Falta de conhecimento dos estrangeiros ainda é uma barreira para “vender o Brasil”, afirmam especialistas
Evento da Anbima destaca que, mesmo com avanços regulatórios e oportunidades, o desconhecimento sobre o mercado ainda limita o apetite do investidor internacional pelo País
Especialistas apontam que o desconhecimento sobre o mercado brasileiro e a imagem de alto risco ainda dificultam a entrada de capital estrangeiro, mesmo com avanços regulatórios. (Imagem: Adobe Stock)
A falta de conhecimento dos investidores estrangeiros sobre o Brasil é o principal obstáculo para atrair capital para o País, conforme avaliação de especialistas que participam de painel no evento Anbima Global Insights, que acontece hoje (8), em São Paulo. Casas com presença internacional têm se movimentado em prol desse esforço educacional, destacando avanços regulatórios e oportunidades no mercado brasileiro.
“Enxergamos o mercado internacional como uma via de duas mãos, trazendo para os investidores locais alternativas de diversificação em dólar, com a eterna discussão de quando isso vai acontecer de fato, de forma intensa, dado o juro a 15% e muito concentração em renda fixa. E outro pilar é ‘vender Brasil‘, e temos tido diversas ações, tentando vender nossa expertise para o estrangeiro. Não é fácil, pela volatilidade da moeda e pela falta de conhecimento. É uma combinação de fatores que não é trivial”, afirma Ricardo Eleutério, diretor de operações (COO, na sigla em inglês) da Bradesco Asset Management.
Segundo Eleutério, o principal pilar da estratégia não é falar de cenário, mas sim vender as oportunidades do mercado brasileiro. “Falar só de Brasil, vender o ‘single country‘, não é fácil pela perspectiva de concentração em um único país”, diz o executivo. Ele menciona que falar sobre o tamanho do juro real brasileiro, por exemplo, não é motivo suficiente para “emplacar” a alocação do estrangeiro.
Por outro lado, Eleutério destaca que em termos de questões regulatórias, o mercado brasileiro está mais à frente do que o investidor estrangeiro observa. “É um desafio explicar para os americanos a robustez do nosso mercado. O Brasil é visto como um país de alto risco, sem ter controles regulatórios ou em desenvolvimento. Então nosso trabalho é explicar esses processos, controles e robustez que nos permite receber investimentos do mercado americano”, afirma Vinicius Rodrigues, diretor-executivo da BTG Pactual US Capital LLC.
David Rincón, responsável pelo Desenvolvimento de Negócios na América do Sul na Creand Wealth & Securities, trouxe o ponto de vista do estrangeiro, avaliando que o Brasil tem potencial para ganhar espaço se as instituições seguirem disseminando esse conhecimento. “O sentimento que o estrangeiro tem de Brasil é misto. Eles sabem do potencial, das oportunidades, mas ainda tem a questão de ser um mercado emergente. Ainda há falta de conhecimento real sobre o mercado”, diz.