que os impactos do tarifaço dos EUA sobre produtos importados do Brasil serão sentidos, principalmente, nos números da fabricante do quarto trimestre deste ano (4T25).
Para reduzir essas perdas, os executivos da companhia informaram que a empresa está realocando produções entre Brasil e México. Além disso, o Brasil está se preparando cada vez mais para exportar para outros países, disse. O presidente executivo da Weg, Alberto Yoshikazu Kuba, pontuou, no entanto, que uma margem ajustada para baixo não significa, necessariamente, lucro líquido menor.
Em relação aos transformadores, a multinacional indicou que as adições de capacidade começarão no segundo semestre de 2026 nas plantas de Balteau e Betim, já que a maioria das fábricas incluídas no plano de expansão deverá estar totalmente operacional apenas no segundo semestre de 2027.
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Para a equipe do BTG Pactual, essa fala indica que a empresa deve atingir o fundo do poço no último trimestre de 2025 e depois disso, a companhia deve se recuperar aos poucos, com o fim do processo em 2027, quando as fábricas ficarem prontas.
O que fazer com as ações da WEG?
Os analistas, no entanto, discordam sobre o que o investidor deve fazer agora. A XP Investimentos tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 44 para o fim de 2026, alta de 23% na comparação com o fechamento de segunda-feira (6), quando a ação encerrou o pregão a R$ 35,68.
“Em suma, embora continuemos a ver um potencial de crescimento limitado para a WEGE3 devido à desaceleração do crescimento dos lucros a curto prazo, acolhemos com satisfação a visibilidade mais clara da empresa sobre os impulsionadores estruturais do crescimento no futuro, com a expectativa de que os lucros acelerem novamente assim que os investimentos atuais aumentarem”, concluem Laghi, Urbano e Nippes.
Já o BTG Pactual recomenda compra para a ação WEGE3 com preço-alvo de R$ 54,00, alta de 51% na comparação com o fechamento de ontem.
O Itaú BBA tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 46,00, alta de 28% na comparação com o último fechamento. “Apesar do cenário ruim, gostamos muito do papel para o longo prazo e as questões que vemos agora avaliamos ser muito mais conjunturais do que estruturais”, explicam Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Pedro Tineo, que assinam o relatório do BBA.
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De modo geral, os analistas das três casas se dizem otimistas com as ações da WEG (WEGE3), no entanto, esse otimismo se concentra no longo prazo. Para o curto e médio prazo, o investidor deve encontrar muita volatilidade e um desempenho tímido no crescimento dos lucros, que só devem ser impulsionados a partir de 2027.