Operação Carbono Oculto investiga Reag Investimentos, na Faria Lima (Foto: Werther Santana/Estadão)
As ações da Reag Investimentos (REAG3) operam estáveis (0,0%) na Bolsa de Valores, a R$ 1,77, às 13h (de Brasília) desta nesta terça-feira (14). A expectativa era de que os papéis reagissem à revelação, por parte do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) – detalhes aqui –, de relação da empresa com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A Reag nega as alegações.
Segundo o MP-SP, a relação das gestoras de recursos Reag Investimentos e Altinvest com o PCC, revelada pela Operação Carbono Oculto, vai além da administração de fundos de investimentos ligados à organização criminosa.
Os promotores informaram à Justiça que a Reag, alguns de seus sócios e diretores, assim como acionistas da Altinvest, possuem envolvimento em negócios relacionados à facção, entre outras conexões.
O que dizem as empresas
Procurada, a Reag afirmou, em nota, que as alegações são “infundadas” e que não há qualquer relação de seus diretores com práticas irregulares.
A Altinvest, por sua vez, declarou repudiar “veementemente qualquer tentativa de associar a empresa ou seus profissionais ao crime organizado”, ressaltando que todas as participações societárias e atividades são devidamente registradas e realizadas dentro da legalidade. A empresa acrescentou que, desde o início, tem colaborado de “forma ampla e irrestrita” com as autoridades.
O que é a Operação Carbono Oculto
A Operação Carbono Oculto foi deflagrada por agentes da Polícia Federal (PF), da Polícia Militar e de órgãos parceiros na última semana. A investigação gira em torno de várias etapas da cadeia de combustíveiscontroladas pelo crime organizado, desde a importação, produção, distribuição e comercialização ao consumidor final até os elos finais de ocultação e blindagem do patrimônio, via fintechs e fundos de investimentos.
Segundo os órgão envolvidos na investigação, as transações financeiras realizadas por meio de instituições de pagamento, em vez de bancos tradicionais, dificultavam o rastreamento dos valores movimentados. Posteriormente, o lucro auferido e os recursos lavados do crime eram blindados em fundos de investimentos com diversas camadas de ocultação de forma a tentar impedir a identificação dos reais beneficiários.
Só a região da avenida Faria Lima, principal centro financeiro do País, concentra 42 dos alvos da Operação Carbono Oculto, que incluem empresas, gestoras, corretoras e fundos de investimentos avaliados em R$ 30 bilhões. A lista dos fundos investigados pode ser conferida nesta matéria.
Sobre a Reag Investimentos, de João Carlos Mansur
João Carlos Mansur fundou a Reag Investimentos em 2013 para ser uma gestora de recursos independente. Com expansão relevante nos últimos anos – o patrimônio líquido praticamente dobrou desde 2023 –, hoje é a maior gestora independente do País, atrás apenas das assets dos grandes bancos, com R$ 341,5 bilhões sob gestão, segundo ranking da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Nas estratégias de destaque estão os Fundos de Investimento em Participações (FIP), segmento em que é a segunda maior gestora do mercado; Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), em que tem o terceiro maior patrimônio sob gestão da indústria; e multimercados, em que detém o segundo maior share de mercado.
Não por coincidência, são FIPs e multimercados da gestora que estão no radar da operação Carbono Oculto – entenda os detalhes na reportagem completa sobre a Reag Investimentos (REAG3).