As ações da Guararapes acumulam alta superior a 45% em 2025, impulsionadas por avanços operacionais e resultados acima das expectativas; analistas de BTG, XP e Itaú BBA veem potencial adicional com a queda da Selic. (Imagem: Adobe Stock)
Avanços operacionais e administrativos e resultados acima das expectativas estão impulsionando as ações da Guararapes (GUAR3) desde o início do ano, resultando em uma alta de 44,43% em 2025. A controladora da Riachuelo está se esforçando para alcançar suas principais concorrentes, a C&A (CEAB3) e a Renner (LREN3), e parece estar no caminho certo, mesmo com melhorias ainda por serem alcançadas. A empresa chama a atenção, especialmente em um ambiente de iminente corte de juros.
Nas últimas semanas, a Guararapes teve recomendações elevadas por casas de análise, reajustes de preço-alvo e inclusão em carteiras de investimento. O BTG Pactual iniciou a cobertura da empresa com recomendação de compra e fixou o preço-alvo em R$ 13; a XP, que já cobria a companhia, elevou a recomendação para compra e aumentou o preço-alvo para R$ 14. O Itaú BBA, por sua vez, ajustou o preço-alvo para R$ 13 e incluiu o papel em sua carteira Radar de Preferências.
O analista de Investimentos da Daycoval Corretora, Gabriel Mollo, avalia que a empresa tem apresentado significativas melhorias em 2025, com avanço da receita líquida e um lucro líquido recorde no segundo trimestre, de R$ 143 milhões, o que representou um crescimento de 150% em comparação ao mesmo período do ano passado, superando as estimativas. “A ação é uma opção de maior risco entre as varejistas de vestuário, no entanto, devido ao seu P/VP (preço em relação ao valor patrimonial) mais baixo em relação aos concorrentes, apresenta maior potencial de crescimento”, afirma.
De acordo com os cálculos do Itaú BBA, o papel é negociado com um desconto de 13% em relação à C&A e de 23% comparado à Renner. Para Mollo, essa diferença deve diminuir se a empresa continuar no caminho das mudanças administrativas e operacionais que tem implementado.
Como pontos positivos, os analistas destacam a boa dinâmica de vendas e a significativa expansão da rentabilidade. A margem bruta atingiu 53,4% no segundo trimestre, um aumento anual de 2,1 pontos porcentuais, impulsionada por maior verticalização e eficiência fabril, menores níveis de desconto e um mix de preço considerado mais forte.
Houve ainda ganhos de produtividade na fábrica própria da companhia. A unidade de confecção já responde por cerca de metade do volume de moda, em comparação com 35% antes da atual gestão.
Outro destaque, conforme ressaltado pela XP em relatório intitulado “Vestida para o sucesso”, são as apostas da empresa na experiência do consumidor. Isso envolve o aprimoramento dos produtos com tecidos diferenciados e exclusivos, com maior apelo fashion, iniciativas de branding e ajustes nos layouts das lojas, que ainda estão em estágio inicial, mas podem ser um importante vetor de produtividade no futuro.
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A financeira da rede, a Midway, é vista como um motor adicional de crescimento e rentabilidade. Com uma carteira de crédito de R$ 5,6 bilhões, principalmente no Cartão Riachuelo, a plataforma é uma das maiores do varejo brasileiro, conforme apontou o BTG. A penetração dos cartões alcançou 32% das vendas no segundo trimestre de 2023, acima dos 29% verificados na Renner.
Um dos pontos a melhorar, por outro lado, é o controle de custos, para levar à melhoria das margens, que não estão no mesmo nível dos pares. No segundo trimestre, a margem líquida da empresa foi de 5,4%, enquanto a C&A registrou 9,7% e a Lojas Renner, 11,1%. Segundo o Itaú BBA, as vendas de R$ 8,3 mil por metro quadrado por ano no segmento de vestuário (excluindo o digital) também estão 59% abaixo da Lojas Renner e 28% aquém da C&A.
Adicionalmente, o modelo verticalizado ainda apresenta produtividade inferior à das concorrentes, o que oferece oportunidades para ganhos através da otimização do sortimento, disciplina de preços e avanço omnichannel.
A controladora da Riachuelo precisa ainda apresentar um ganho de eficiência para rivalizar com seus concorrentes, defende Mollo, o que deve ocorrer se a empresa mantiver o curso atual. Mesmo assim, como todas as varejistas, o papel também deve ficar no radar quando a Selic começar a cair. “A Guararapes (GUAR3) é um papel para quem deseja investir no varejo de roupas e está disposto a se expor a um risco maior.”